Serie A

[Especial Calciopédia] Guia do Campeonato Italiano 2022/23, parte 1

Apresentamos a primeira parte do guia preparado pela Calciopédia, já com as perspectivas de Inter, Juventus e Milan

Texto publicado originalmente na Calciopédia e gentilmente cedido à Trivela. Confira e apoie o trabalho!

Esta é a parte 1 do Guia do Campeonato Italiano 2022/23. Para ver a parte 2, clique aqui.

Estamos todos prontos para mais uma Serie A eletrizante? Neste sábado, teremos o pontapé inicial da edição 2022/23 do Campeonato Italiano, que promete uma corrida a três pelo título e muito mais. Quem sabe, uma intrusa nessa disputa e até um estreante ousado.

Devido à realização da Copa do Mundo no Catar, entre novembro e dezembro, a Serie A será submetida a uma nova situação: quatro rodadas serão realizadas antes do fechamento da janela de transferências do verão europeu. Isso significa que os elencos dos clubes que disputarão o campeonato poderão sofrer muitas modificações até lá e, por exemplo, sanar problemas existentes no momento atual.

Inter, Juventus e Milan partem como principais postulantes ao scudetto em 2022-23. Campeão e vice da última temporada, os rivais de Milão se reforçaram, fortalecendo espinhas dorsais praticamente inalteradas, enquanto a Velha Senhora foi voluptuosa no mercado, atendendo aos anseios de reformulação alimentados nos bastidores. Quem também tem feito movimentos ousados nesta janela de transferências é a Roma, que se tornou favorita à quarta vaga na Liga dos Campeões. Há quem a coloque como candidata ao título, junto com o trio de gigantes.
Por sua vez, o Napoli perdeu terreno ao se tornar órfão de três de seus ícones e vive um estágio de transição. Lazio, Atalanta e Fiorentina também almejam vagas europeias. Ao grupo pode se juntar um caçula: o Monza, que tem Silvio Berlusconi como presidente e Adriano Galliani como diretor executivo. O objetivo dos biancorossi é ficar entre os dez primeiros colocados.

Até o fechamento do guia, 25 jogadores brasileiros estão aptos para disputar esta edição do Campeonato Italiano, considerando também aqueles que têm dupla nacionalidade – 17 a menos do que três temporadas atrás. Será a Serie A menos verde e amarela do século. O número de clubes que têm atletas do nosso país em seus planteis também diminuiu: passou de 16 para 13, sendo que Cremonese, Empoli, Salernitana, Sampdoria, Spezia, Torino e Verona são aqueles que não têm nenhum em seus elencos. Por outro lado, a Juventus conta com cinco e é, disparada, a equipe com maior colônia “brasiliana”.

No Brasil, a Serie A terá a transmissão dos canais ESPN, na TV fechada. No streaming, o amante do futebol da Bota poderá acompanhar o campeonato através do Star+, do grupo Disney, e de sites de apostas, como o Bet365. Abaixo, confira as 10 primeiras análises do guia da Calciopédia, em ordem alfabética. Nesta quinta, publicaremos a segunda parte. Boa leitura!

Ederson é anunciado pela Atalanta (divulgação)

Atalanta

Cidade: Bérgamo (Lombardia)
Estádio: Gewiss Stadium (19.768 lugares)
Fundação: 1907
Apelidos: Nerazzurri, La Dea, Orobici
Principais rivais: Brescia, Inter e Milan
Participações na Serie A: 62
Títulos: nenhum (melhor desempenho: 3ª colocação)
Na última temporada: 8ª posição
Objetivo: vaga na Liga Europa
Brasileiros no elenco: Rafael Toloi e Éderson
Técnico: Gian Piero Gasperini (7ª temporada)
Destaques: Duván Zapata, Luis Muriel e Ruslan Malinovskyi
Fique de olho: Caleb Okoli
Principais chegadas: Éderson (v, Salernitana), Ademola Lookman (a, Leicester) e Caleb Okoli (z, Cremonese)
Principais saídas: Matteo Pessina (m, Monza), Giuseppe Pezzella (le, Parma) e Valentin Mihaila (mat, Parma)
Time-base (3-4-1-2): Musso; Rafael Toloi, Demiral, Djimsiti; Zappacosta (Hateboer), De Roon (Koopmeiners), Freuler, Maehle; Éderson (Pasalic); Malinovskyi (Ilicic), Zapata (Muriel).

