Itália

Crescimento do projeto e chance de trabalhar com Mourinho foram atrativos para Dybala assinar com a Roma

O atacante argentino fechou contrato até 2025, com um salário menor, após não renovar com a Juventus e o interesse da Internazionale não se concretizar

O capitão havia prometido tentar. “Vamos ver se consigo trazer Dybala para Roma”, disse Francesco Totti, no fim de maio, quando ainda parecia certo que o argentino de 28 anos acertaria com a Internazionale. Não era nem segredo. O CEO nerazurri, Beppe Marotta, havia confirmado o interesse. Vai saber o quanto as palavras de Totti influenciaram, talvez ele fale sobre isso alguma hora, mas Paulo Dybala é de fato jogador da Roma. Assinou contrato por três temporadas e foi anunciado nesta quarta-feira.

Duas situações confluíram ao mesmo tempo para chegarmos a este resultado. O mercado de Dybala diminuiu. A Internazionale, mesmo interessada, não chegou a um acordo com o jogador que estava livre no mercado após o seu contrato com a Juventus chegar ao fim. O interesse da Inglaterra, frequente nos últimos anos, não apareceu, nem ressurgiram rumores antigos de Barcelona ou PSG. Pela primeira vez desde que saiu do Palermo, em 2015, ele não disputará a Champions League.

É uma decisão diferente para um jogador do seu calibre. Ele até poderia ter insistido. O Napoli era outro clube na briga por sua assinatura. Mas preferiu a Roma. Essa é a segunda situação. É um time em ascensão, com um técnico carismático e extremamente vitorioso, campeão da Conference League, e passando uma imagem de ambição e de que é um lugar muito legal para trabalhar. Ser treinado por José Mourinho foi um dos atrativos.

“Os dias que me levaram a assinar este contrato foram preenchidos com muitas emoções. A velocidade e a determinação com as quais a Roma demonstrou o quanto me queria fez toda a diferença. Estou chegando a um time que está em crescimento, que continua colocando fortes alicerces para o futuro, e um técnico, José Mourinho, com o qual será um privilégio trabalhar. Como adversário, sempre admirei o clima criado pelos torcedores da Roma. Agora, mal posso esperar pela chance de cumprimentá-los usando esta camisa”, disse.

Em outubro do ano passado, Dybala e Juventus haviam chegado a um acordo verbal para renovar por € 8 milhões anuais, mais € 2 milhões em bônus, entre os maiores salários da Itália. Segundo o CEO da Velha Senhora, Maurizio Arrivabene, algumas situações recalibraram essa proposta, como a chegada de Dusan Vlahovic, em janeiro, além de “mudanças na estrutura técnica do time e do projeto”. O dirigente acreditava que seria um desrespeito apresentar uma proposta baixa demais a um jogador que conquistou tanto em Turim.

Mas o fato de que dois clubes grandes da Itália, contando a Internazionale, tiveram a chance de assegurar seus serviços e deixaram passar não é um ótimo sinal. Dybala sempre foi extremamente talentoso, mas nem sempre encontrou regularidade, e entre as preocupações da Juventus estava a sua condição física. Sofreu algumas lesões musculares na última temporada, na qual fez 10 gols em 29 rodadas do Campeonato Italiano, e 15 no geral por todas as competições.

É um risco. Mas um clube com os recursos financeiros da Roma não costuma ter a chance de contratar jogadores como Dybala sem uma dose de risco. E nem é um risco tão grande assim porque ele ainda fez quase 300 jogos em sete anos pela Juventus, cerca de 40 por temporada. Costuma estar disponível. É mais uma questão de intensidade e regularidade. Será interessante ver como conseguirá contribuir a um time que comemorará se terminar a Serie A entre os quatro primeiros, com vaga para a Champions.

O salário, segundo a imprensa italiana, será de € 6 milhões, incluindo variáveis não muito difíceis. Segundo Fabrizio Romano, o contrato assinado até 2025 inclui uma cláusula de rescisão, o que indica que Dybala está fazendo uma aposta em si mesmo, acreditando que pode recuperar o valor que já teve se for bem na Roma, e insistiu por uma via para sair sem precisar brigar com todo mundo.

Sexta colocada do último Campeonato Italiano, a sete pontos da Champions League, a Roma agora pode montar um trio de ataque com Paulo Dybala, Nicolò Zaniolo e Tammy Abraham. Provavelmente não o fará porque a especulação é forte sobre uma saída de Zaniolo, talvez para a própria Juventus, mas não haveria reposição muito melhor do que o canhotinha de 28 anos que defendeu a seleção argentina 34 vezes e marcou contra a própria Itália na Finalíssima disputada em Wembley no começo de junho.

Ele é o quarto reforço da Roma para a próxima temporada, após o lateral direito Zeki Celik, o único que exigiu taxa de transferência até agora, o volante experiente Nemanja Matic (que cedeu a camisa 21 para Dybala utilizar) e o goleiro Mile Svilar, do Benfica. Bons reforços para um time em ascensão, incluindo um potencial craque. Porque isso Dybala ainda pode ser.

Foto de Bruno Bonsanti

Bruno Bonsanti

Como todo aluno da Cásper Líbero que se preze, passou por Rádio Gazeta, Gazeta Esportiva e Portal Terra antes de aterrissar no site que sempre gostou de ler (acredite, ele está falando da Trivela). Acredita que o futebol tem uma capacidade única de causar alegria e tristeza nas mesmas proporções, o que sempre sentiu na pele com os times para os quais torce.
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