Itália

Carlos Augusto apostou em seu futebol na Itália e é recompensado pela Inter

Carlos Augusto chegou para defender o Monza na Serie B e, depois do destaque na estreia na elite, chega como opção à lateral da Inter

Carlos Augusto construiu sua carreira na Itália pouco a pouco. O lateral esquerdo deixou o Corinthians em 2020, para se juntar ao Monza, na segunda divisão. Os biancorossi eram turbinados pelo dinheiro de Silvio Berlusconi, mas ainda assim o defensor precisou de duas temporadas na Serie B até comemorar o acesso. E a recompensa seria grande na elite. Durante a última edição da Serie A, Carlos Augusto esteve não somente entre os melhores brasileiros, como também constou entre os melhores laterais do torneio. Empenho que vale agora um salto em sua carreira: nesta terça-feira, a Inter anunciou a contratação do jovem, inicialmente por empréstimo.

O empréstimo de Carlos Augusto tem obrigação de compra se algumas condições forem cumpridas. Segundo a Sky Itália, os interistas pagarão €4,5 milhões ao Monza pela cessão de uma temporada e deverão desembolsar mais €7,5 milhões para contar com o ala em definitivo. Além disso, há bônus contratuais que ainda podem render mais €4 milhões aos biancorossi, num negócio que, através das variáveis, pode atingir até mesmo €16 milhões. A valorização de Carlos Augusto também se nota por seu contrato, de cinco temporadas, com salário estimado em €2,2 milhões anuais. O Corinthians fica com 60% do lucro da negociação, o que significará €5,4 milhões se a venda se concretizar.

A princípio, Carlos Augusto deverá ser reserva da Internazionale. Federico Dimarco foi o dono da ala esquerda na temporada passada e esteve entre os melhores do time. No entanto, os nerazzurri desejavam um reserva de bom nível, numa posição de suma importância no esquema de Simone Inzaghi. A equipe não conta mais com Robin Gosens, anunciado pelo Union Berlim, em busca de mais minutos em campo. Apesar da perda, será um conjunto muito forte de alas da Inter, considerando ainda as alternativas de Denzel Dumfries e Juan Guillermo Cuadrado pelo lado direito.

Carlos Augusto colheu os frutos de apostar na Itália

Formado nas categorias de base do Corinthians, Carlos Augusto é mais uma das revelações do Terrão. O garoto costumava ser utilizado como lateral esquerdo ou zagueiro no clube. Fez parte do elenco campeão da Copinha em 2017, antes de ganhar as primeiras chances com Fábio Carille. No entanto, seu destaque na equipe de cima dos alvinegros foi contido. Disputou especialmente partidas no Campeonato Brasileiro em 2018 e 2019. A esta altura, uma transferência para a Europa parecia bem-vinda. Mas não que o Monza fosse um destino usual, ao pagar €4,2 milhões pelo brasileiro em agosto de 2020. O passaporte italiano facilitava o negócio.

Carlos Augusto justificou a aposta do Monza ao longo de duas temporadas na Serie B. O brasileiro esteve entre os principais destaques dos biancorossi na segunda divisão, num momento em que a dupla formada por Silvio Berlusconi e Adriano Galliani botava ordem na casa. O Monza bateu na trave em busca do acesso em 2020/21, mas ainda assim o defensor apareceu entre os melhores do campeonato. Seguiu em frente e cumpriu o objetivo em 2021/22. A promoção garantia a estreia dos lombardos na elite nacional.

O Monza investiu em reforços na temporada passada e formou uma equipe especialmente com talentos italianos. Carlos Augusto permaneceu como um dos poucos estrangeiros, e ainda um dos melhores da equipe. Diante do investimento, os biancorossi passaram distantes do risco de rebaixamento e apresentaram um projeto sustentável para a primeira divisão. O lateral esquerdo esteve entre as razões do bom rendimento. Carlos Augusto disputou 35 partidas, com um desempenho ofensivo muito bom. Garantiu seis gols e cinco assistências.

Carlos Augusto apresentou muitas qualidades na última temporada. O lateral é reconhecido pela postura defensiva e pela boa capacidade no jogo aéreo. Chegou a ser aproveitado ocasionalmente pelo lado esquerdo da zaga. Entretanto, foi uma campanha na qual o brasileiro ganhou mais liberdade no apoio, como um ala pela esquerda. É justamente um sistema que encontrará na Inter. Primou pela qualidade para bater na bola e pela força para chegar na área. Também ratificou sua liderança, como capitão ocasional dos biancorossi.

Como está o mercado da Inter em 2023

A Inter faz um mercado bastante movimentado. Carlos Augusto é o décimo reforço do clube, muito embora a janela não garanta tantos medalhões assim para os nerazzurri. Além disso, o clube lida com uma debandada na mesma grandeza, de vários jogadores centrais ao elenco principal. Entre aqueles que se despediram estão André Onana, Samir Handanovic, Milan Skriniar, Danilo D'Ambrosio, Dalbert, Marcelo Brozovic, Roberto Gagliardini, Edin Dzeko e Romelu Lukaku. Praticamente todos os setores se enfraqueceram, com muitos veteranos deixando Milão ao final de seus contratos. Pelo nível das perdas, os €108 milhões arrecadados nem são tanto dinheiro assim.

Até o momento, a Inter gastou €34,3 milhões. Aproveita oportunidades de mercado. O grupo de goleiros precisou ser refeito do zero. Yann Sommer deve ser o titular, e por isso chegou do Bayern de Munique pelo valor de sua multa rescisória. Emil Audero vem emprestado da Sampdoria como uma ótima sombra. Já uma opção menos conhecida é Raffaele Di Gennaro, trazido do Gubbio. Na defesa, a Inter garantiu a compra em definitivo de Francesco Acerbi junto à Lazio. Também trouxe Yann Aurel Bisseck, garoto das seleções de base da Alemanha que estava no Aarhus, da Dinamarca.

O meio-campo teve a permanência de Kristjan Asllani e principalmente a chegada de Davide Frattesi, um jogador de seleção. É o principal reforço, mesmo que venha por empréstimo com obrigação de compra. Nas alas, Cuadrado chegou ao final de seu contrato com a Juventus e Carlos Augusto aumenta o leque de opções no momento. Já no ataque, Marcus Thuram foi um ótimo acerto ao vir ao final de seu vínculo com o Borussia Mönchengladbach, mas os interistas buscam mais alternativas. Diante da postura de Romelu Lukaku, ao preferir a Juventus, a diretoria corre contra o tempo para ganhar uma nova opção.

Foto de Leandro Stein

Leandro Stein

É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Escreveu na Trivela de abril de 2010 a novembro de 2023.
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