A Atalanta ficou fora de competições europeias após cinco anos seguidos de sucessos e, em 2022-23, terá de suar bastante para voltar a conseguir vaga num torneio continental. O elenco da Dea é mais forte do que o da temporada passada, mas a impressão é de que, no papel, a concorrência se encontra num degrau acima. Correr por fora e surpreender são situações a que Gasperini e seus comandados estão acostumados, só que é preciso levar em consideração que não será possível alcançar estes objetivos se a equipe apresentar o futebol inconsistente que praticou no último certame – em parte, penalizada pelos problemas pessoais de Ilicic, pela lesão de Zapata e pela queda de rendimento de Muriel.

O primeiro grade obstáculo para a Atalanta será a reestruturação defensiva que precisará ser feita após a suspensão preventiva de Palomino, pego num exame antidoping. O argentino costuma alternar com Demiral na posição de beque central e, apesar de marcar alguns gols de cabeça, é o elo mais frágil da zaga nerazzurra. Essa dificuldade, portanto, pode se transformar na oportunidade de encontrar uma solução definitiva: inserir aos poucos o jovem Okoli, da seleção sub-21 italiana, que se destacou muito na última Serie B. Só que este processo, ainda que gere frutos, demandará algum tempo.

Outra incógnita na Dea reside nos flancos do gramado. Zappacosta e Maehle são peças valorosas, mas nunca conseguiram estabelecer a relação de simbiose que existiu entre Hateboer e Gosens – este foi um fator preponderante para o sucesso ofensivo da Atalanta. Amadurecido após empréstimo positivo à Salernitana, Zortea surge como sombra interessante. No mais, Éderson agregará muito ao funcionamento de um time muito dinâmico no meio-campo, podendo vir a ter tanta importância quanto Pessina. Tende a ser mais uma das certezas do elenco nerazzurro, ao lado de Musso, Rafael Toloi, De Roon, Freuler, Koopmeiners, Pasalic, Malinovskyi e Zapata.

Andrea Cambiaso é novidade do Bologna

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Bologna

Cidade: Bolonha (Emília-Romanha)
Estádio: Renato Dall’Ara (36.462 lugares)
Fundação: 1909
Apelidos: Rossoblù, Felsinei, Petroniani, Veltri
Principais rivais: Cesena e Fiorentina
Participações na Serie A: 76
Títulos: 7
Na última temporada: 13ª posição
Objetivo: meio da tabela
Brasileiros no elenco: Emanuel Vignato
Técnico: Sinisa Mihajlovic (5ª temporada)
Destaques: Marko Arnautovic, Musa Barrow e Gary Medel
Fique de olho: Matteo Angeli
Principais chegadas: Andrea Cambiaso (le, Genoa), Charalampos Lykogiannis (le, Cagliari) e Lewis Ferguson (m, Aberdeen)
Principais saídas: Mattias Svanberg (m, Wolfsburg), Arthur Theate (z, Rennes) e Aaron Hickey (le, Brentford)
Time-base (3-4-2-1): Skorupski; Soumaoro, Medel, Bonifazi; De Silvestri, Domínguez, Schouten, Cambiaso; Soriano (Orsolini), Barrow; Arnautovic.

Após sucessivas campanhas sem sustos, nas quais o Bologna não sofreu para ficar meio de tabela, a diretoria avaliou que, em 2022-23, valeria a pena correr o risco de priorizar a saúde financeira do clube em detrimento da consolidação do projeto técnico. Em suma, os felsinei aceitaram propostas interessantes por peças importantíssimas, como Theate, Hickey e Svanberg, e não reinvestiram nem 10% do valor recebido. A ordem foi buscar apostas, como Angeli e Ferguson, e negócios a baixo ou nenhum custo, como os que levaram os laterais Cambiaso e Lykogiannis à Emília-Romanha.

