Inglaterra

Federação Inglesa mantém sigilo em caso de técnico que infringiu regra de apostas

Um técnico que fez apostas no esporte, uma violação das regras da Federação Inglesa (FA), escapou de punição por envolvimento em outro processo

Um técnico que apostou valores acima de 800 mil libras escapou de qualquer punição da Football Association (FA), a Federação Inglesa de Futebol. As razões para escapar da punição ainda não estão claras, em uma entidade que têm punido severamente envolvimentos de jogadores com apostas, como o caso de Ivan Toney, punido com oito meses de suspensão. O caso é mantido em sigilo pelo envolvimento do técnico em outro processo judicial.

O nome do treinador não pode ser revelado por questões legais. Segundo informações do site The Athletic, o técnico tinha oito contas de apostas e admitiu ser um viciado em jogo em provas apresentadas em um caso no qual dois jogadores foram acusados de chantagear o treinador. Embora a maioria das apostas tenha sido em corridas de cavalos, o tribunal afirmou que ele também apostou no futebol, o esporte que trabalha, o que significa uma infração das regras da FA.

Técnico alegou ser vítima de chantagem e extorsão

Apesar de ser uma violação grave, a FA decidiu por emitir apenas um aviso. Um julgamento que não foi levado a público para evitar qualquer questionamento sobre o caso. A identidade do técnico não pode ser revelada por uma decisão da Justiça inglesa em um processo que dois ex-jogadores, Alan Rogers e Steven Jennings, são acusados de chantagear o treinador, além de atrapalhar o andamento da Justiça. O caso acabou deixado de lado depois que o técnico disse ter mudado de ideia e não queria seguir com o processo.

De acordo com provas ouvidas durante o julgamento, o técnico apostou 879 mil libras (cerca de US$ 1 milhão) ao longo de dois anos, resultado em perdas de 270 mil. Segundo alegado pelo técnico, ele “excluiu a sai mesmo das principais casas de apostas” em uma tentativa de mudar seu estilo de vida. Em uma das cartas enviadas ao tribunal explicando por que ele queria abandonar o julgamento, o juiz disse estar “preocupado com o seu bem-estar”.

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Ser técnico seria um agravante no envolvimento com apostas

A FA não declarou se o estado mental do técnico foi motivo da entidade decidir não o punir, como tem acontecido em casos similares, como de Ivan Toney, suspenso por oito meses por fazer apostas, incluindo no futebol e até no próprio clube. No caso de Toney, o vício em apostas constatado clinicamente foi atenuante para a punição ser menor. Não se sabe se o vício foi constatado neste caso e nem se foi um fator atenuante do caso.

As apostas do técnico foram de valores desde 5 libras até 400 libras, mas não foi informado se ele chegou a apostas no clube que trabalhava. O seu caso poderia até ser visto como mais grave que o de jogadores, porque ele tem ainda mais influência no decorrer do jogo. Até por isso, sua responsabilidade também seria maior. A FA não explicou por que o treinador não foi punido de forma severa por isso.

Punição poderia revelar segredo de Justiça

A situação é complicada para a FA, porque uma punição faria com que a sua identidade ficasse exposta, caso um clube tentasse contratá-lo. A Justiça estabeleceu que a identidade dele não pode ser revelada e a punição colocaria isso em risco. Assim, o técnico continua trabalhando em uma das quatro divisões profissionais da Inglaterra. Ele deixou o clube onde estava quando fez as apostas, mas o atual clube foi alertado que ele estava sob um caso na Justiça e que ele poderia vir a ser punido disciplinarmente.

Embora questionada, a FA não se posicionou sobre o assunto. A decisão interna está tomada, mas não foi divulgada e a entidade não pretende tornar isso público. Assim, não se sabe exatamente qual é a razão pelo qual o técnico recebe esse tratamento. É um caso que não há esclarecimentos. Por questões legais que a FA não quer contextualizar, houve um tratamento com ele diferente do que houve com os jogadores, que sentiram a política de tolerância zero com apostas, o que parece o mais adequado para lidar com esse problema.

Foto de Felipe Lobo

Felipe Lobo

Formado em Comunicação e Multimeios na PUC-SP e Jornalismo pela USP, encontrou no jornalismo a melhor forma de unir duas paixões: futebol e escrever. Acha que é um grande técnico no Football Manager e se apaixonou por futebol italiano (Forza Inter!). Saiu da posição de leitor para trabalhar na Trivela em 2009, onde ficou até 2023.
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