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Empresário finlandês entra na briga com proposta para comprar o Manchester United em sociedade com os torcedores

Thomas Zilliacus, empreendedor do ramo de telefonia móvel e redes sociais, pretende dividir a propriedade dos Red Devils com as arquibancadas e dar poder de voto aos torcedores

O finlandês Thomas Zilliacus, empresário de 69 anos que foi executivo da Nokia na região Ásia-Pacífico e é empreendedor do ramo de telefonia móvel e redes sociais, se juntou ao bilionário britânico Jim Ratcliffe e ao catari Jassim Bin Hamad Al Thani na briga para comprar o Manchester United da família Glazer, com uma proposta que, se não for tão atraente financeiramente, tem um diferencial importante: ele promete dividir a propriedade do maior campeão inglês com os torcedores.

Os Glazers receberam uma segunda rodada de propostas ao longo da última semana. Ainda favoritos na disputa, Ratcliffe e Al Thani ofereceram valores maiores do que os iniciais, que não teriam superado £ 5 bilhões. Os norte-americanos buscam arrecadar perto de £ 6 bilhões pelo clube que compraram por £ 790 milhões, 17 anos atrás. Correndo por fora está o fundo de investimento Elliott Management, que controlou o Milan até vendê-lo para a Red Bird ano passado. A empresa do bilionário Paul Singer, no entanto, está mais interessado em financiar a compra de algum interessado ou fornecer fundos aos próprios Glazers do que em uma aquisição completa.

Ziliacus, que no passado foi presidente do HJK Helsinki e dono de um time de hóquei finlandês, pode ser apenas um idealista ou fez a sua lição de casa. A compra do United pelos Glazers em 2005 gerou uma reação forte de parte da base de torcedores. Alguns até racharam para criar um novo clube, o United of Manchester, e os protestos foram frequentes ao longo das últimas duas décadas. A maioria das críticas faz referência ao excesso de preocupação dos norte-americanos com a parte financeira, em detrimento da esportiva, e a própria natureza daquela aquisição, cujo processo acabou endividando o clube.

O clima do futebol inglês também é propício para uma proposta como a de Ziliacus. Torcedores passaram a cobrar mais participação nas tomadas de decisão dos clubes depois da derrocada da Superliga Europeia e conseguiram algumas vitórias importantes, com conselhos de torcedores no Chelsea e no Liverpool, por exemplo. O patrimônio do finlandês não é público, talvez (provavelmente) ele não tenha bala na agulha para competir com um empresário do Catar ou com um dos homens mais ricos do Reino Unido, então está tentando se destacar de outra forma.

“Qualquer clube esportivo, no fim das contas, tem que pertencer aos torcedores. O atual cenário, no qual xeiques e oligarcas tomam o controle de clubes como seus parques de diversão pessoais não é uma tendência saudável. O atual valor de mercado do clube é de aproximadamente US$ 3,9 bilhões. Isso significa que se cada torcedor do clube participar da compra, o total por torcedor seria menos de seis dólares. Minha proposta é construir igualdade com os torcedores”, disse Ziliacus, em um comunicado publicado pela sua empresa, novaM Group.

“Meu grupo financiará metade do valor necessário para comprar o clube e pedirá aos torcedores, por meio de uma empresa que está sendo organizada com esse propósito específico, a participar da outra metade. Cada torcedor que participar terá acesso por um aplicativo que ele pode usar, em qualquer lugar do mundo, para participar e votar em decisões relacionadas ao futebol. Nenhuma decisão que não tiver apoio da maioria da base de torcedores será tomada”, acrescentou.

“O Manchester United não deve ser apenas o melhor clube de futebol do mundo. Também deve ser um clube líder no mundo no trabalho para acabar com abuso, racismo e discurso de ódio nas redes sociais e em estádios esportivos. Se nossa proposta for sucedida, vamos garantir que o Manchester United, o melhor clube do mundo, operará com base em respeito, igualdade, dignidade, diversidade, harmonia racial e democracia, e com sua base de torcedores global incluída e envolvida em todas as decisões”, concluiu.

Em outro comunicado, Ziliacus afirmou que chamou Ratcliffe e Al Thani a fazerem uma proposta conjunta para comprar o clube e “canalizar mais dinheiro” para tudo, desde a compra de jogadores a melhorias no estádio. “Como eu ainda não recebi uma resposta, a XXI Century Capital (empresa de investimento da sua holding) aumentou sua proposta. Acreditamos que nossa proposta, que inclui o envolvimento de torcedores de uma maneira que nunca foi vista, assim como valores sobre os quais o clube será construído, é a melhor para o clube e seus torcedores”, disse.

“Eu continuo esperando poder trabalhar com Sir Jim Ratcliffe e xeique Jassim Al-Thani para melhorar o clube, mas, como não recebemos respostas, a XXI Century Capital não viu outra opção a não ser aumentar sua própria proposta. Nosso desejo de comprar o clube é muito sério. Vamos transformá-lo no melhor clube do mundo e vamos crescer significativamente uma base de torcedores que já é enorme ao redor do mundo, oferecendo torcedores em todo o lugar vias sem precedentes para se envolver se comunicar com o clube e jogadores”, encerrou.

Ratcliffe e Al Thani estiveram em Manchester esta semana para dar uma olhada nas instalações do clube que pretendem comprar. O Raine Group, banco norte-americano que está conduzindo a venda, avaliará as propostas e deve dar uma atualização na próxima semana se alguma delas é a favorita ou se haverá uma nova rodada para os interessados.

Foto de Bruno Bonsanti

Bruno Bonsanti

Como todo aluno da Cásper Líbero que se preze, passou por Rádio Gazeta, Gazeta Esportiva e Portal Terra antes de aterrissar no site que sempre gostou de ler (acredite, ele está falando da Trivela). Acredita que o futebol tem uma capacidade única de causar alegria e tristeza nas mesmas proporções, o que sempre sentiu na pele com os times para os quais torce.
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