Esta decisão parece ter sido acertada, pensando no longo prazo. A defesa ainda está incompleta, mas o Bologna foi bem nos reforços fechados para a lateral esquerda, ainda que não tenha sido possível contratar Cambiaso em definitivo. No meio-campo, o clube já contava com a saída de Svanberg e havia se movimentado anteriormente. Assim, Domínguez e Schouten se consolidam como centrais, ao passo que Aebischer deverá receber mais chances.

A grande força do Bologna de Mihajlovic reside no ataque, que tem opções de bom nível até na reserva – Orsolini, Vignato e Sansone. Titular absoluto, o dominante Arnautovic se tornou um dos melhores camisas 9 da Serie A, enquanto Barrow, seu fiel escudeiro, continua a oferecer um futebol atraente, servindo como garçom e finalizador. Como de costume, um rendimento razoável desses jogadores deverá ser o bastante para que os rossoblù repitam o desempenho de anos anteriores.

Dessers é apresentado pela Cremonese

Cremonese

Cidade: Cremona (Lombardia)
Estádio: Giovanni Zini (16.003 lugares)
Fundação: 1903
Apelidos: Cremo, Grigiorossi, Tigri, Violini
Principal rival: Piacenza
Participações na Serie A: 8
Títulos: nenhum (melhor desempenho: 10ª colocação)
Na última temporada: vice-campeã da Serie B; promovida
Objetivo: escapar do rebaixamento
Brasileiros no elenco: nenhum
Técnico: Massimiliano Alvini (1ª temporada)
Destaques: Luca Zanimacchia, Johan Vásquez e Santiago Ascacíbar
Fique de olho: Giacomo Quagliata
Principais chegadas: Santiago Ascacíbar (v, Hertha Berlim), Johan Vásquez (z, Genoa) e Cyriel Dessers (a, Genk)
Principais saídas: Caleb Okoli (z, Atalanta), Marco Carnesecchi (g, Atalanta) e Nicolò Fagioli (m, Juventus)
Time-base (3-5-2): Radu; Bianchetti, Vásquez, Chiriches; Ghiglione, Pickel (Escalante), Ascacíbar (Valzania), Milanese, Valeri (Sernicola); Dessers, Okereke.

Ausente da elite desde 1996, a Cremonese volta à Serie A com um projeto interessante, que oxigena o campeonato. Se vai dar certo é uma outra história, mas a aposta em jovens promissores é um fator que permeia todas as escolhas dos grigiorossi. Somente oito integrantes do elenco têm mais de 28 anos e até o técnico Alvini é um novato na primeira divisão.

No último campeonato, o Venezia fez algo parecido ao que a Cremonese está ensaiando. Caiu, mas teve bons momentos ao longo da Serie A e revelou atletas. No caso da Cremo, a situação é um pouco mais complexa porque a diretoria precisou reconstruir o time vice-campeão da segundona: além de ter perdido o técnico Fabio Pecchia para o Parma, não teve condições de renovar os empréstimos de quase todos os destaques do elenco, mantendo apenas Sernicola e Zanimacchia.

Entre as reposições feitas pela Cremo, estão garotos com passagens pelas seleções de base da Itália (Quagliata e Milanese), e também da Áustria (Aiwu) e da Suíça (Pickel), e nomes que já atuaram na Serie A. Chiriches e Ghiglione são os mais experientes entre os que pertencem a este segundo grupo, ao passo que Radu almeja se redimir após sua falha bizarra no duelo entre Bologna e Inter, em 2021-22. Além da dupla da equipe nacional romena, os lombardos foram atrás de outros selecionáveis, como Vásquez (México), Okereke (Nigéria) e, principalmente, Ascacíbar (Argentina) – que ainda não atingiu o nível de que dele se esperava quando surgiu no Estudiantes. O último bom negócio se deu com a chegada de Dessers, artilheiro da última Liga Conferência pelo Feyenoord. Será interessante acompanhar a trajetória da Cremonese na busca pela salvação.

