Alívio do Arsenal e resignação dos Spurs no desfecho da PL

Desde o empate contra o Chelsea, há duas rodadas, o Tottenham sabia que sua situação na Premier League era delicada. Os Spurs precisavam vencer seus jogos e dependiam de um tropeço do Arsenal. Até fizeram sua parte, mas não contaram com a colaboração dos rivais. Em uma rodada final emocionante, os Gunners garantiram a quarta colocação na tabela. A última vaga na Liga dos Campeões, aquele prêmio que Arsène Wenger coloca acima das copas nacionais e que, ao menos para o treinador, suplanta a falta de títulos desde 2005.
Curiosamente, Arsenal e Tottenham tiveram pela frente os dois rivais do norte da Inglaterra, Newcastle e Sunderland. Magpies e Black Cats não corriam mais risco de rebaixamento, mas fizeram bem seus papéis ao dificultarem o lado dos adversários. Como resultado final, duas vitórias dos londrinos por 1 a 0, que acabaram beneficiando os Gunners, que já estavam um ponto à frente na tabela.
E as partidas finais pareceram um resumo da temporada da dupla do norte de Londres. O Arsenal precisou conviver com a letargia característica em outras ocasiões. O Newcastle se portou como um mandante em St. James Park e atacou bastante no primeiro tempo. O gol de Laurent Koscielny logo após o intervalo, entretanto, acabou selando a vitória dos Magpies e abrindo o caminho para a festa do time de Arsène Wenger.
Já em White Hart Lane, o Tottenham foi extremamente agressivo. Foram 35 finalizações dos Spurs, 28 apenas no segundo tempo. Entretanto, o Sunderland se empenhou demais para segurar a pressão. Somente Jack Colback afastou três bolas em cima da linha, uma delas ainda esbarrando na trave. O caminho para os londrinos só foi facilitado nos 15 minutos finais, quando David Vaughan foi expulso para os Black Cats. E, mais uma vez, coube a Gareth Bale chamar a responsabilidade e decidir, marcando o gol da vitória aos 44 do segundo tempo.
Os rumos de Spurs e Gunners
Ao Arsenal, a classificação às preliminares da Liga dos Campeões é um alívio. O clube emenda sua 16ª participação consecutiva no torneio continental e mantém o aporte financeiro que já tinha se tornado garantia nos últimos anos. Mais do que isso, tira uma pressão maior sobre Wenger. Está mais do que evidente que o francês precisa de uma postura contundente no mercado de transferências, em busca de reforços. Com a LC, a necessidade por uma revolução no elenco é menor, mantendo a tranquilidade ao treinador na liderança do processo.
Lidar com os questionamentos sobre seu trabalho se tornou corriqueiro a Wenger. Agora, o técnico precisa demonstrar que realmente tem condições de levar os Gunners a novos sucessos. A situação de monotonia no Top Four e campanhas razoáveis na Liga dos Campeões já encheram a paciência da torcida e de muitos dentro do clube. A estabilidade não é favorável quando a sensação real não é de evolução, mas sim de estagnação.
Por sua vez, o Tottenham também se beneficia em certo ponto. Por mais que os milhões de euros da Champions não venham, André Villas-Boas terá a calma necessária para seguir conduzindo seu projeto, que agradou nesta primeira temporada. Não será um revés dolorido principalmente se Gareth Bale for mantido em White Hart Lane, como a diretoria prometeu. Entretanto, os Spurs precisam provar sua satisfação com o craque oferecendo um aumento considerável de salário.
A questão maior será sobre qual o tamanho da cobiça de Real Madrid e outros interessados em Bale durante a janela de transferências. Tudo bem que não há outro jogador na Premier League com tamanho pode de decisão e que o Tottenham se mostrou extremamente dependente da inspiração do meia. Ainda assim, uma oferta realmente alta deve ser bem analisada, especialmente quando pode significar a montagem de um time forte como um todo. As vendas de Luka Modric e Rafael van der Vaart, que geraram as chegadas de Moussa Dembélé, Hugo Lloris e Jan Vertonghen, são bons exemplos.
Encerrada a Premier League, Arsenal e Tottenham devem começar a pensar no futuro desde já. Os Spurs, planejando uma ascensão cada vez mais consistente para se firmar no Top Four e depender apenas de si para voltar à Liga dos Campeões. Já os Gunners, traçando novos rumos para fugir da acomodação e da modéstia que foram tão comuns nas últimas temporadas.
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