O Napoli confia no potencial de Natan, que terá uma baita vitrine em sua chegada à Europa
Natan surgiu no Flamengo e não foi muito aproveitado, mas conseguiu se transferir ao Napoli pelo destaque no Red Bull Bragantino

O Napoli aumenta a presença brasileira em seu elenco para a temporada que se inicia. Nesta segunda-feira, os celestes anunciaram a contratação de Natan. O zagueiro formado pelo Flamengo passou os últimos dois anos no Red Bull Bragantino e atraiu o interesse dos celestes, que pagam €10 milhões pela transferência. A princípio, o defensor de 22 anos chega como uma alternativa dentro do elenco, em meio aos desafios que o time de Rudi García terá após a conquista do Scudetto. De qualquer maneira, não deixa de ser representativo que os napolitanos acreditem no potencial de Natan, especialmente após perderem Kim Min-jae.
O dinheiro pago ao Napoli por Natan não beneficia apenas o Red Bull Bragantino. O Flamengo é outro clube que ganha com a transferência, não só por seu papel como clube formador. Os rubro-negros mantinham 12% dos direitos sobre o jovem – o que rende R$6,5 milhões aos cofres do clube. A sensação é de que Natan teve menos espaço do que poderia no Fla, diante de sua ascensão durante o Campeonato Brasileiro de 2020. Seu potencial agora será testado na Serie A, bem como na disputa da Champions League. As expectativas sobre os napolitanos são naturais, mesmo com as transições internas.
O técnico Rudi García, inclusive, elogiou Natan às vésperas do anúncio do zagueiro. O comandante ressaltou a formação do brasileiro e as possibilidades de elevar a pressão na marcação: “Vocês conhecem os times da Red Bull, já venci Leipzig e Salzburg. Conheço bem esse futebol. Ele pressiona muito, não tem medo de jogar avançado e deixar meio campo aberto às costas. É potente, mas vamos lhe dar tempo”.
Bem-vindo, Natan! ?
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— Official SSC Napoli (@sscnapoli) August 7, 2023
A trajetória de Natan
Nascido em Itapecerica da Serra, Natan cresceu no Espírito Santo e passou pela base do Rio Branco. Depois disso, o defensor atuou pela Ponte Preta e foi dispensado pelo clube, chegando a enfrentar um quadro de depressão na adolescência. A mudança em sua trajetória aconteceu quando tinha 16 anos e acabou aprovado para defender o Flamengo. Seria importante nas categorias de base, transformado de lateral esquerdo em zagueiro. O beque se projetou como capitão dos rubro-negros, com destaque especial pelos títulos conquistados com o sub-20 em 2019.
A transição de Natan para a equipe principal do Flamengo aconteceu em 2020. Estreou pelo profissional durante o Campeonato Brasileiro, em meio ao surto de covid-19 que afetou o elenco. O jovem correspondeu, a ponto de ganhar uma renovação contratual e também de participar de bons resultados na campanha que rendeu o título do Fla. Entretanto, saiu emprestado para o Red Bull Bragantino em 2021. Existia uma cláusula de compra dos Touros Vermelhos, caso o garoto disputasse um número mínimo de partidas.
Nestes dois anos com o Red Bull Bragantino, Natan fez um bom trabalho com a equipe. Não demorou a ganhar espaço como titular e a ser comprado em definitivo pelo Massa Bruta. Chegou a enfrentar problemas cardíacos, o que atravancou um pouco sua sequência, mas recuperou o espaço depois disso. Foram 66 partidas pelo clube na Série A. Também fez parte da boa campanha do time na Copa Sul-Americana de 2021 e dava sua contribuição na atual jornada continental.