Destro chega ao Empoli

Empoli

Cidade: Empoli (Toscana)
Estádio: Carlo Castellani (16.284 lugares)
Fundação: 1920
Apelido: Azzurri
Principais rivais: Fiorentina, Pisa, Siena, Pistoiese e Lucchese
Participações na Serie A: 14
Títulos: nenhum (melhor desempenho: 7ª colocação)
Na última temporada: 14ª posição
Objetivo: escapar do rebaixamento
Brasileiros no elenco: nenhum
Técnico: Paulo Zanetti (1ª temporada)
Destaques: Nedim Bajrami, Guglielmo Vicario e Mattia Destro
Fique de olho: Tommaso Baldanzi
Principais chegadas: Mattia Destro (a, Genoa), Razvan Marin (m, Cagliari) e Martín Satriano (a, Brest)
Principais saídas: Andrea Pinamonti (a, Inter), Kristjan Asllani (m, Inter) e Szymon Zurkowski (m, Fiorentina)
Time-base (4-3-1-2): Vicario; Stojanovic, Ismajli, Luperto (De Winter), Parisi; Henderson (Haas), Marin, Bandinelli; Bajrami; Destro, Satriano.

Grande exemplo de como entregar ótimo futebol mesmo sendo refém de um orçamento limitado, o Empoli é candidato a reeditar o que apresentou em 2021-22. O clube optou por substituir o veterano Andreazzoli pelo promissor Zanetti, que foi jogador azzurro e teve trabalhos consistentes por Südtirol e Venezia, e o novo técnico já deu indícios de que seguirá na linha de seu antecessor.

O provável onze inicial do Empoli tem oito jogadores que compunham o elenco na última temporada, mas é curioso notar que os azzurri perderam 10 peças importantes nesta janela, sendo cinco delas pilares do time – Viti, Asllani, Zurkowski, Cutrone e Pinamonti. Ainda assim, a diretoria fez um trabalho valoroso no verão. Além de ter conseguido negociar a continuidade de Vicario, Luperto e Bajrami, ficou de olho em oportunidades de mercado. Marin e Destro, por exemplo, são contratações certeiras para uma equipe que visa escapar do rebaixamento.

Além disso, o Empoli não se exime de uma característica que permeia a sua história: a de dar espaço aos jovens. Além de ter mantido garotos, como Parisi e Cacace, a equipe azzurra contratou De Winter, Satriano, Lammers, Cambiaghi e Nabian, que devem ser utilizados com frequência, e já indicou que uma turma boa da base terá vez – olho no meia Baldanzi e no atacante Ekong. Olho nos toscanos.

Jovic treina com a Fiorentina

Fiorentina

Cidade: Florença (Toscana)
Estádio: Artemio Franchi (43.147 lugares)
Fundação: 1926
Apelidos: Viola, Gigliati
Principais rivais: Juventus, Roma e Bologna
Participações na Serie A: 86
Títulos: 2
Na última temporada: 7ª posição
Objetivo: vaga na Liga Europa
Brasileiros no elenco: Igor Júlio, Dodô e Arthur Cabral
Técnico: Vincenzo Italiano (2ª temporada)
Destaques: Nicolás González, Arthur Cabral e Cristiano Biraghi
Fique de olho: Alessandro Bianco
Principais chegadas: Luka Jovic (a, Real Madrid), Pierluigi Gollini (g, Tottenham) e Dodô (ld, Shakhtar Donetsk)
Principais saídas: Krzysztof Piatek (a, Hertha Berlim), Lucas Torreira (v, Arsenal) e Álvaro Odriozola (ld, Real Madrid)
Time-base (4-3-3): Gollini; Dodô, Milenkovic, Igor (Martínez Quarta), Biraghi; Bonaventura (Maleh), Mandragora (Amrabat), Duncan; Ikoné (Saponara), Jovic (Arthur Cabral), González.

