Inglaterra

Título nos pênaltis sobre o Manchester City vale muito mais do que a taça para o Arsenal

Depois de uma temporada em que sonhou com o título e viu o Manchester City ficar com a taça, Arsenal começa com uma vitória que ajuda a dar um impulso emocional

A Community Shield, a Supercopa da Inglaterra, tradicionalmente é um jogo que abre a temporada de futebol da Inglaterra (ao menos na primeira divisão) e tem pouco valor como título. Mesmo assim, a conquista do Arsenal neste domingo ao bater o Manchester City tem um peso simbólico. Não só pela forma dramática como aconteceu, arrancando empate aos 101 minutos e depois vencendo nos pênaltis, mas por tudo que foi a temporada passada.

Diante de uma chance de confrontar aquele time que significou um coração partido para os Gunners, o time conseguiu fazer um jogo bastante competitivo. O título não será celebrado nas ruas de Londres, muito longe disso, mas para um time que ficou em segundo lugar depois de sonhar com o título por grande parte da temporada e sentir que ele escapou pelos dedos, ainda que para um time absolutamente fantástico como o Manchester City, a vitória tem um peso simbólico.

O Arsenal se reforçou, levou jogadores importantes para o Emirates Stadium e, assim, espera conseguir competir mais com o Manchester City de Guardiola. No jogo, conseguiu. Na maior parte do jogo, a partida foi bastante equilibrada. Os dois times mostraram forças e poderiam ter aberto o placar antes. Depois de tomar o gol, tudo indicava que o Arsenal seria derrotado, porque o City foi melhor dali em diante.

Só que futebol permite que tudo mude em um lance e foi o que aconteceu aos 101 minutos, quando Leandro Trossard colocou a bola na rede, contando com um desvio cruel. O placar de 1 a 1 e a vitória nos pênaltis, depois, têm algo muito mais importante que a taça, neste momento: significa uma carta de intenções: vai dificultar ainda mais para o Manchester City.

Escalações (quase) titulares para abrir a temporada

Os dois times foram a campo com escalações com quase todos os titulares. No Manchester City, o reserva foi o goleiro Stefan Ortega, com Ederson no banco. No mais, o time foi basicamente o que vimos na temporada passada. Desta vez, porém, com uma formação um pouco diferente, em um 4-3-3, com Manuel Akanji como lateral direito, Kyle Walker na direita e John Stones como zagueiro pelo meio ao lado de Rúben Dias.

No meio-campo, o titular foi Mateo Kovacic, que entrou no lugar de Ilkay Gündogan, que foi para o Barcelona. Ficou ao lado de Rodri, que permaneceu mais recuado. Mais à frente, Bernardo Silva, Jack Grealish, Julian Álvarez e Erling Haaland. A ausência mais sentida era a de Kevin De Bruyne, que começou no banco.

No Arsenal, o mesmo 4-3-3 que nos acostumamos a ver na temporada passada, com a escalação parecida, mas reforçada. O lateral esquerdo foi Jurriën Timber, que atua normalmente pelo lado esquerdo, mas que foi bem improvisado. No mais, escalação muito similar, com Gabriel Magalhães e William Saliba pelo meio e Benjamin White pela direita, além, de Aaron Ramsdale no gol.

No meio, Thomas Partey era o jogador mais recuado, com Declan Rice perto dele e Martin Odegaard mais liberado para encostar no ataque. Gabriel Martinelli, Bukayo Saka e Kai Havertz completaram o time. Isso porque Gabriel Jesus, machucado, não foi para o jogo.

Primeiro tempo equilibrado

Os dois times fizeram um primeiro jogo de temporada bastante movimentado, até mais do que se esperava para equipes que estão longe do seu preparo físico ideal. Os campeões de tudo, o Manchester City, ficavam mais com a bola, com 62% no primeiro tempo. Mas a melhor chance do primeiro tempo foi mesmo do Arsenal.

O City rondava a área do Arsenal, mas sem levar muito perigo, exceto em alguns cruzamentos que davam sustos nos torcedores do Arsenal. Era melhor, mas com dificuldades especialmente dentro da área.

Depois de uma boa jogada pela direita, Ben White tocou para Kai Havertz, dentro da área, que ajeitou para Gabriel Martinelli, na esquerda. Ele chutou firme, mas a bola tocou na defesa e espirrou para longe. Uma excelente chance que os Gunners tiveram.

