Inglaterra

Torcida do Leeds fez questão que sua oposição contra o presidente fosse visto por todos

Os torcedores do Leeds não vão cessar seus protestos contra o dono do clube, Massimo Cellino, enquanto o italiano não aceitar suas demandas e vender a equipe, e a prova disso é a constatação de que eles estão dispostos a fazer qualquer tipo de manifestação para que sua mensagem seja devidamente passada à diretoria dos Whites. Nesta segunda-feira, por exemplo, ficou impossível desviar o olhar dos protestos, com a projeção de frases pela saída de Cellino na lateral da principal arquibancada do Elland Road, estádio do Leeds.

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A projeção alternava imagens com frases como “não brigue conosco, meu amigo, estávamos aqui antes de você chegar e ainda estaremos depois que você for embora”, e “17 razões pelas quais é hora de você ir embora”, uma alusão à aversão que Cellino tem pelo número 17, listando ao lado coisas como a venda de Sam Byram ao West Ham ou as acusações de evasão fiscal do italiano. O grupo responsável pela projeção foi o Time To Go Massimo, que, há alguns dias, levantou dinheiro também para colocar um outdoor com promessas não cumpridas pelo mandatário do lado de fora do Elland Road.

O protesto desta segunda-feira custou ao grupo £ 2,6 mil, arrecadadas em uma campanha de crowdfunding com os torcedores, segundo apurou o jornal local Yorkshire Evening Post. Para o Time To Go Massimo, o apoio financeiro que tem recebido dos fanáticos pelos Whites é uma expressão de um descontentamento generalizado com a gestão.

Torcida lista razões para a saída de Cellino (Reprodução)
Torcida lista razões para a saída de Cellino (Reprodução)

“A generosidade, a tenacidade e a paixão dos torcedores do Leeds nunca deixa de me impressionar. Em apenas uma semana, temos fundos para executar uma importante campanha publicitária para destacar por que sentimos que está na hora de uma mudança na administração”, afirmou, em entrevista ao Independent, um porta-voz do grupo, que disse que “a intenção é de que a campanha sirva “para deixar claro que uma porção significante da torcida não tem confiança no regime de Cellino e está lhe pedindo para que venda o clube”.

Após a colocação do outdoor do lado de fora do Elland Road na semana passada, o Leeds conseguiu a retirada da mensagem contra Cellino, com o argumento de que o pôster configurava assédio, inclusive ameaçando legalmente o grupo de torcedores. Para a manifestação desta segunda, o Time To Go Massimo afirma ter informado a polícia e recebido aconselhamento jurídico para garantir a legalidade da ação. “Essas imagens estarão no estádio e não serão fixas. O departamento jurídico do clube escreveu para nós sobre o pôster, afirmando que era assédio. Eles podem fazer o mesmo de novo, não podemos falar pelo clube, mas estamos extremamente confiantes de que não estamos fazendo algo ilegal”, defendeu-se antecipadamente o grupo, através do porta-voz Tom Banks, em entrevista à agência de notícias Press Association Sport.

"Estávamos aqui antes de você chegar e ainda estaremos depois que você for embora" (Reprodução)
“Estávamos aqui antes de você chegar e ainda estaremos depois que você for embora” (Reprodução)

Os responsáveis pelo Time To Go Massimo não são os únicos torcedores a se organizarem para que Cellino venda suas ações (75% do total), compradas em abril de 2014. Um grupo chamado “Leeds Fans United” tem se manifestado há algum tempo, cobrando uma promessa do italiano de que venderia aos torcedores parte das ações, para que pudessem ter voz na tomada de decisões administrativas. Essa associação, no entanto, reforça que não tem uma bandeira contra Cellino ou a favor do italiano e que seu único objetivo é ser proprietária, de forma minoritária ou majoritária, de seu time do coração.

Os motivos para o descontentamento dos torcedores são os mais diversos: inconsistência esportiva, com uma enorme dança de técnicos no início da administração Cellino, afastamento do italiano de atividades esportivas por causa de evasão fiscal, promessas de investimento ou de manutenção do time não cumpridas, aumento no preço dos ingressos maquiado através de uma cobrança compulsória pelos alimentos no estádio, além da decisão de voltar atrás no acordo para vender ações para a torcida.

Apenas os próximos capítulos da bagunçada administração de Massimo Cellino poderão indicar qual o futuro do clube a médio e longo prazos, mas o que podemos dizer já agora é que, pelo menos no quesito peculiaridade, a torcida do Leeds já conseguiu uma grande conquista em seus protestos: o ineditismo da ação desta segunda-feira deverá servir de inspiração para as mais diversas manifestações no futebol.

Foto de Leo Escudeiro

Leo Escudeiro

Apaixonado pela estética em torno do futebol tanto quanto pelo esporte em si. Formado em jornalismo pela Cásper Líbero, com pós-graduação em futebol pela Universidade Trivela (alerta de piada, não temos curso). Respeita o passado do esporte, mas quer é saber do futuro (“interesse eterno pelo futebol moderno!”).
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