Na temporada que marca o seu retorno às competições europeias após uma ausência de cinco anos, a Fiorentina mostra ambição para tentar abocanhar novamente uma vaga em torneio continental – e, ao mesmo tempo, fazer boa figura na Liga Conferência. Uma forte atuação no mercado de transferências, aliada ao retorno de empréstimo de alguns jogadores, fez o elenco ganhar estofo para competir em três frentes.

Pensando no longo prazo, a equipe violeta não se esforçou para segurar peças que estavam no clube por empréstimo e as substituiu com atletas contratados em definitivo: Jovic toma o lugar de Piatek, Mandragora o de Torreira e Dodô o de Odriozola. Nível mantido. Além disso, Gollini chega para resolver as incógnitas a que a meta da Fiorentina foi submetida em 2021-22, com a queda de rendimento de Dragowski e a irregularidade de Terracciano.

Os testes de maior prestígio do verão não foram acompanhados de bons resultados nem de um desempenho satisfatório por parte da Fiorentina – tanto ofensiva quanto defensivamente. Por outro lado, serviram para a equipe manter os pés no chão e ter em mente que o potencial existe, mas deve ser atingido em campo. Italiano tem em mãos um plantel repleto de opções e já se mostrou um técnico muito qualificado, que saberá corrigir os problemas do “futebol de agosto” ao longo da temporada. Mãos à obra, então.

Lukaku, da Inter, em amistoso (Marco Luzzani/Getty Images)

Inter

Cidade: Milão (Lombardia)
Estádio: Giuseppe Meazza (75.923 lugares)
Fundação: 1908
Apelidos: Nerazzurri, Beneamata, Biscione, Bauscia
Principais rivais: Milan e Juventus
Participações na Serie A: 91
Títulos: 19
Na última temporada: vice-campeã
Objetivo: título
Brasileiros no elenco: Dalbert
Técnico: Simone Inzaghi (2ª temporada)
Destaques: Romelu Lukaku, Lautaro Martínez e Milan Skriniar
Fique de olho: Cesare Casadei
Principais chegadas: Romelu Lukaku (a, Chelsea), André Onana (g, Ajax) e Kristjan Asllani (m, Empoli)
Principais saídas: Ivan Perisic (a, Tottenham), Alexis Sánchez (a, Marseille) e Arturo Vidal (m, Flamengo)
Time-base (3-5-2): Handanovic (Onana); Skriniar, De Vrij, Bastoni; Dumfries, Barella, Brozovic, Çalhanoglu, Gosens; Martínez, Lukaku.

As pré-temporadas têm sido verdadeiros filmes de terror para os torcedores da Inter. Nem mesmo um mercado que começou com a volta de Lukaku e rápidas conclusões das tratativas que levaram a Milão o veterano Mkhitaryan, os promissores Bellanova e Asllani, e o futuro titular Onana foram capazes de pacificar o ambiente. Isso porque a equipe viu Bremer e Dybala, com os quais tinha acordos apalavrados, pararem em rivais. Além disso, a torcida segue apreensiva pela possibilidade de venda de Skriniar e por um desempenho nada idílico da zaga na preparação para o certame.

No fim das contas, o que acontece na pré-temporada costuma ser apagado em poucos meses. Em 2021-22, a Inter ratificou isso ao superar as muitas incertezas que lhe acompanhavam em agosto do ano passado e competir até a derradeira rodada da Serie A pelo título – o que estava longe de ser tido como favas contadas. Dessa vez, apesar de algumas incógnitas, Inzaghi e seus pupilos partem de um pressuposto diferente. O elenco atual é mais completo do que o da campanha anterior, já que a Beneamata agora tem um goleiro de alto nível no banco e uma alternativa a Brozovic.

