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O que esperar de David Moyes, o novo comandante do United

Após o baque sofrido na quarta-feira, o Manchester United não demorou a anunciar o substituto de Sir Alex Ferguson. E não causou nenhuma surpresa na escolha: David Moyes será o novo técnico do clube. O sexto escocês a comandar os Red Devils. O homem visto como o herdeiro natural para seguir a dinastia de Ferguson e Sir Matt Busby, responsáveis por 51 dos 61 títulos conquistados pelo United ao longo de sua história.

A intenção do clube é clara com a escolha. A diretoria quer um técnico capaz de planejar os rumos do United a longo prazo. Não à toa, o escocês assinou seu novo contrato pelos próximos seis anos. Como principais características, Moyes sabe fazer bons negócios no mercado de transferências e aproveitar suas categorias de base – traços bastante similares a Ferguson. Agora, seu maior desafio será lidar com o ambiente de Old Trafford, um ambiente bem mais grandioso que o do Goodison Park.

As palavras dos próximos mentores

Através do site oficial do United, Ferguson foi o primeiro a abrir as portas a Moyes: “Quando discutimos os candidatos com os melhores atributos, fomos unânimes em escolher Moyes. É um homem com grande integridade, forte ética de trabalho. Temos admirado seu trabalho por um longo tempo. Em 1998, discutimos a possibilidade de contratá-lo como assistente. Ele era jovem e estava começando sua carreira. Desde então, Moyes fez um trabalho magnífico no Everton. Não há questões que ele tem todas as qualidades que esperamos de um técnico”.

Ferguson e Moyes: a lenda e seu substituto no United
Ferguson e Moyes: a lenda e seu substituto no United

Ídolo do clube e ainda ativo nos bastidores, Bobby Charlton também exaltou a escolha: “Nós sempre dissemos que queríamos que o próximo treinador fosse um genuíno homem do Manchester United. Em Moyes, temos alguém que entende o que torna este clube tão especial. Asseguramos um homem que está comprometido a longo prazo e irá construir times para o futuro, bem como para agora. Estabilidade gera sucesso”.

O currículo do novo técnico

Aos 50 anos de idade, David Moyes não possui um currículo tão qualificado quanto o de Sir Alex Ferguson quando chegou em Old Trafford, aos 45 – então, três vezes campeão escocês e da Recopa Europeia. Ex-zagueiro de pouca projeção, assumiu o Presto North End antes mesmo de pendurar as chuteiras. Depois de conquistar o acesso à segunda divisão com os Whites, foi contratado pelo Everton em 2002, onde permaneceu por 11 temporadas e foi eleito por três vezes o treinador do ano da liga.

A melhor campanha foi alcançada em sua terceira temporada, quando terminou em quarto e recolocou o Everton na Liga dos Campeões após 40 anos – embora o time tenha sido eliminado nas preliminares, pelo Villarreal. Mesmo sem levantar um título sequer, Moyes manteve o Everton como um clube de topo de tabela. Somente duas vezes terminou abaixo da oitava colocação. É verdade que o time se distanciou do Top Four a partir de 2010, mas a queda é explicada também pela diferença econômica em relação aos clubes de Manchester e Londres.

O que esperar de Moyes

Assim como Ferguson, Moyes será o “manager” do Manchester United. Trabalhará tanto à beira do campo quanto nos escritórios. Dois ambientes nos quais se sente muito bem. Nessa segunda função, saiu-se ainda melhor com o Everton. Trouxe jogadores com Tim Cahill, Mikel Arteta, Joleon Lescott e Phil Jagielka gastando, em média, € 18,4 milhões por temporada. Mais que isso, revelou Wayne Rooney, Jack Rodwell, Leon Osman, Tony Hibbert, aproveitando muito bem as categorias de base.

Moyes e Rooney, nos tempos de Everton
Moyes e Rooney, nos tempos de Everton

Alguns dos antigos comandados, aliás, são especulados como possíveis reforços do United a partir de agora. Leighton Baines é o nome mais forte. Já Marouane Fellaini, que não renovará seu contrato com os Toffees e almejava ir para um clube maior, pode ter seus desejos sanados em Old Trafford. Entretanto, por enquanto a maior questão se concentra na permanência de Rooney, que solicitou sua transferência logo após o anúncio do adeus de Ferguson. A relação com o treinador que o revelou é nebulosa (se desentenderam, mas teriam se reconciliado depois), mas boa parte da imprensa inglesa avalia que possa ser benéfica ao camisa 10.

Com a prancheta em mãos, Moyes também se assemelha ao estilo de Ferguson. É um treinador que aprecia times compactos, que ocupam bem os espaços do campo. Seu Everton tem grande capacidade de atacar bastante pelas laterais e de ser incisivo nas ações – não por menos, é a equipe da Premier League com mais posse de bola no terço ofensivo do campo. Além disso, possui o jogo aéreo como virtude.

Ainda assim, Moyes tem outra característica que o torna ainda mais próximo de seu antecessor: saber adaptar o time ao elenco que tem em mãos, bem como redescobrir as aptidões de seus comandados. Sua relação com os jogadores é bastante próxima, considerada paternal. Característica bastante importante para um grupo estrelado como o do Manchester United, não apenas para aproveitá-lo ao máximo, como também para lidar com os egos – um problema não tão comum em seus tempos em Liverpool.

Assim como a realidade interna será diferente em Old Trafford, a pressão externa também se elevará no novo clube. O escocês terá que passar por cima da falta de experiência em competições internacionais, bem como pela pecha de que falhe nos momentos decisivos. Em Manchester, eles devem ser constantes. Para ajudá-lo, seu tratamento com a imprensa é tido como exemplar, construindo uma boa relação com os jornalistas enquanto esteve nos Toffees.

Considerando o processo pelo qual o Manchester United passará pelos próximos anos, David Moyes terá tempo para se adaptar ao novo ambiente. O contrato por seis anos demonstra a paciência da diretoria. E, de qualquer forma, Ferguson se manterá por perto. A cisão de um período de 26,5 anos, que prometia ser dura, é atenuada pelo estilo do novo treinador. Olhando para o mercado, é difícil encontrar uma escolha mais acertada aos Red Devils.

Foto de Leandro Stein

Leandro Stein

É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Escreveu na Trivela de abril de 2010 a novembro de 2023.

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