Antes do Inter de Messi, futebol em Miami naufragou com Romário e Zinho
Miami teve ao menos três projetos ambiciosos que fracassaram antes da fundação de clube por David Beckham

Assim que pisar o gramado do Mercedes-Benz Stadium para enfrentar o PSG neste domingo (29), às 13h (horário de Brasília), pelas oitavas de final do Mundial de Clubes, o Inter Miami terá uma prova viva e real de que alcançou o sucesso.
O clube fundado e presidido por David Beckham é o único representante da Major League Soccer (MLS) que sobreviveu à fase de grupos da Copa do Mundo.
A classificação é um título simbólico sem taça para o ex-jogador inglês e sua legião de veteranos ex-Barcelona liderada por Lionel Messi. Explica-se.
Mesmo sem conseguir ser campeão, de fato, da MLS, Beckham conseguiu uma proeza: fazer o futebol dar certo na terra em que projetos com Ronaldo Fenômeno, Romário, Zinho e Adriano Imperador fracassaram.

Futebol em Miami acumula fracassos antes de Beckham
Muito antes de o inglês desembarcar na Flórida e atrair estrelas do quilate de Messi, Luis Suárez e Sergio Busquets, duas outras equipes fracassaram mesmo com o quilate de ídolos do futebol brasileiro em seu elenco — ou na sua diretoria.
No início dos anos 2000, o Miami FC chegou a contratar Romário e Zinho para o seu elenco para a disputa da USL, a terceira liga dos Estados Unidos. O projeto durou pouco.
Cinco anos mais tarde, sob o nome de Fort Lauderdale Strikers, o clube disputou a NASL, equivalente à segunda divisão. E também fracassou em pouco tempo.

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Por que o Inter Miami é diferente?
A ambição de David Beckham ao fundar o Inter Miami ajuda a explicar porque o seu projeto deu certo, e os demais fecharam as portas.
As outras duas equipes foram criadas para disputar ligas menores nos Estados Unidos. A presença de Romário até atraiu público. Mas tanto para o Miami FC quanto para o Strikers, a falta de patrocínios e do pagamento de direitos televisivos pesaram para os fracassos.
Beckham, por sua vez, adquiriu a franquia de um clube da MLS em 2014, após ativar uma cláusula prevista em seu contrato como atleta do LA Galaxy. Ou seja: um clube que disputaria a principal competição estadunidense desde a sua criação.
Foram quatro anos até que ele conseguisse atender às exigências da liga para tirar o Inter Miami do papel. Neste meio-tempo, o inglês tratou de construir um clube que traduzisse a pluralidade de Miami para atrair a enorme comunidade latina local. Por isso, o nome Club Internacional de Fútbol Miami, em espanhol.
Romário teve breve passagem por Miami
Romário teve uma breve passagem por Miami em 2006, já aos 40 anos. O Baixinho foi contratado pelo Miami FC como grande estrela de uma de tantas tentativas de popularizar o futebol nos Estados Unidos.
A expectativa era de que o “Efeito Romário” fosse semelhante ao de Pelé pelo Cosmos, nos anos 70. Não foi para tanto, bem longe disso.
Mas isso não quer dizer que o Baixinho não tenha deixado a sua marca em solo estadunidense. Em apenas seis meses, ele marcou 19 gols e encerrou como artilheiro da liga.
Zinho chegou para o mesmo projeto, mas sem tanto impacto. O tetracampeão jogou por duas temporadas, em 2006 e 2007, se aposentou por lá e chegou até a ser treinador da equipe.
Ronaldo Fenômeno fracassou em primeiro clube próprio
Ronaldo, por sua vez, se aventurou no futebol de Miami como homem dos bastidores. Muito antes de suas empreitadas no Valladolid e na SAF do Cruzeiro, o Fenômeo virou um dos donos do Fort Lauderdale Strikers, junto com outros empresários brasileiros.
O ano era 2014. Com a influência de R9, alguns jogadores foram contratados, e até mesmo o Corinthians foi convidado para disputar um amistoso. Só faltou dar continuidade ao projeto.
Sem recursos financeiros, o clube teve dificuldades para se manter. Atrasou salários e acabou fechando as portas.

E Adriano Imperador?
Adriano também teve uma passagem breve (brevíssima, diga-se) pela Flórida. Em 2016, o Imperador interrompeu a aposentadoria por apenas três meses para defender o Miami United, equipe da NPSL, equivalente à quarta divisão nos Estados Unidos.
O atacante atuou em apenas duas partidas e chegou a marcar um gol. Mas logo desistiu da empreitada e decidiu pendurar novamente as chuteiras.
O Miami United, inclusive, tinha esperanças de firmar parceria com David Beckham antes da criação do Inter Miami. Inicialmente, o inglês registrou o seu clube com o nome de “Miami United”, numa óbvia homenagem ao Manchester United. Mas os planos mudaram no meio do caminho.