A Inter perdeu experiência com as saídas de Ranocchia, Vidal, Vecino, Perisic e Sánchez, é verdade. Mas, em termos técnicos, pode não se prejudicar tanto. A saída mais sentida é a do croata, que já havia sido prevista quando Gosens chegou, em janeiro, para tapar o buraco – resta, agora, que o alemão recupere a melhor forma física. Se não perder nenhuma peça até o fim da janela, a equipe nerazzurra terá um onze inicial que mescla o elenco campeão em 2021 a alguns dos destaques da campanha posterior, concluída com o vice nacional e a conquista da Coppa Italia. E, claro, Lukaku e Lautaro, que dispensam apresentações. A expectativa é de que a Beneamata tenha condições de competir pelo título de pelo menos três das quatro competições que disputará.

Di Maria é apresentado na Juventus com a camisa 22 (divulgação)

Juventus

Cidade: Turim (Piemonte)
Estádio: Allianz Stadium (41.507 lugares)
Fundação: 1897
Apelidos: Bianconeri, Zebras e Velha Senhora
Principais rivais: Torino e Inter
Participações na Serie A: 90
Títulos: 36
Na última temporada: 4ª posição
Objetivo: título
Brasileiros no elenco: Alex Sandro, Danilo, Bremer, Arthur e Kaio Jorge
Técnico: Massimiliano Allegri (2ª temporada)
Destaques: Dusan Vlahovic, Paul Pogba e Ángel Di María
Fique de olho: Matías Soulé
Principais chegadas: Ángel Di María (a, Paris Saint-Germain), Paul Pogba (m, Manchester United) e Bremer (z, Torino)
Principais saídas: Giorgio Chiellini (z, Los Angeles FC), Paulo Dybala (a, Roma) e Matthijs De Ligt (z, Bayern Munique)
Time-base (4-3-3): Szczesny; Danilo (Cuadrado), Bonucci, Bremer, Alex Sandro; Pogba (Zakaria), Locatelli, Rabiot (McKennie); Di María, Vlahovic, Chiesa.

Perder Chiellini, Dybala, Morata e De Ligt e, mesmo assim, ficar com um elenco mais forte? Esta é a Juventus. A saída de alguns ícones bianconeri deve gerar algum impacto em campo e no vestiário, mas a diretoria teve pesada atuação no mercado e garantiu peças de altíssimo nível, como Di María e Pogba, já consagrados, e Bremer, melhor zagueiro da última Serie A. Além disso, Gatti, Rovella e Fagioli rejuvenescem um grupo experiente.

A idade avançada de alguns atletas será um fator com o qual Allegri terá de lidar durante o ano – e isto já está lhe causando problemas. O treinador gosta de fazer rodízio com o que tem à disposição, mas será forçado a ficar sem Szczesny durante o primeiro mês do campeonato e sem Pogba talvez até janeiro de 2023. Atualmente, a Juventus tem a possibilidade de escalar um onze inicial estelar e um banco com alguns prospectos, como os já citados, e peças questionáveis, a exemplo de Arthur, Rabiot e Kean. Ou seja, são alternativas que não oferecem tantas garantias quanto os prováveis titulares.

Em resumo, esta é a grande diferença entre a Juventus e a dupla de Milão, com a qual rivalizará na briga pelo título italiano. Enquanto Inter e Milan confiam nos bancos de reservas à disposição de seus treinadores, a Velha Senhora não consegue se dar a este luxo no momento. A situação pode mudar a partir de algumas contratações ou mesmo se os jogadores mais promissores do plantel conseguirem se afirmar ao longo do ano. De qualquer forma, superar este obstáculo não é impossível, mas os bianconeri parecem largar um pouco atrás dos adversários pelo scudetto.

