Principal estádio do Mundial, MetLife tem problemas e organização decepcionantes
Aspectos logísticos, culturais e pouco tempo de aprendizado têm tornado a vida dos profissionais mais complicada

DIRETO DE NOVA YORK — Recebido pela Fifa para montagem de estrutura apenas cinco dias antes da largada do Mundial de Clubes, segundo a Trivela apurou com fontes ligadas aos clubes brasileiros, o MetLife Stadium, em Nova Jersey, tem muito a melhorar para a Copa do Mundo de seleções de 2026 — para a qual o evento com clubes, deste ano, vêm sendo um evento-teste.
Moderno e grandioso, palco das decisões tanto da competição de clubes quanto da de seleções, a arena tem questões arquitetônicas e logísticas que jogam contra a melhor experiência de torcedores e profissionais.
Palco das estreias de Palmeiras e Fluminense na Copa do Mundo de Clubes, local também do Palmeiras x Al Ahly e Fluminense x Ulsan neste sábado (21), o MetLife Stadium tem deixado um gosto meio-amargo nos frequentadores que aqui estão para o torneio.
Cheio de bloqueios de trânsito no entorno, que dificultam os acessos, e localizado em uma área pensada apenas para carros, o estádio sofre ainda com o agravante de contar com um “staff” claramente pouco treinado para o serviço de orientar torcedores e principalmente jornalistas.
Tanto voluntários da Fifa quanto funcionários contratados parecem perdidos em meio às orientações, permissões e principalmente proibições que precisam aplicar nos presentes.
Voltas e voltas desnecessárias
Mais de uma vez, a Trivela e os demais veículos que aqui estão para a cobertura tiveram de refazer rotas a pé sob chuva, depois de receber orientações desencontradas dos voluntários sobre por qual lugar deveriam entrar a fim de acessar as áreas dedicadas aos profissionais de mídia.
Até mesmo os clubes têm sofrido com a desorientação. Funcionários das equipes também tiveram de dar voltas no estádio por conta de desinformação. E, com os bloqueios e acessos negados, algumas dessas voltas significam 40 minutos ou mais de caminhada.

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Assistir ao jogo do Mundial de um aquário
Nas cabines de imprensa de onde os jornalistas assistem aos jogos, o problema é o isolamento acústico que remove muito do impacto da festa dos torcedores. É como ver o jogo de dentro de um aquário.
Cercada por vidros blindados de alta espessura, dispostos em molduras, as cabines do MetLife oferecem uma visão semelhante à de uma televisão gigante — mas com volume de áudio baixo e obstáculos bloqueando a visão em diversos lances.
Nesse sentido, sua arquitetura pensada para partidas de futebol americano — os donos são New York Jets e New York Giants, da NFL — também frustra a imprensa habituada a cobrir o futebol “global”.
No “soccer”, o barulho da torcida é termômetro para a compreensão da partida e muitas vezes sinal de atenção para volta de olhos ao campo, nos momentos em que jornalistas estão de cabeça baixa escrevendo seus textos.
Já no futebol americano, com o jogo parando a cada dois minutos em média, a necessidade de se pautar pelo barulho dos torcedores é muito menor. Por outro lado, escutar anúncios de locutores e árbitros é fundamental, o que explica o isolamento acústico em relação ao lado externo.
Síndrome dos pequenos poderes
Alguns voluntários da Fifa têm se mostrado também inflexíveis na solução de problemas simples.
Um jornalista brasileiro que deixou o local de entrevistas para usar o banheiro, antes da coletiva de Renato Gaúcho de Fluminense x Borussia Dortmund, foi impedido de retornar — muito embora seu equipamento estivesse montado no local e ele tivesse autorização da Fifa para participar da sessão.
Muito arraigada na cultura local, a “proibição” como modus operandi se faz presente constantemente. Durante o Trivela FC, live da Trivela, a reportagem teve de se deslocar duas vezes de onde estava instalada fazendo a transmissão, embora estivesse em locais isolados.
“Jeitinho brasileiro” à parte, o “American Way” bem poderia se adequar um pouco à cultura futebolística por uma experiência mais agradável.