Dali até o fim do primeiro tempo, o Arsenal foi bem melhor, com uma ótima chance de Kai Havertz, aos 39 minutos, quando ele recebeu da direita, livre, bateu de pé direito e ficou em cima do goleiro. Uma ótima oportunidade desperdiçada.

Rodri tentou um golaço do meio-campo que realmente ameaçou, pegando na rede superior do gol, já que Ramsdale estava adiantado. No fim, empate na primeira etapa e fruto de um bom jogo.

Guardiola muda o time e o jogo a favor do City

Cole Palmeira chuta para marcar o gol do Manchester City (Icon Sport)

No início da etapa final, Pep Guardiola começou a mexer no time. Primeiro, colocou Phil Foden no lugar de Jack Grealish. Depois, aos 19, colocou Cole Palmer e Kevin De Bruyne nos lugares de Erling Haaland e Mateo Kovacic. Dali em diante, o Arsenal sofreu muito mais.

O que era um jogo equilibrado passou a ter o Manchester City muito melhor em campo. Buscando o gol, ele saiu aos 31 minutos. De Bruyne acionou Cole Palmer no lado direito e o atacante fez a finta para o meio e bateu bonito, colocado, no ângulo: golaço e 1 a 0 no placar.

O gol já era ruim o suficiente, mas o pior é que as mexidas de Guardiola pareceram virar o jogo todo para o City. Mikel Arteta tinha mexido um minuto antes do gol com a entrada de Leandro Trossard e também de Kieram Tierney nos lugares de Martinelli e Timber, mas o time sofria.

Arsenal acredita e arranca empate e vitória nos pênaltis

No final do jogo, com a sensação de desespero, o Arsenal foi para um tudo ou nada. Colocou Edward Nketiah, Emile Smith Rowe e Fabio Viera e saíram Declan Rice, Gabriel Magalhães e Kai Havertz. O time não jogava exatamente bem, mas pressionava na base do abafa.

Estávamos nos acréscimos quando Leandro Trossard recebeu pelo lado direito, fintou para o meio e chutou como dava. A bola desviou em Manuel Akanji e matou o goleiro Stefan Ortega: 1 a 1 no placar. Isso tudo aos 101 minutos. Sim, isso mesmo, porque o jogo teve muitos acréscimos e o Arsenal conseguiu marcar para igualar o marcador.

A partida, então, foi para os pênaltis. Martin Odegaard começou cobrando e fez pelo Arsenal e Kevin De Bruyne cobrou na trave. Trossard, que marcou o gol de empate no tempo normal, cobrou pênalti e marcou. Bernardo Silva, pelo Manchester City, cobrou e marcou. Saka também marcou pelo Arsenal, mas Rodribateu e Ramsdale pegou.

Assim, bastava Fabio Vieira marcar e o Arsenal seria campeão. O português cobrou com muita precisão, no ângulo, e marcou. Vitória do Arsenal nos pênaltis: 4 a 1. Ele saiu para o abraço, a comemoração, e confirmou o título do Arsenal na Community Shield, de forma emocionante.

Um título que serve como aviso para o Manchester City. O time de Pep Guardiola é o favorito novamente na temporada em todas as frentes que disputa, a começar pela Premier League. Mas o título do Arsenal serve como uma forma dos Gunners se colocarem novamente como um perseguidor para dificultar mais do que na temporada passada – ou ao menos é isso que Arteta e seus comandados esperam.

Estatísticas do jogo

  • Posse de bola: Manchester City 55% x 45% Arsenal
  • Passes: Manchester City 588 x 486 Arsenal
  • Chutes a gol: Manchester City 8×7 Arsenal
  • Chutes no alvo: Manchester City 4×3 Arsenal
  • Faltas: Manchester City 11×6 Arsenal
  • Grandes chances: Manchester City 1×1 Arsenal
Foto de Felipe Lobo

Felipe Lobo

Formado em Comunicação e Multimeios na PUC-SP e Jornalismo pela USP, encontrou no jornalismo a melhor forma de unir duas paixões: futebol e escrever. Acha que é um grande técnico no Football Manager e se apaixonou por futebol italiano (Forza Inter!). Saiu da posição de leitor para trabalhar na Trivela em 2009, onde ficou até 2023.
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