Alessio Romagnoli com a camisa da Lazio (reprodução)

Lazio

Cidade: Roma (Lácio)
Estádio: Olímpico (70.634 lugares)
Fundação: 1900
Apelidos: Capitolinos, Biancocelesti, Biancazzurri, Aquile, Aquilotti
Principal rival: Roma
Participações na Serie A: 80
Títulos: 2
Na última temporada: 5ª posição
Objetivo: vaga na Liga dos Campeões
Brasileiros no elenco: Marcos Antônio e Felipe Anderson
Técnico: Maurizio Sarri (2ª temporada)
Destaques: Ciro Immobile, Sergej Milinkovic-Savic e Luis Alberto
Fique de olho: Dimitrije Kamenovic
Principais chegadas: Alessio Romagnoli (z, Milan), Luís Maximiano (g, Granada) e Marcos Antônio (m, Shakhtar Donetsk)
Principais saídas: Lucas Leiva (v, Grêmio), Luiz Felipe (z, Betis) e Pepe Reina (g, Villarreal)
Time-base (4-3-3): Maximiano (Provedel); Lazzari, Casale, Romagnoli, Hysaj (Marusic); Milinkovic-Savic, Marcos Antônio (Vecino), Luis Alberto; Felipe Anderson, Immobile, Zaccagni (Pedro).

A Lazio viveu um ano que terminou bem, apesar de turbulências. Agora, ainda que o ambiente não esteja totalmente pacificado, a equipe biancoceleste ativou a segunda fase do trabalho de Sarri. Esta etapa consiste na renovação de parte considerável do setor defensivo e no aprofundamento da filosofia do técnico, com a chegada de peças mais adaptáveis a ela.

A profunda reformulação na defesa começou com a troca dos goleiros: saíram Reina e Strakosha; chegaram Maximiano e Provedel. Além disso, Sarri colocou como prioridade a contratação de um volante que tenha mais criatividade do que Lucas Leiva. Ganhou dois: além de Marcos Antônio, terá o dinâmico Vecino, que poderá fazer outras funções no meio. Para além disso, o centro da defesa ganha novo fôlego após a saída de Luiz Felipe, que vinha em má fase – tal qual Acerbi, relegado à reserva. Romagnoli, torcedor do clube, e o selecionável Casale, são boas novidades no setor.

Por fim, enquanto a torcida aguarda a definição do futuro de Luis Alberto, pouca coisa muda do meio para frente. Milinkovic-Savic tende a assumir mais tarefas de criação, em caso de saída do espanhol, e o jogo pelos flancos da equipe deve continuar forte. Immobile continua a ter papel central na Lazio e a diretoria abdicou de buscar um reserva com características similares às do capitão – ou mesmo de um centroavante de área. A alternativa ao goleador será o garoto Cancellieri, prolífico ponta oriundo do Verona e já convocado à seleção italiana.

Ceesay é novidade do Lecce

Lecce

Cidade: Lecce (Apúlia)
Estádio: Via del Mare (40.670 lugares)
Fundação: 1908
Apelidos: Giallorossi, Salentini, Lupi
Principal rival: Bari
Participações na Serie A: 17
Títulos: nenhum (melhor desempenho: 9ª colocação)
Na última temporada: campeão da Serie B; promovido
Objetivo: escapar do rebaixamento
Brasileiros no elenco: Gabriel Strefezza
Técnico: Marco Baroni (2ª temporada)
Destaques: Gabriel Strefezza, Morten Hjulmand e Assan Ceesay
Fique de olho: Daniel Samek
Principais chegadas: Assan Ceesay (a, Zürich), Wladimiro Falcone (g, Sampdoria) e Kristoffer Askildsen (m, Sampdoria)
Principais saídas: Massimo Coda (a, Genoa), Gabriel (g, Coritiba) e Fabio Lucioni (z, Frosinone)
Time-base (4-3-3): Falcone; Baschirotto (Gendrey), Tuia, Dermaku, Frabotta; Helgason (Samek), Hjulmand, Askildsen (Bistrovic); Gabriel Strefezza, Ceesay, Di Francesco (Banda).

Assim como a Cremonese, o Lecce chega à Serie A disposto a fazer apostas na busca pela permanência. Antigamente, equipes oriundas da segundona enchiam os seus elencos de veteranos com salário elevado e que não rendiam o bastante. Os salentinos fizeram um movimento oposto: não se esforçaram para segurar Gabriel, venderam o artilheiro Coda ao Genoa por uma quantia razoável (considerando a sua idade) e emprestaram o capitão Lucioni ao Frosinone. Em troca, não contrataram nenhum jogador de mais de 28 anos. Tudo isso é fruto da observação de Pantaleo Corvino, um dos melhores diretores esportivos da Itália.

