A crescente da Inter no fim da temporada rendeu um novo contrato a Simone Inzaghi
Simone Inzaghi conseguiu grandes resultados na reta final de uma temporada em que sofria com a desconfiança e começa bem a nova campanha na Serie A

Simone Inzaghi nem sempre desfrutou de plena confiança na Internazionale. Pelo contrário, em alguns momentos da temporada passada o treinador parecia na corda bamba. No entanto, o que poderia ser um segundo ano difícil em Milão se provou ótimo na reta final: os nerazzurri se firmaram dentro do G-4 da Serie A e, mais importante, fizeram uma campanha histórica na Champions League. A Orelhuda pode ter escapado, mas voltar uma final, de quebra eliminando o Milan, garantiu enorme moral ao treinador. E a prova do respaldo conseguido por Inzaghi veio nesta terça-feira, com a renovação de seu contrato. O vínculo do comandante foi ampliado até junho de 2025, quando antes terminava em junho de 2024.
A renovação de Inzaghi garante um salário maior ao treinador, bem como evita uma mudança de direção mais brusca no curto prazo. Mais importante é a maneira como o clube demonstra apoio e, agora sim, confiança no que vem sendo feito pelo comandante. O início da temporada mantém o ótimo ritmo dos meses anteriores, com os interistas se colocando como virtuais candidatos ao Scudetto. O impacto de Inzaghi no geral é positivo, em tempos que se apontavam bem mais difíceis ao clube, sobretudo após a saída de Antonio Conte e de alguns protagonistas do título em 2020/21.
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— Inter (@Inter_en) September 5, 2023
Um trabalho melhor que a encomenda
Simone Inzaghi vinha de um trabalho excelente à frente da Lazio e assumia a Inter que acabara de conquistar o Scudetto. Todavia, o clube enfrentava dificuldades financeiras e as limitações no mercado de transferências culminaram na saída de Antonio Conte. Não seria tão simples dar uma nova direção, depois de um período tão marcante sob as ordens de seu antecessor. As vendas de Romelu Lukaku e Achraf Hakimi também pioravam as perspectivas, até porque os investimentos em reforços foram baixos naquela temporada. De certa maneira, Inzaghi precisaria nadar contra a maré.
Os resultados em 2021/22 foram muito bons, mesmo com o Scudetto parando nas mãos do rival Milan. A Inter contornou as perdas e conseguiu competir até a reta final com os rossoneri, apenas dois pontos abaixo dos campeões. A equipe teve sequências boas no fim dos turnos, mas não uma consistência suficiente para retomar a taça. Não dava para reclamar do técnico, quando o elenco enfraqueceu. O time ganhou até um futebol mais vistoso, embora falhasse mais do que deveria nas duas área, o que custou pontos cruciais nos confrontos diretos. Além disso, Inzaghi cumpriu outros objetivos. O treinador foi campeão da Copa da Itália, com a vitória sobre a Juventus na final, depois de ter derrotado os bianconeri na Supercopa. Também passou de fase na Champions, apesar da queda imediata diante do Liverpool nas oitavas de final.
A temporada passada é que levantou mais questionamentos sobre Simone Inzaghi. O treinador ganhou mais recursos no mercado de transferências e tinha a continuidade a seu favor. Porém, a Inter demorou mais para engrenar, por vezes exagerando nas falhas defensivas e na falta de capacidade de definir os resultados. As recorrentes derrotas no início da Serie A tiveram seu preço e o time não competiu com o Napoli, precisando se contentar com a briga pelo G-4. Dependeu de um sprint na reta final. Todavia, Inzaghi compensou de outras maneiras. A fase de grupos da Champions já era promissora, com a classificação para cima do Barcelona, e os mata-matas aumentaram a empolgação. A caminhada até a final foi digna da tradição interista. De quebra, deu para faturar mais uma Copa da Itália e mais uma Supercopa – esta, com uma vitória inapelável sobre o Milan.
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As perspectivas atuais
O maior desafio de Simone Inzaghi nesta nova temporada será lidar com o mercado movimentado da Inter. O clube perdeu muitos jogadores importantes e trouxe reforços de baciada. Dá para ver o copo meio cheio, pela forma como vários dos medalhões que saíram não viviam mais suas melhores fases ou enfrentavam problemas físicos. O elenco se tornou mais profundo e a base titular se mantém, com nove jogadores que estavam desde antes no San Siro. Entretanto, há menos tarimba à disposição e o investimento não foi tão alto pela quantidade de reforços. Alguns dos novatos são jogadores de segunda linha que deixam desconfiança.
Por enquanto, a Inter corresponde em campo. São três vitórias nas primeiras três rodadas da Serie A. Lautaro Martínez vem sendo fabuloso, não apenas pelos gols, mas também pela liderança que demonstra como novo capitão. Yann Sommer e Marcus Thuram começam a agradar como titulares, enquanto o time tende a ganhar ainda mais com adições como Benjamin Pavard e Davide Frattesi. Isso sem contar outros tantos bons jogadores que permanecem à disposição e indicam uma crescente em suas carreiras – em especial o zagueiro Alessandro Bastoni, o meio-campista Nicolò Barella e o ala Federico Dimarco. Por aquilo que se nota hoje, os interistas não deixam a desejar em relação à concorrência.
Será tarefa de Inzaghi manejar esses recursos e tirar o melhor de uma equipe que pode surfar na onda vivida desde o final da temporada passada. O treinador pode não ser o mais inventivo, mas merece respeito por aquilo que realiza em Milão, com um aproveitamento dos pontos que se aproxima dos 70%. Terá mais motivação para realizar seu trabalho, graças a um novo contrato que reitera seu compromisso. Precisará corresponder agora com um desempenho mais regular dentro da Serie A e uma equipe que mantenha melhor seu foco na longa campanha dos pontos corridos. É o que falta para ver em definitivo a Beneamata como concorrente ao Scudetto, e não apenas um bom time limitado a sequências avassaladoras e ao sucesso nos mata-matas.