Serie A

Pippo Inzaghi ganha nova chance na Serie A, ao assumir a Salernitana em crise

Filippo Inzaghi chega para substituir o demitido Paulo Sousa, mas sem um histórico que o respalde como treinador na Serie A

Depois de dois anos, a família Inzaghi volta a ganhar força na Serie A. Simone Inzaghi é um dos treinadores mais respaldados do Campeonato Italiano, com um trabalho muito bom na Internazionale que o coloca na rota do Scudetto. Já Filippo Inzaghi, se foi mais prolífico em campo como atacante, ainda tenta firmar seu nome na elite como técnico. Uma nova chance pinta a partir desta terça-feira, com o anúncio de Pippo como novo treinador da Salernitana. Tentará mudar a sorte dos grenás, depois de um início de campanha muito ruim, que deixa o time na zona de rebaixamento e resulta na demissão de Paulo Sousa.

A Salernitana ocupa o penúltimo lugar na Serie A, com apenas três pontos em oito rodadas. A equipe da Campânia ainda não venceu na atual edição do campeonato, com três empates e cinco derrotas. Até existiam expectativas positivas sobre Paulo Sousa, diante da maneira como ajeitou o time na temporada passada e escapou dos riscos de rebaixamento com certa folga. Entretanto, o ritmo não se manteve em 2023/24. A vitória do Monza por 3 a 0 no final de semana se tornou a gota d'água para a demissão do português. Inzaghi assume com a missão de botar ordem na casa durante a Data Fifa.

Este será o primeiro trabalho de Inzaghi na Serie A desde 2020/21. Na ocasião, até lutou com o Benevento, mas não conseguiu evitar o rebaixamento do time que antes havia colocado na elite. Mais recentemente, os novos trabalhos de Pippo se restringiram à Serie B e ele não celebraria um novo acesso. A aposta da Salernitana se dá mais por nome do que por currículo. O ex-centroavante tem alguns bons momentos nesse início de trajetória como treinador, mas aquém da fama que possuía como goleador. Por enquanto, se estabelece como uma alternativa a clubes modestos e de pretensões limitadas.

A trajetória de Inzaghi como técnico

Inzaghi está próximo de completar uma década como treinador de equipes profissionais, mas sem um trabalho que garanta sua aclamação. O ex-atacante começou a treinar as categorias de base do Milan e conquistou o tradicional Torneio di Viareggio. Seria promovido ao comando do time principal em 2014/15. Em tempos atolados dos rossoneri, Pippo virou um boi de piranha e não conseguiu elevar as perspectivas do time aos patamares históricos que ele vivenciou como jogador. Não passou de um modesto décimo lugar na Serie A, fora das copas europeias. Mas não que os problemas se restringissem ao comandante, com vários antigos ídolos queimados pelos milanistas. Seria assim também com Clarence Seedorf, Cristian Brocchi e Gennaro Gattuso.

A partir de 2016/17, Inzaghi recomeçou sua carreira num nível mais condizente à sua falta de experiência. E o treinador conseguiu um grande feito, ao faturar o acesso na Serie C de imediato com o Venezia. Foi um excelente rendimento da equipe, com 74% dos pontos disputados. Não à toa, quase buscou também o acesso à Serie A em 2017/18, com a queda nas semifinais dos playoffs da segundona. Graças à badalação, Inzaghi ganhou nova chance na Serie A e assumiu o Bologna em 2018/19. Durou somente 21 jogos, demitido com duas vitórias e na zona de rebaixamento.

Inzaghi foi para o Benevento em 2019/20. Conseguiu mais uma campanha louvável nas divisões de acesso, agora com o acesso à Serie A. Pippo continuou à frente dos giallorossi durante toda a temporada na primeira divisão, com 33 pontos conquistados. Todavia, na antepenúltima posição, não evitou o descenso. Mais recentemente, teve dois trabalhos na Serie B. Dirigiu o Brescia em 2021/22 e brigava pelo acesso, mas foi demitido na reta final da campanha. Mais recentemente, comandou a Reggina e levou o time aos playoffs de acesso, mas sem alcançar a promoção. Saiu após o rebaixamento administrativo do time.

A situação em Salerno

A Salernitana claramente pode fazer mais na Serie A. Os grenás contam com um bom time, que demonstrou seu valor na temporada passada e que possui qualidade no papel. Nomes como Guillermo Ochoa, Antonio Candreva e Boulaye Dia garantem uma experiência inegável em alto nível. Há também jovens de qualidade, como Jovane Cabral, Erik Botheim, Lorenzo Pirola e Matteo Lovato. Alguns desses jogadores podem render mais e assumir o protagonismo, como bem visto nos melhores momentos com Paulo Sousa.

Cabe notar que alguns virtuais candidatos ao rebaixamento começam a Serie A num ritmo mais alto que o esperado. Recém-promovidos como Frosinone e Genoa apresentam um bom futebol, enquanto mesmo outros times menos cotados largaram bem, a exemplo do Lecce. O sucesso dos demais não é justificativa para a estagnação da Salernitana, mas mostra como a campanha está aberta para uma recuperação dos grenás. A questão é que a rabeira da tabela conta com outros clubes tradicionais que podem se reerguer, a exemplo de Udinese, Torino e Lazio.

Paulo Sousa chegou a ter alguns atritos internos e o comando da equipe se perdeu gradualmente. A Salernitana que segurou a Roma na estreia foi a mesma que perdeu para o lanterna Empoli e terminou engolida pela Internazionale. É ver o impulso que Filippo Inzaghi dar. Os melhores trabalhos do comandante aconteceram quando ele nem necessariamente era o mais cotado e conseguia brigar pelo acesso. Agora, tentará reverter um risco de descenso – o que não conseguiu em Benevento e Bologna.

Foto de Leandro Stein

Leandro Stein

É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Escreve na Trivela desde abril de 2010 e faz parte da redação fixa desde setembro de 2011.
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