Gianfranco Zola encontra homem que tentou sequestrá-lo há 30 anos e… o abraça!
Em 1994, Fabrizio Maiello tentou sequestrar Gianfranco Zola, então craque do Parma, em busca de dinheiro do milionário Calisto Tanzi

Um dos craques da era vencedora do Parma nos anos 90, o atacante Gianfranco Zola, certo dia, foi abordado com uma arma nas costas por um grupo de criminosos em um posto de gasolina. O ano era 1994, o bando queria sequestrar o craque italiano com objetivo de exigir uma quantia milionária a Calisto Tanzi, então presidente do clube e fundador da empresa de produtos laticínios Parmalat – que viria a falência em 2003. Calmo e simpático, como era dentro dos gramados, o jogador italiano passou sua tranquilidade aos bandidos e ainda deu um autógrafo na carteira de identidade de um deles, evitando que sofresse o crime.
Quase 30 anos depois, no último domingo (14), o homem que ganhou a assinatura se reencontrou com Zola, hoje vice-presidente da Série C Italiana, antes de irem assistir ao triunfo do Cagliari sobre o Bologna, e queria o perdão do ex-jogador pelo acontecimento de 1994. O homem é Fabrizio Maiello, conhecido em outras épocas como “Maradona das prisões” pela sua qualidade no futebol, que já foi implicado em diferentes crimes (roubos, tráfico de drogas, extorsão, associação criminosa) na década de 90, cumpriu a pena por todos e passou 14 anos em um hospital psiquiátrico. Dentro do cárcere, aprendeu a ajudar o próximo, algo que virou seu mantra e o que afastou do crime.
Aos 60 anos, Maiello agora é membro de uma associação contra máfias e também atua pela UISP (União Italiana de Esportes para Todos) e pela Seleção Internacional de Futebol dos Padres, mostrando habilidade e batendo recorde de dribles no torneio anual da Basílica de Madonna della Ghiara. Ele conta sua história em escolas e prisões, mostrando ser possível recuperar-se na vida, mesmo que tudo esteja jogando contra. Tem até um livro contando sua trajetória, “Na prisão dos criminosos loucos – a história de Fabrizio Maiello”, em tradução livre. Sua tentativa de sequestro há 30 anos era algo que o atormentava e queria conversar pessoalmente com Zola para colocar um fim nesta história.

– Há 30 anos que espero este encontro. Sinto uma alegria inexplicável. Era a última etapa que faltava para fechar o círculo, queria pedir desculpas a ele, queria ver seus olhos novamente e consegui – disse Maiello ao jornal Corriere Della Sera.
– Já não sou o mesmo como antes, queria pedir desculpas a você por esse gesto. Levei uma vida inteira para voltar a ser quem eu era – falou o hoje jogador da Seleção de Padres a Zola, que respondeu: “Não se preocupe, não aconteceu nada. Porém, não foi conveniente você me sequestrar, naquele período eu comia como um lobo”, brincou o ex-atleta da Seleção Italiana após abraçar Maiello, que caiu em lágrimas.
Zola ganhou um exemplar do livro de Fabrizio, além de tirar uma foto com a carteira de identidade que autografou no dia da tentativa de sequestro.

Quando tentou sequestrar o então jogador do Parma, Maiello estava foragido da justiça. Ele tinha qualidade para o futebol profissional e passou pelas categorias de base do Monza, clube tradicional da Itália. No entanto, uma grave lesão no joelho o impediu de continuar a carreira nos gramados, o que levou a um caminho obscuro até chegar a total recuperação e o aguardado perdão de Zola.