Como está o mercado do Napoli
Por enquanto, o mercado de transferências do Napoli é pouco movimentado. Os dois reforços mais caros foram jogadores que estavam no clube e acabaram comprados em definitivo: Giacomo Raspadori (Sassuolo) e Giovanni Simeone (Verona). De resto, vieram apostas mais jovens. Além de Natan, outro contratado dos celestes foi o goleiro Elia Caprile, que disputou a Serie B com o Bari e teve bom desempenho. É uma aposta promissora, aos 21 anos. Todavia, como ambos os clubes são de propriedade da família De Laurentiis, o caminho estava aberto. Na próxima temporada, o arqueiro ficará emprestado ao Empoli.
Por enquanto o trunfo principal do Napoli no mercado é preservar o elenco campeão da Serie A. O único jogador importante que deixou a equipe titular foi Kim Min-jae, vendido ao Bayern de Munique pelo custo de sua multa rescisória. Andrea Petagna teve seus momentos em Nápoles no passado, mas já estava emprestado ao Monza e não fará falta com sua venda em definitivo. Além disso, Tanguy Ndombélé fazia parte da rotação no meio e não teve o contrato renovado. Mais sentidas são as saídas do técnico Luciano Spalletti, rumo a um ano sabático, e do diretor Cristiano Giuntoli, que migrou à Juventus.
É possível que o Napoli busque novos zagueiros para a próxima temporada. Por enquanto, o conjunto no setor parece bastante enfraquecido, sobretudo pela importância de Kim Min-jae. Amir Rrahmani continua no clube e é a opção principal, mas não se mostra como um zagueiro excepcional. Leo Ostigard e Juan Jesus também compõem o grupo, sem serem tão confiáveis. Até por isso, se não vierem novas contratações, Natan pode ganhar minutos logo de cara com Rudi García.
Os brasileiros do Napoli
Quando entrar em campo, Natan se tornará o 26° brasileiro a atuar pelo Napoli na Serie A. A história dos jogadores do país nos partenopei começa na década de 1930, quando os primeiros oriundi (os descendentes de italianos) foram incorporados, mas sem grande impacto. O primeiro ídolo brasileiro do Napoli é o centroavante Luís Vinício, autor de gols frequentes na década de 1950, após chegar do Botafogo. Também se tornou um treinador importante dos napolitanos nos anos 1970. Emanuele Del Vecchio foi outro goleador à disposição nos anos 1950. Já o brasileiro mais frequente pelo clube na Serie A é o atacante Cané, vindo do Olaria, que disputou 250 partidas de 1962 a 1975. Foi dirigido inclusive por Luís Vinício, assim como ocorreu com Sergio Clerici entre 1973 e 1975.
Com a reabertura da Serie A aos jogadores estrangeiros na década de 1980, Dirceu reabriu as portas aos brasileiros numa curta passagem pelo Napoli. Nada comparado à idolatria de Careca e Alemão no final da década, especialmente pelo protagonismo de ambos no Scudetto de 1989/90. Durante os anos 1990, um Napoli que perdia forças ainda teve uma peça importante no zagueiro André Cruz. Outros como Beto, Caio Ribeiro, Matuzalém e Edmundo tiveram passagens mais efêmeras. Vale destacar também o ponta Piá, que disputou a Serie C e a Serie B após a falência dos celestes, mesmo sendo menos badalado.
Já na última década, a quantidade de brasileiros no Napoli foi razoavelmente grande. Nenhum deles com a importância de Allan, especialmente por seu auge nos tempos de Maurizio Sarri. O volante disputou 212 partidas, só abaixo de Cané e Careca na equipe. Também passaram pelo San Paolo figuras como Rafael Cabral, Henrique e Cribari. No elenco atual, além de Natan, Juan Jesus está no clube desde 2021 e foi reserva na conquista do Scudetto.
Os brasileiros com mais de 100 jogos pelo Napoli
- Allan, meio-campista: 212 jogos (2015-2020)
- Piá, atacante: 102 jogos (2004-2009)
- Alemão, meio-campista: 133 jogos (1988-1992)
- Careca, atacante: 221 jogos (1987-93)
- Cané, atacante: 250 jogos (1962-1975)
- Luís Vinício, atacante: 154 jogos (1955-1960)