A mudança de paradigma faz sentido técnico e econômico. Afinal, o Lecce buscou jovens promissores, com passagens por seleções de base e que podem explodir. Ou seja, têm a condição de entregar um bom futebol, são baratos e ainda têm uma boa margem de revenda. Uma das únicas contratações que fogem a este padrão foi a do gambiano Ceesay, a custo zero. O centroavante de 28 anos foi vice-artilheiro do Campeonato Suíço e o terceiro em assistências. Ao lado do produtivo Gabriel Strefezza, promete incomodar as defesas adversárias.

Embora tenha sido campeão da Serie B, o Lecce terá uma missão inglória na elite. Desde o início da década passada, só não voltou para a categoria inferior de imediato, em efeito ioiô, no distante 2011. Para obter uma nova façanha, o técnico Baroni precisará transformar bons valores individuais num time ainda mais competitivo que o da temporada passada. Além dos nomes já citados, vale ficar de olho nos seguintes: Falcone, que apareceu bem na última campanha da Sampdoria; os selecionáveis nórdicos Askildsen, Hjulmand e Helgason; os volantes Bistrovic e Samek; e, por fim, Frabotta, em busca de afirmação após um ano no estaleiro em Verona.

De Ketelaere é anunciado pelo Milan (divulgaqção)

Milan

Cidade: Milão (Lombardia)
Estádio: Giuseppe Meazza (78.275 lugares)
Fundação: 1899
Apelidos: Rossoneri, Diavolo, Casciavìt
Principais rivais: Inter e Juventus
Participações na Serie A: 89
Títulos: 19
Na última temporada: campeão
Objetivo: título
Brasileiros no elenco: Junior Messias
Técnico: Stefano Pioli (4ª temporada)
Destaques: Rafael Leão, Olivier Giroud e Sandro Tonali
Fique de olho: Marko Lazetic
Principais chegadas: Charles De Ketelaere (mat, Club Brugge), Divock Origi (a, Liverpool) e Yacine Adli (mat, Bordeaux)
Principais saídas: Franck Kessié (m, Barcelona), Alessio Romagnoli (z, Lazio) e Samu Castillejo (mat, Valencia)
Time-base (4-2-3-1): Maignan; Calabria, Kalulu (Kjaer), Tomori, Hernandez; Bennacer, Tonali; De Ketelaere, Adli (Saelemekers), Rafael Leão; Giroud (Origi).

Não é um absurdo afirmar que o Milan se sagrou campeão antes do planejado. A torcida sabe disso e não existe uma pressão cavalar para que o Diavolo repita a dose. Há, sim, a expectativa de que o time continue a apresentar um futebol competitivo e que possa se manter no grupo dos postulantes ao scudetto. Troféus são encarados como uma consequência do trabalho e não como o seu fim maior.

Dentro e fora do clube existe a compreensão de que há margem de evolução para muitas peças do elenco – do recém-chegado De Ketelaere ao Rafael Leão, MVP da última temporada. Por essas e por outras, os reforços não serão pressionados a se inserirem de imediato e Pioli terá muita calma para dar sequência a seu trabalho, que não deve passar por grandes mudanças. A base do time é praticamente a mesma que levantou o caneco em 2021-22 e falta apenas chegar um zagueiro para que se preencha a derradeira lacuna do plantel.

Para que tudo isso aconteça, claro, o Milan precisará apresentar um nível mínimo de atuações – o que, conforme se viu na pré-temporada, não deve ser um grande obstáculo. Constante e ciente de todos os passos que tem que executar, o Diavolo larga com chances bastante razoáveis de alcançar a sua segunda estrela. A briga com Inter e Juventus será das boas.

Esta é a parte 1 do Guia do Campeonato Italiano 2022/23. Para ver a parte 2, clique aqui.

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