Postecoglou aceita decisões da arbitragem, mas faz críticas às consequências do VAR no futebol
Cinco gols anulados, duas expulsões e inevitáveis polêmicas: o Tottenham x Chelsea foi um caos que Postecoglou não reclamou das decisões, mas das consequências do uso do VAR no futebol
O duelo entre Tottenham e Chelsea nesta segunda-feira (6), pela Premier League, foi bastante caótico. A vitória do Chelsea por 4 a 1 no fim não reflete de maneira alguma como foi o jogo ou a dificuldade que os Blues tiveram para vencer o jogo. O jogo foi uma loucura: cinco gols anulados e duas expulsões, as duas do lado dos Spurs. As muitas decisões que passaram pelo VAR foram motivo de discussão na Inglaterra, um país onde essa discussão é bem diferente daqui, embora os questionamentos também existam.
O técnico do Tottenham, Ange Postecoglou, não quis reclamar da arbitragem da partida, especificamente. Ele fez uma crítica à forma como o VAR tem sido usado, causando longas esperas pelas decisões. Mais do que isso: acha que o uso do VAR está minando a autoridade dos árbitros em campo. É a segunda vez em poucos dias que o uso do VAR é questionado. Mikel Arteta fez o mesmo no último sábado, depois de uma decisão bastante controversa (dá para dizer errada mesmo) sobre o gol do Newcastle que deu ao time a vitória sobre o seu Arsenal.
Uma sequência de acontecimentos caóticos
O jogo teve um gol cedo, logo aos seis minutos, de Dejan Kulusevski. Depois, aos 14, Son Heung-min teve um gol anulado por impedimento. Aos 18, Destiny Udogie recebeu cartão amarelo do árbitro, depois de revisão de um potencial vermelho.
Aos 24 minutos, Raheem Sterling teve o seu gol anulado pelo Chelsea. Moises Caicedo teve outro gol anulado aos 28 minutos. Aos 31, o VAR recomenda uma revisão da entrada de Christian Romero em Enzo Fernández e é concedido um pênalti ao Chelsea. Não só isso: Romero ainda é expulso pelo lance, deixando o Tottenham com um jogador a menos. Cole Palmer marca de pênalti aos 35 minutos.
Aos 37, Nicolas Jackson tem o seu gol anulado por impedimento. James Maddison, um dos principais jogadores do Tottenham, se machucou aos 43 minutos do primeiro tempo. Aos 44, o zagueiro Van de Ven também sente lesão. Maddison e Van de Ven são substituídos aos 46 minutos, ainda no primeiro tempo. São dados 12 minutos de acréscimos na primeira etapa.
Aos 10 minutos do segundo tempo, Udogie recebe o segundo cartão vermelho e é expulso. Com dois a menos, o Tottenham tentou se defender ainda usando a linha alta. Foi assim que Sterling aproveitou aos 30 minutos para dar o passe para Jackson marcar o segundo e dar a virada ao Chelsea.
Eric Dier marcou um gol aos 33 minutos, mas foi anulado. Aos 49 minutos, Conor Gallagher fez o passe para Jackson marcar mais um. Aos 52 minutos, Jackson marcou outro para cravar o 4 a 1 do placar final.
Postecoglou: “Um estudo forense em cada decisão”
“Decisões são decisões, você ou aceita ou não. Algumas são autoinflingidos, mas se você for reclamar de cada decisão ruim cada semana, o que irá acontecer é o que aconteceu hoje: um estudo forense em cada decisão”, disse Postecoglou.
“Eu acho que esse é o modo do jogo perder. Eu não gosto. Eu posso ser uma voz solitária, já que me foi dito que esse é o caminho adiante. Com a intervenção do VAR, eu sinto que passamos muito tempo esperando pelas decisões”, continuou o técnico dos Spurs.
“Em algum momento, temos que aceitar a decisão do árbitro. Foi assim que eu cresci. O que o jogo passará a ter é essa constante erosão de autoridade dos árbitros. Eles não terão nenhuma autoridade, tudo será minimizado e estaremos no controle de alguém a alguns quilômetros de distância assistindo a uma tela de TV”, criticou.
A linha alta foi um dos pontos que chamou a atenção no Tottenham. Mesmo com dois jogadores a menos, o treinador manteve a ideia para dificultar as coisas para o Chelsea. No fim, acabou sendo fatal porque o Chelsea conseguiu explorar e marcar gols assim na reta final da partida.
O treinador defendeu a ideia. “É apenas quem nós somos. É assim que somos e assim será enquanto eu estiver aqui. Se estivermos só com cinco jogadores, é assim que faremos”, disse o australiano.
Pochettino: “Esse é o futebol que queremos”
Mauricio Pochettino era um personagem importante do jogo. Muito querido pela torcida do Tottenham, o argentino agora treina o Chelsea e vinha de uma sequência ruim, não só de resultados, mas de futebol jogador. Até por isso, a vitória foi muito celebrada do lado dos Blues.
“Esse é o futebol que queremos. Eu realmente gostei do modo como jogamos hoje. Fomos muito competitivos. Foi um jogo incrível”, afirmou o treinador. “Foi difícil para controlarmos o jogo, muitos erros com a posse de bola. A linha defensiva estava tão alta e não tínhamos paciência para encontrar a bola certa. Quando o time não está cheio de confiança, isso pode acontecer”.
A falta de gols do Chelsea vinha preocupando e isso vinha tornando a crítica a Nicolas Jackson mais pesada. Com os três gols em um duelo com rivalidade como esse, o atacante senegalês deve ganhar um pouco mais de tranquilidade, além de confiança.
“Isso irá construir sua confiança. Quando atacantes são jovens e você chega em um clube como o Chelsea, as exigências são enormes”, disse Pochettino. “Havia uma pressão imensa sobre ele, mas eu espero que este hat-trick permita que ele jogue mais relaxado e mais confiante”.
O Chelsea volta a campo no próximo domingo (12), diante do poderoso Manchester City, que assumiu a liderança da Premier League. Os Blues ainda estão em 10º na tabela, 12 pontos atrás do City. O jogo será em Stamford Bridge e será uma boa oportunidade para colocar toda essa confiança à prova depois de um jogo como esse no Tottenham Hotspur Stadium.
Já o Tottenham volta a campo no sábado (11), contra o Wolverhampton, no estádio Molineaux. Com a derrota, os Spurs caíram para o segundo lugar na tabela da Premier League, um ponto atrás do Manchester City e dois à frente do terceiro colocado, o Liverpool.