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Chiellini foi muito mais racional que a Fifa em toda essa polêmica da mordida

Luis Suárez não é o mocinho da história. Mas está muito longe de ser o vilão pintado pela Fifa depois de sua suspensão. Merecia ser punido, a ponto de perder o resto da Copa do Mundo. Foi inconsequente ao jogar fora toda a esperança dos uruguaios em seus pés, assim como também jogou fora o próprio esforço de estar em campo no Brasil. No entanto, excesso de força em relação ao atacante, expulso de qualquer atividade no Mundial e proibido de exercer a sua profissão por quatro meses, deu muita margem à discussão – especialmente sobre todas as outras ações da Fifa no âmbito disciplinar.

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E quem chegou a um ponto nevrálgico do debate foi justamente Giorgio Chiellini, a vítima da agressão. Mostrou uma grandeza muito maior do que a Fifa tentou impor sobre Suárez. Reafirmou que não tem nenhum problema com o uruguaio, apesar da frustração pela eliminação da Itália. E questionou a situação na qual o colega de profissão estará submetido nos próximos meses. A proibição alienante e o período muito difícil que a sua família enfrentará, nas próprias palavras do italiano.

Longe de entrar no debate sobre o caráter de Suárez, diante de todas as boas e as ruins histórias envolvendo o craque. Mas o que parece mesmo concreto é a questão psicológica que envolve o uruguaio, diante de sua reincidência nas mordidas. A Fifa preferiu dar uma punição exemplar (exemplar não só ao jogador, diga-se) e forçar Suárez a aprender na marra. Por mais que esses quatro meses tendam muito mais a atrapalhar do que a ajudar qualquer perturbação que Luisito tenha.

Abaixo, a mensagem completa de Chiellini, publicada em seu Facebook:

“Dentro de mim agora não sinto alegria, nem ira ou vingança a respeito de Suárez por um incidente que aconteceu no campo de futebol e que continua ali. O único que sinto é raiva e decepção pela derrota”.

“Neste momento, meu único pensamento é para Luis Suárez e sua família, que enfrentarão um período muito difícil”.

“Eu sempre considerei as intervenções disciplinares como inequívocas pelos órgãos competentes, mas no mesmo tempo eu penso que a fórmula proposta é excessiva. Espero que permitam ao menos que ele fique próximo de sua equipe durante as partidas, porque para um jogador essa proibição é muito alienante”.

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Foto de Leandro Stein

Leandro Stein

É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Escreveu na Trivela de abril de 2010 a novembro de 2023.
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