Olimpíadas

Provocações, ofensas e até desculpas: o conturbado pós-jogo de França x Argentina

Após polêmica recente com música racista, franceses eliminaram argentinos em jogo com clima tenso

O inevitável aconteceu em França x Argentina nesta sexta-feira (2). Após a vitória dos Bleus por 1 a 0, pelas quartas de final dos Jogos Olímpicos de Paris 2024, uma intensa confusão tomou conta do gramado do estádio Bordeaux-Atlantique.

Assim que o árbitro apitou o final do jogo, imediatamente uma enorme briga se formou na faixa central de campo, com muito empurra-empurra e trocas de xingamentos entre os jogadores das duas seleções.

O tumulto começou depois que o volante Enzo Millot comemorou a classificação francesa de maneira efusiva na frente do banco de reservas da Argentina. Irritados com a atitude, os hermanos partiram para cima do adversário. Estava formada a confusão, que seguiu até o túnel dos vestiários.

Em entrevista concedida após a partida, Nicolás Otamendi, capitão da seleção argentina, relatou o ocorrido e criticou a ação de Enzo Millot.

— Um deles (Millot) foi comemorar no nosso banco de reservas. Não entendi muito bem o que havia acontecido, mas depois percebi que estava lá. Uma coisa é comemorar em campo, com seu povo, o que você quiser. Mas eu não gosto disso — disse Otamendi.

Confusão generalizada entre franceses e argentinos
Confusão generalizada entre franceses e argentinos (Foto: Icon Sport)

As recentes polêmicas entre França e Argentina

Já era de se esperar as provocações e trocas de empurrões no França x Argentina. Afinal, não é de hoje que os ânimos estão exaltados entre os dois países no futebol.

Muitos franceses encaravam a partida desta sexta como uma espécie de “revanche” da última final de Copa do Mundo, vencida por Lionel Messi e companhia no Catar, em dezembro de 2022.

Mais do que o desejo de superar os rivais no campo de jogo, a seleção francesa tinha um combustível a mais para buscar a classificação diante da Argentina.

No final de julho, durante a comemoração do título da Copa América, jogadores da seleção albiceleste principal entoaram cânticos racistas contra os franceses. O vídeo, gravado pelo meio-campista Enzo Fernández, causou muita revolta nos atletas dos Bleus e na população do país como um todo.

A indignação é tanta que, torcedores franceses — maioria esmagadora em Bordeaux — vaiaram o hino argentino antes da bola rolar pelas quartas de final dos Jogos Olímpicos.

Mateta marcou o gol da classificação francesa
Mateta marcou o gol da classificação francesa (Foto: Icon Sport)

Jogadores franceses provocaram torcedores argentinos

Apesar de minoria no Bordeaux-Atlantique, a torcida argentina fez sua parte e apoiou a seleção albiceleste durante os 90 minutos. Mas não deu certo. Além da derrota, os adeptos hermanos tiveram que aguentar a provocação dos jogadores franceses.

Ainda enfurecidos com o racismo protagonizado pelos argentinos no mês passado, atletas dos Bleus fizeram questão de se dirigirem até o setor onde havia maior concentração de torcedores adversários.

Gerónimo Rulli, goleiro titular da seleção argentina nas Olimpíadas, reprovou a atitude e deu uma leve alfinetada nos franceses.

— Há jogadores que não sabem ganhar e acontece o que acontece. O fim é totalmente evitável. Como argentinos, quando ganhamos comemoramos com o nosso povo. Quando perdemos, parabenizamos nosso rival e vamos embora. Mas eles têm alguns jogadores que não sabem ganhar. Acho que eles tinham algo guardado há um tempo e hoje liberaram — afirmou Rulli.

Setor onde havia maior concentração de torcedores argentinos
Setor onde havia maior concentração de torcedores argentinos (Foto: Icon Sport)

Thierry Henry, por sua vez, tentou acalmar os ânimos durante a coletiva pós-jogo. O técnico da seleção francesa não só rechaçou a ideia de ‘vingança' por parte dos Bleus no mata-mata olímpico, bem como pediu desculpas pelos incidentes depois do apito final.

— Não encaramos esta partida como vingança porque a Copa do Mundo foi com outras seleções. Peço desculpas pelo transtorno final. Não foi o que eu queria e não consegui controlar. Na verdade, expulsaram um jogador nosso (Millot).

Foto de Guilherme Calvano

Guilherme CalvanoRedator

Jornalista pela UNESA, nascido e criado no Rio de Janeiro. Cobriu o Flamengo no Coluna do Fla e o Chelsea no Blues of Stamford. Na Trivela, é redator e escreve sobre futebol brasileiro e internacional.
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