As diferenças que o Liverpool de Slot já mostra em relação ao time de Klopp

Arne Slot fez apenas dois jogos oficiais no comando do Liverpool. No entanto, já é possível observar algumas diferenças na abordagem tática do novo treinador para seu antecessor Jürgen Klopp.

Até aqui, os Reds venceram o Ipswich Town e o Brentford, ambas por 2 a 0, nas duas primeiras rodadas da Premier League.

Apesar do pouco tempo de trabalho, o novo treinador do Liverpool implementou algumas dinâmicas diferentes. Desde a mudança na formação tática, até a maneira como o time constrói desde seu campo de defesa.

É fato que a manutenção do elenco e a forte pré-temporada contribuíram para que o time de Anfield Road começasse o novo ciclo com 100% de aproveitamento.

Mas é importante ressaltar também que a leitura de jogo de Slot e a capacidade do time em se adaptar aos diversos cenários do jogo também contribuíram para o que observamos nestes dois primeiros jogos da temporada.

Slot põe fim ao 4-3-3 e implementa nova pressão na saída de bola

A primeira grande mudança do Liverpool sob o comando de Slot foi a formação tática adotada pelo holandês. Durante as últimas nove temporadas, nos acostumamos a ver o time de Klopp adotando o sistema 4-3-3.

Nos dois primeiros jogos da Premier League, o novo treinador implementou o 4-2-3-1. Contra o Ipswich, na primeira rodada, o quarteto ofensivo formado por Salah, Luis Díaz, Diogo Jota e Szoboszlai, pressionou a saída de bola adversária para provocar chutões ou erros de passe.

Sendo assim, na fase defensiva, o time do Liverpool se dividia em dois blocos para recuperar a bola, deixando a equipe um pouco mais espaçada.

Na era Klopp, essa pressão era feita em blocos mais compactos, seja iniciando a pressão a partir do meio-campo, ou subindo a defesa, para evitar espaços entre os setores.

Como o Ipswich tentava chegar ao ataque por meio de lançamentos para seu centroavante, o Liverpool avançava seus quatro jogadores de ataque. Isso obrigava o chutão, e a possibilidade de recuperar a bola mais tranquilamente.

Além de forçar o erro adversário, a formação destes dois blocos tinha como objetivo gerar superioridade numérica no setor onde a bola caísse após o lançamento.

Adaptação aos diversos cenários do jogo

Outra característica importante do Liverpool sob o comando de Arne Slot foi a capacidade que a equipe demonstrou em se adaptar ao cenário do jogo.

O melhor exemplo se deu na partida contra o Ipswich. Na etapa inicial, o Liverpool saiu com uma linha de três, formada por Quansah, Van Dijk e Robertson. À frente desta primeira linha, Arnold, Gravenberch e McAllister se posicionavam formando outra linha de três.

Szoboszlai funcionou como um enganche, enquanto Salah, Luis Díaz e Diogo Jota fechavam o ataque, em uma espécie de 3-3-1-3 quando o time iniciava sua saída de bola.

Este desenho dificultou o trabalho de criação de chances do Liverpool, que teve pouco aproveitamento com a bola no pé durante os 45 minutos iniciais. O primeiro tempo acabou sem muitas chances e obrigou Slot a repensar a dinâmica do time.

No segundo tempo, o Liverpool passou a deixar seus dois zagueiros bem abertos para fazer a saída de bola, contando com o goleiro Alisson como parte da sua linha de três.

A partir daí, Arnold, Gravenberch, McAllister e Robertson montavam uma linha de quatro jogadores à frente dos zagueiros para facilitar a saída de bola.

Aliás, os dois alas dos Reds jogaram mais abertos pelos lados do campo, dando ao time mais amplitude. Além disso, a movimentação dos meias ajudava a desencaixar a marcação adversária. 

Szoboszlai teve um impacto importante também, já que se movimentava muito entre as linhas, se aproximando para dar opção aos zagueiros e aparecendo como opção ao ataque.

Com as mudanças, o time de Slot tomou o controle da partida, marcou seus gols e criou outras inúmeras chances.

Saída de bola eficiente deu vantagem ao Liverpool na estreia da Premier League

O segundo tempo de jogo contra o Ipswich mostrou a capacidade deste novo Liverpool em sair de situações complicadas para conseguir dominar seus jogos.

Com um novo desenho em sua saída de bola, os Reds empilharam chances com construções desde sua defesa, e poderiam ter goleado o recém-promovido da Premier League.

Como os dois laterais ficavam bem abertos, o Liverpool conseguia abrir o campo para suplantar a pressão adversária.

Ao passar pela primeira pressão, ao menos um jogador da equipe ficava livre, com muito espaço a partir do meio-campo para colocar os atacantes em situações claras de gol.

Foi assim que Salah marcou seu primeiro gol nesta edição da Premier League. Gravenberch tabelou com Arnold, que teve ampla visão de jogo para achar o passe nas costas da defesa, deixando o artilheiro livre para marcar.

Slot dá mais liberdade aos seus laterais

Outra mudança do estilo de jogo de Klopp para o que é feito por Slot atualmente, é a liberdade que seus laterais tem para atacar simultaneamente. Afinal, Arnold e Robertson tem como característica a participação ofensiva desde… sempre.

Não foi incomum vermos os dois alas dos Reds apoiando o ataque, principalmente quando a equipe conseguia chegar a linha de fundo.

Durante o tempo em que era treinado pelo alemão, enquanto um lateral descia, o outro fechava por dentro.

Os meias também recebem a mesma liberdade para circular na área, e não mais esperarem um rebote para fazer o perde pressiona caso o time perca a bola.

É tudo muito novo neste trabalho de Slot no Liverpool, mas ao que tudo indica, o holandês promete fazer do time inglês uma equipe mais ofensiva, e exposta caso haja necessidade.

O próximo desafio dos Reds acontece neste domingo (1), diante do Manchester United, em Old Trafford. Após enfrentar equipes teoricamente mais limitadas, o duelo contra um dos integrantes do Big Six será um teste importante para a equipe.