Serie A

Presidente do Torino dispara: ‘Governo da Itália quer destruir o futebol’

Dirigentes de vários clubes discutem rumos do futebol italiano após suspensão do "Decreto Criscita"

“Parece que o governo da Itália quer destruir o futebol”, a dura fala foi proferida pelo presidente do Torino, Urbano Cairo, durante reunião ocorrida na Federação de Futebol (FIGC) nesta quarta-feira, na qual diversos dirigentes de clubes, mais o presidente Gabriele Gravina, discutiu sobre os novos rumos do futebol italiano após a queda do “Decreto Crescita”, incentivo fiscal dado pelo governo da Itália para a contratação de trabalhadores estrangeiros no país.

Esta foi uma importante ferramenta jurídica aos clubes italianos, que possibilitou um potencial maior de investimento aos clubes e trouxe consequentemente resultados importantes, como a chegada da Internazionale à final da Champions League e o título da Roma na Conference League da temporada 2021/2022. Com o fim do Decreto Criscita, os clubes italianos temem não conseguir mais o mesmo poder para contratar novos jogadores, nem mesmo os atletas se sentirão motivados a jogar na Itália.

“O Estado não dá a menor ajuda, vocês viram o que aconteceu com o decreto de crescimento que também foi uma vantagem para o país. Ao retirá-lo, o futebol foi penalizado sem beneficiar ninguém. Depois há a questão das apostas que valem 16 mil milhões de euros e das quais não tiramos um cêntimo. Por fim, os estádios: há equipas que querem construí-los mas não conseguem”, disse Urbano Cairo após a reunião.

Clubes da Itália querem incentivos do governo para se manter competitivos

Urbano Cairo afirmou também que os clubes da Itália precisam de uma ajuda do governo para conseguir amenizar seus problemas financeiros e fazer com que os negócios no país sejam sustentáveis. O custo para montar e manter um time competitivo no cenário são altos e caso não haja um auxílio por parte do governo, que tem arrecadado com o mercado de apostas esportivas, os clubes terão muitas dificuldades para conseguir bater de frente com outros centros d Europa.

 “Conversamos sobre questões que dizem respeito ao futebol italiano e à Serie A. O futebol tem agora grandes problemas económicos e dificuldades muito notáveis. E isso obviamente precisa de ser melhorado, os custos aumentam e todos beneficiam jogadores e treinadores, enquanto as receitas diminuem. Dessa forma você perde muito dinheiro e o negócio não é mais sustentável”, afirmou o dirigente.

O mandatário de um dos clubes mais tradicionais da Itália disse que um possível caminho para amenizar a queda do “Decreto Crescita” é possibilitar um crédito fiscal aos clubes federados à FIGC, assim como é feito no mercado cinematográfico. Urbano Cairo ainda afirmou ser necessário que os clubes italianos se unam para montar um planejamento para reestruturar o esporte bretão no País da Bota, com todos os componentes da sociedade unidos em pró de fazer o futebol italiano ser forte novamente.

Sem disputar as últimas duas Copas do Mundo, o fraco desempenho dos times da Itália nos últimos anos tem reverberado na seleção principal, que é tetracampeã do mundo e nem de longe lembra os seus tempos áureos. Desde o último título mundial conquistado pela Azzurra, a seleção italiana foi eliminada nas copas de 2010 na África do Sul e de 2014 no Brasil, ficando de fora de forma melancólica em 2018 e em 2022, quando perdeu de forma inacreditável para a Macedônia do Norte em casa.

Além de ser o principal esporte do país, o futebol na Itália é uma das atividades econômicas importantes do país, movimentando quase um bilhão e meio de euros por ano, empregando pessoas e movimentando a economia do país por meio do mercado de apostas. Neste contexto, Urbano Cairo questionou qual o motivo para o governo não ajudar a manter o cenário do futebol no país forte.

O Estado também deve ajudar o futebol, dado que o futebol emprega centenas de milhares de pessoas e contribui para o tesouro de 1,3 mil milhões de euros por ano, além de toda a frente de apostas. Por que querem destruir o futebol, que é uma indústria importante que dá trabalho a tantas pessoas? Qual é a razão?”, argumentou Cairo.

 

Foto de Lucas de Souza

Lucas de SouzaRedator

Lucas de Souza é jornalista formado pela Universidade São Judas em São Paulo. Possui especialização em Marketing Digital pela Digital House, e passagens pelos sites Futebol na Veia e Futebol Interior.
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