Por que clubes italianos se veem ameaçados com mudança em medida do governo local
Decreto Crescita é derrubado pelas autoridades da Itália, o que pode aumentar os impostos sobre os salários de atletas estrangeiros
O incentivo fiscal dado pelo governo da Itália a contratação de trabalhadores estrangeiros no país foi encerrado imediatamente nesta sexta-feira (29), gerando preocupação em toda a comunidade tendo em vista os impactos desta decisão. Conhecido como “Decreto Crescita”, ou Decreto de Crescimento em português, a determinação da alta cúpula da administração italiana se tornou uma importante ferramenta de impulso a chegada de jogadores de outros países aos clubes da Serie A.
O governo da Itália estudava derrubar o Decreto Criscita em 31 de dezembro, entretanto, existia a possibilidade de prorrogar a medida até o dia 29 de fevereiro de 2024. Porém, o Conselho de Ministros rejeitou o prolongamento do incentivo fiscal, o que causou a revolta, sentimento de incerteza e indignação por parte dos dirigentes dos principais clubes da elite do futebol italiano. Giorgio Furlani, presidente do Milan, considerou que o fim do benefício fiscal no país pode definitivamente destruir a competitividade desportiva na Terra da Bota.
Segundo o dirigente Rossonero, foi por meio do Decreto Criscita que a Itália voltou a conquistar resultados mais expressivos na Europa, fazendo clara referência ao título da Roma na Conference League de 2021/2022 e as chegadas às semifinais do Milan na Champions League da temporada passada e ao vice-campeonato da Internazionale.
“Desde a introdução do decreto, conseguimos grandes resultados na Europa para o futebol italiano”, disse Giorgio.
Os clubes da Itália mantiveram o nível de competitividade nesta temporada e tem três clubes representando o país nas oitavas de final da Champions League, sendo a Lazio, o Napoli e a Inter de Milão. Na Liga Europa, Milan e Roma seguem vivos e vão disputar os play-offs das oitavas de final, que já conta com a presença da Atalanta. Na Conference League, a Fiorentina tenta repetir o feito de 2022/2023, quando foi vice-campeã da competição.
Decreto Crescita elevou o nível do futebol na Itália
Por meio deste decreto, jogadores de maior nível no cenário internacional se sentiram mais motivados a jogar no país e os clubes mais fortes dentro do mercado, disputando com outros grandes centros da Europa, o que possibilitou a chegada de vários atletas de qualidade, casos de Osimhen e Kvaratskhelia, que foram para o Napoli e se tornaram fundamentais na conquista do Scudetto na última temporada, Romelu Lukaku, principal atacante da Roma, Marcus Thuram, que foi para a Internazionale e o norte-americano Christian Pulisic, ex-Borussia Dortmund e hoje brilha no Milan.
Com o fim do decreto, os atletas não vão se interessar mais em jogar na Itália e os clubes terão bem menos poder na hora de competir por jogadores de nível mais elevado, impactando a atuação dos times do país na janela de transferências de inverno, que abre em janeiro e em junho, ao final da temporada, quando o mercado costuma ser mais aquecido.
Para Claudio Lotito, presidente da Lazio, o fim do Decreto Crescita é uma péssima medida. O dirigente deu uma entrevista ao site Notizie.com afirmando que o próprio Estado deve perder com isso, já que o fim da medida deve gerar menos receita entrando no país. Ainda segundo o mandatário, Roma, Milan e Juventus correm sérios riscos de perderem espaço no cenário com a derrubada do decreto.
“É uma ideia estúpida. Eu quero ver quem vai querer vir para a Itália agora. O Estado também vai perder, porque vai ter menos receita entrando. A Lazio não tem nenhum problema com os contratos atuais, mas Milan, Juventus e Roma correm o risco de serem destruídos por essa situação”, afirmou Lotito.
O que diz o outro lado?
Em contrapartida, a Associação Italiana de Jogadores aprovou o fim do Decreto Crescita. Por meio do presidente da entidade, Umberto Calcagno, a associação afirmou que tal dispositivo jurídico penalizava o movimento futebolístico italiano e que finalmente os jogadores italianos e estrangeiros estariam competindo em condições iguais por vagas nos clubes.
“Tomamos conhecimento com grande satisfação da notícia da revogação da regra sobre os estrangeiros constante do Decreto Crescita, dispositivo que penalizava todo o movimento futebolístico nacional. Finalmente, a partir de 1 de janeiro de 2024, os jogadores de futebol italianos e estrangeiros poderão competir no mesmo nível”, disse Umberto Calcagno.