Itália

Por que a Internazionale é o time ‘menos brasileiro’ da Europa?

Os Nerazzurri foram quem menos driblaram entre todas as 96 equipes das cinco grandes ligas europeias na última temporada

A Internazionale é um dos grandes times da Europa pelo menos desde a temporada passada, quando venceram o título da Serie A de forma incontestável.

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É um time intenso e forte nas transições ofensiva e defensiva, além de ser capaz de jogar com a bola no pé contra uma defesa fechada. Os Nerazzurri são muito bem treinados e armados no 3-5-2 pelo técnico Simone Inzaghi.

Isso ficou provado na forma que competiu contra o Manchester City na última quarta-feira (18), segurando um 0 a 0 no Etihad Stadium (podendo até sair com a vitória) pela primeira rodada da fase de liga da Champions League.

No entanto, essa partida também serviu para provar que o clube italiano é o “menos brasileiro” da Europa e, com ajuda de uma matéria do site The Athletic e dados das plataformas Opta e FBref, a Trivela explica o porquê.

Internazionale não driblou uma vez contra City e isso é normal

O futebol no Brasil é conhecido pela inventividade, o drible, a magia com a bola nos pés e a capacidade de passar por qualquer adversário.

Apesar de competitiva e ter um brasileiro no elenco, a Inter é o oposto disso — e não há nada de negativo nisso.

O time de Inzaghi só completou um “take-on”, o que a Opta define como uma “uma tentativa de vencer um adversário quando um jogador tem a posse da bola”, contra os Citizens vindo de Marcus Thuram.

Não é necessariamente uma novidade para a equipe. Segundo o FBref, a Internazionale foi o time que menos acertou dribles por jogo na última temporada (11.4) entre os 96 das cinco grandes ligas da Europa.

Mesmo assim, na estatística de média de gols (2.29), o time italiano só ficou atrás de Manchester City (2.47), Bayer Leverkusen (2.56) e Bayern de Munique (2.74), completamente na contramão, já que equipes que menos driblam, normalmente, estão entre os piores ataques, casos de Cádiz e Empoli.

Marcus Thuram durante jogo da Inter
Marcus Thuram durante jogo da Inter (Foto: IMAGO)

Por que a Inter dribla tão pouco?

As causas para números abaixo partem para as características do elenco e dos jogadores disponíveis para Inzaghi.

O mais fácil é que, olhando nome a nome, não há um grande driblador no grupo.

Depois, vendo o esquema de 3-5-2, usado sempre, a ausência de pontas contribui para não conseguirem fintar os adversários, pois são os alas (Dimarco e o brasileiro Carlos Augusto na esquerda, Darmian e Dumfries na direita) que ocupam as pontas, onde normalmente acontecem os duelos mano a mano.

No ataque, a dupla, sejam com Lautaro, Taremi ou Thuram, prefere tabelar, recuar ou atacar o espaço ao invés de tentar vencer um rival no drible.

É um time de trocas de passes rápidas por dentro, utilizando bem o trio de meio-campistas para acionar os atacantes ou os alas.

Às vezes, de tão ofensiva, a equipe joga com os zagueiros como meio-campistas/laterais, em zonas altas para levantar na área e buscar o ala do lado oposto.

Um estilo de jogo tão afiado que a ausência de dribles não pesa tanto.

Os técnicos Inzaghi e Guardiola se cumprimentam durante jogo entre Internazional e Manchester City
Os técnicos Inzaghi e Guardiola se cumprimentam durante jogo entre Internazional e Manchester City (Foto: IMAGO)

Há também o contexto local. A Itália, historicamente, não criou grandes dribladores para o futebol. Hoje, talvez, seja apenas Federico Chiesa o melhor jogador nestas características, mesmo em fase ruim.

Dentre as cinco grandes ligas da Europa, a Serie A teve em 2023/24 a menor taxa de dribles certos e errados, segundo o FBref.

Ligas com mais dribles certos e errados por jogo na última temporada:

  1. Ligue 1: 9.1 certos 1 9.7 errados
  2. Premier League: 8.5 certos e 10.2 errados
  3. La Liga: 8.1 certos e 9.4 errados
  4. Bundesliga: 7.8 certos e 9.4 errados
  5. Série A: 6.9 certos e 8.8 errados

Fonte: FBref e The Athletic

Ausência de drible não importa: Internazionale segue como favorita

A competitividade da Inter garante que ela seja a grande favorita ao bicampeonato do Scudetto, bem à frente dos rivais Juventus e Milan — inclusive, neste domingo (22), acontece o Derby della Madonnina com mando dos Nerazzurri.

Na Champions, ainda parece pequenos passos atrás de Real Madrid e City, mas que podem ser igualados em uma eliminatória, assim como em um confronto contra o Arsenal, outro dos candidatos ao título europeu.

Futebol jogado e entrega já mostrou que tem e o cenário deve ser diferente da temporada passada.

Em 23/24, a queda europeia vem muito pelo foco que deu ao Campeonato Italiano no primeiro semestre, poupando na fase de grupos da Liga dos Campeões e ficando em segundo.

Por isso, pegou de cara um sempre combativo Atlético de Madrid e caiu nos pênaltis.

Agora, com a fase de liga e somando um ponto fora de casa, pode caminhar para que seja um dos oito primeiros que vão direto às oitavas de final.

Foto de Carlos Vinicius Amorim

Carlos Vinicius AmorimRedator

Nascido e criado em São Paulo, é jornalista pela Universidade Paulista (UNIP). Já passou por Yahoo!, Premier League Brasil e The Clutch, além de assessorias de imprensa. Escreve sobre futebol nacional e internacional na Trivela desde 2023.
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