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Pumas rescinde com Daniel Alves: “Não toleramos que um integrante atente contra os valores da instituição”

Pumas UNAM oficializou a rescisão "por causa justificada", com base nas informações do processo legal que o jogador enfrenta na Espanha

A prisão preventiva de Daniel Alves na Espanha, acusado de agressão sexual, gerou consequências imediatas à carreira do veterano – mesmo que ele alegue sua inocência. Nesta sexta-feira, o Pumas UNAM anunciou a rescisão do contrato do lateral. O presidente do clube, Leopoldo Silva, convocou uma coletiva de imprensa em que oficializou a decisão. A equipe mexicana justificou o rompimento por justa causa, ao não admitir que a conduta de um indivíduo “atente contra os valores da agremiação”. O dirigente disse se basear em informações sobre o processo. O clube pertence à Universidade Nacional Autônoma do México, uma das maiores universidades públicas da América Latina.

“Com as informações sobre o processo legal que enfrenta o jogador Daniel Alves e pelo qual ele se encontra detido na Espanha, o Club Universidad Nacional tomou a decisão de rescindir por causa justificada o contrato de trabalho de Dani Alves a partir deste dia. Com essa decisão, o clube reitera seu compromisso de não tolerar atos de nenhum integrante de nossa instituição, seja quem seja, que atente contra o espírito universitário e seus valores”, afirma o comunicado lido pelo presidente.

“O Club Universidad Nacional é uma instituição que promove respeito, comportamento integro, digno e profissional, dentro e fora do campo, de seus jogadores e jogadoras, pois são um modelo a seguir na sociedade do México e em qualquer lugar do mundo. Não podemos permitir que a conduta de uma pessoa prejudique nossa filosofia de trabalho, que foi exemplo ao longo da história, na formação e desenvolvimento de jovens esportistas em nosso país”, complementa.

Daniel Alves tinha contrato com o Pumas até junho de 2023. O veterano, utilizado com mais frequência no meio-campo, disputou apenas 13 partidas com a equipe mexicana. Teve cinco assistências, mas não causou grande impacto no desempenho esportivo do time. Na única campanha completa com o brasileiro, os felinos ficaram no 16° lugar do Torneio Apertura e sequer se classificaram aos mata-matas da Liga MX.

Nesta semana, Daniel Alves havia comunicado ao clube uma viagem à Espanha por motivos familiares, após a morte de sua sogra. No entanto, diante da solicitação da justiça local para que prestasse depoimento sobre a acusação de agressão sexual, o brasileiro também se apresentou voluntariamente à polícia. O futebolista foi levado para a delegacia e, depois, para o tribunal local, onde deu sua versão sobre os fatos. No entanto, diante da inconsistência de seu relato, comparado com as provas obtidas pela investigação, a promotoria pediu a prisão preventiva sem direito a fiança – solicitação esta acatada pela juíza responsável.

O caso do qual Daniel Alves é acusado aconteceu em 30 de dezembro, numa discoteca em Barcelona. Uma mulher de 23 anos afirma que o jogador a violentou. Há diferentes versões sobre o ocorrido publicadas na imprensa espanhola. Os primeiros relatos diziam que, dentro de um banheiro da boate, o futebolista violou a moça ao colocar a mão em suas partes íntimas. No entanto, mais recentemente, veículos como El Periódico e El País trazem outros detalhes da denúncia. Segundo ambos os jornais, Daniel Alves teria estuprado a vítima dentro do banheiro, com agressões físicas, penetração e ejaculação. A mulher passou por exames médicos logo depois, inclusive com a coleta de material biológico. Foi com essa base de evidências que a justiça decidiu pela prisão preventiva, sem concordância com o depoimento do futebolista.

Durante as primeiras informações sobre a detenção de Daniel Alves, o Pumas comunicou que sancionaria o jogador com base no contrato. Ao jornal El País, fontes ligadas ao clube afirmavam que o jogador não tinha avisado de antemão sobre o depoimento que prestaria em Barcelona. Horas depois, então, veio a decisão de rescindir o contrato. Daniel Alves aguardará na prisão o julgamento do caso, previsto para os próximos dias.

Foto de Leandro Stein

Leandro Stein

É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Escreveu na Trivela de abril de 2010 a novembro de 2023.
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