Olimpíadas

Opinião: Retrospecto e ataque preocupam, mas há otimismo para o Brasil em Paris 2024

Brasil enfrenta a Nigéria, mas ainda terá que passar por Espanha e Japão se quiser passar de fase para buscar o inédito ouro olímpico

Nesta quinta, 25 julho, às 14h (de Brasília), a Seleção Feminina de Futebol faz sua estreia e enfrenta a Nigéria no primeiro jogo do Grupo C dos Jogos de Paris. Acredito que para nós, brasileiros e brasileiras, existe um clima de otimismo, mas com os pés no chão.

O Brasil caiu em um grupo difícil. Sem desmerecer a Nigéria, elas são as adversárias mais “tranquilas”, mas é preciso ainda enfrentar a Espanha, atual campeã mundial, e o Japão, que também já foi campeã mundial e tem medalha olímpica.

Além disso, temos que contar com o pouco tempo de trabalho da comissão técnica. Arthur Elias assumiu a seleção apenas em setembro de 2023, depois de uma grande desilusão com o trabalho da técnica Pia Sundhage e a eliminação na fase de grupos da Copa do Mundo.

Foto: (IconSport) - Arthur Elias, técnico da Seleção Brasileira Feminina
Foto: (IconSport) – Arthur Elias divulga lista de convocadas pela da Seleção Brasileira Feminina para os Jogos Olímpicos de Paris 2024

Arthur tem um histórico excelente no comando do Corinthians, é verdade, mas quando falamos de Seleção as coisas mudam um pouco de patamar.

Os amistosos feitos sob o comando do técnico nos deram uma ideia do podemos esperar, mas essa é uma competição oficial, com necessidade de vitória para a classificação, então cada jogo é praticamente uma final. Então olhando pelo lado “otimista” da moeda, é que dá sim para confiar no trabalho do técnico, mesmo com pouco tempo.

Mas se viramos de lado, o Brasil não tem um bom histórico em mata-mata. Em Tóquio, a seleção caiu nas quartas para o Canadá, nos pênaltis, depois do jogo terminar em 0 a 0. Na Copa do Mundo do ano passado, também um jogo importante terminou em 0 a 0 e a seleção nem passou da fase de grupos diante da Jamaica.

Ataque do Brasil inspira preocupação

Durante a convocação para os Jogos de Paris, Arthur Elias até mencionou esse problema, e disse que essa era uma das razões pelas quais ele optou por levar sete atacantes para Paris, quando tinha apenas uma lista de 18 jogadoras, e que o treino de finalizações era um de seus objetivos na preparação dos Jogos.

Particularmente, acredito que dessas sete, faltou a Cristiane. Ela é a 2ª artilheira do campeonato nacional, maior artilheira da história dos Jogos Olímpicos, e nessas horas, a experiência conta.

Um tropeço contra a Nigéria já nos deixaria em uma péssima situação, tendo em vista as próximas adversárias – ainda mais em caso de não vermos um bom futebol. A vitória nesta quinta traz a confiança e o alívio de começar bem os Jogos, porque como bem se sabe, é uma competição curta e cada jogo é praticamente uma final.

Temos muitas jogadoras participando de sua primeira Olimpíada, seria fundamental vencer esse primeiro jogo.

Voltar de Paris com medalha olímpica no futebol feminino significaria, principalmente, a consagração da Marta. Não que ela tenha que provar algo, mas é injusto que ela não carregue esse título no peito. Já batemos na trave algumas vezes, outras nem perto dela chegamos, e essa sendo sua última olimpíada, aumenta ainda mais a importância.

Entretanto, uma eliminação precoce para o Brasil impactaria, diferente do futebol masculino, não no técnico, ou nas jogadoras, mas modalidade em si no país.

Apesar de sermos o “país do futebol”, falta olhar com mais cuidado para o futebol feminino. E isso não significa que não devemos apontar erros e dizer “valeu por tentarem, meninas”, ou coisa do tipo, em uma possível eliminação. Mas sim dar a devida importância para que a modalidade se desenvolva.

Estamos em um momento fundamental para o futebol feminino: o Brasil é país-sede da Copa de 2027, impulsionar o futebol com uma medalha olímpica faltando apenas 3 anos para a Copa, seria fundamental.

Foto de Gabriella Telles

Gabriella TellesRedatora de esportes

Gabriella Telles é jornalista formada pela UFRJ, faz pós-graduação em Gestão Estratégica de Marketing. Já trabalhou na TNT Sports na cobertura da Rio 2016, futebol internacional e eSports. Nascida e criada no subúrbio do Rio de Janeiro.
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