Ferguson revela que tentou levar Ronaldo em 1994, e Guardiola era seu substituto favorito
Já são três temporadas desde a sua aposentadoria do futebol. Mesmo assim, Alex Ferguson continua como um dos nomes mais influentes entre os clubes europeus. Lançando novo livro, o ex-técnico do Manchester United aproveitou a ocasião para retomar os microfones em coletiva de imprensa. Contudo, desta vez, não teve os seus famosos embates com os jornalistas. Preferiu recontar as histórias de seus 27 anos em Old Trafford. Principalmente, as que não aconteceram. Como as várias contratações frustradas, inclusive a de Ronaldo Fenômeno.
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“Nós queríamos contratá-lo junto ao Cruzeiro em 1994. No entanto, não conseguimos permissão de trabalho e ele acabou seguindo ao PSV”, afirmou o treinador. Outro brasileiro que também ficou na mira do United foi Lucas Moura, em história bem mais famosa, que Ferguson explicou: “Oferecemos 35 milhões de libras, mas o Paris Saint-Germain o levou com 10 milhões a mais”. Além dele, as negociações com o Atlético de Madrid por Agüero também naufragaram por causa do preço.
Um caso curioso contado por Ferguson aconteceu com Thomas Müller, sonho de consumo bem mais antigo dos Red Devils do que se pensa. Segundo o treinador, ele ouviu falar do atacante alemão quando ele tinha apenas 10 anos. “Nós fomos assistir a um jogo dele, mas, no dia seguinte, ele assinou justamente com o Bayern”, contou. Na última janela do mercado, o United tentou levar Müller a Old Trafford, sem sucesso.
Além disso, Ferguson também afirmou que teve a chance de tirar dois grandes ídolos do caminho do Chelsea. Primeiro, os mancunianos observaram Petr Cech no Rennes em 2003, mas acharam que ele era muito novo para aguentar a Premier League. Pouco depois veio a tentativa de trazer Didier Drogba, o que se desfez com a alta pedida dos Blues por seu artilheiro. Oferta que acabou coberta pelos Blues. Mesmo assim, o técnico afirmou que o único jogador dos londrinos que o incomodava era Gianfranco Zola: “Era um desses que não se perturbava contra qualquer adversário. Como ele curtia enfrentar o United? Ninguém mais fez. Ele era fantástico e adorava vê-lo jogar. Era muito melhor do que eu achava que fosse. E, para eu dizer isso sobre um adversário, mostra o quanto eu o admirava”.
Ferguson também falou bastante sobre a sua sucessão no Manchester United. A lenda de Old Trafford disse crer que David Moyes poderia ter se saído melhor, caso pudesse tomar decisões diferentes. Para ele, o grande erro esteve em demitir o assistente técnico Mike Phelan. “Não se deve mudar de repente as rotinas com as quais os jogadores estão confortáveis. É contraproducente, tira a moral e faz o elenco questionar os seus motivos”. O escocês, porém, não era o seu preferido para o cargo. Apesar dos estilos diferentes, o seu plano A era mesmo Pep Guardiola, para quem perdeu duas finais de Champions.
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“Eu jantei com Guardiola em Nova York, em 2012, mas não fiz nenhuma proposta porque a aposentadoria ainda não estava nos meus planos naquele momento. Ele já tinha um número respeitável de troféus com o Barcelona e o admirava grandemente. Pedi a ele que me ligasse antes que aceitasse a oferta de qualquer clube, mas ele não fez e acabou se juntando ao Bayern de Munique”, contou Ferguson.
Entre os outros candidatos, também estavam José Mourinho, Jürgen Klopp, Carlo Ancelotti e Louis van Gaal. “As melhores intenções da vida, às vezes, não acontecem na prática. Quando começamos a procurar alguém, muitos dos candidatos desejáveis não estavam disponíveis. Mourinho aparentemente tinha comprometido o seu retorno ao Chelsea, com Ancelotti indo substituí-lo no Real Madrid. Klopp estava feliz no Dortmund e iria assinar novo contrato. Já Van Gaal permanecia firme no compromisso de levar a Holanda para a Copa do Mundo”.
Sobre o atual comandante do Manchester United, Ferguson desejou sorte e elogiou principalmente a postura nas coletivas de imprensa – os seus prediletos ‘mind games’: “Para um técnico, não importa o resultado, você tem que entrar na conferência como um vencedor. A imprensa pode te matar, é importante parte do nosso trabalho. Amo as coletivas de Van Gaal, acho que são brilhantes. Eu posso ver alguns jornalistas se contorcerem com as respostas. Ele tem confiança para lidar com estas situações”.
Entretanto, a aposta de Ferguson para o futuro do Manchester United, ao que parece, se concentra em outro nome: Ryan Giggs. “Scholes, Cantona, Cristiano Ronaldo e Giggs fizeram a diferença em minha passagem pelo Manchester United. Ryan eventualmente irá se tornar um grande treinador. Ele é inteligência, tem presença e também conhecimento. Se ele tivesse se aposentado por volta dos 35 anos, e não aos 40, haveria todas as chances de se tornar meu assistente em meus últimos cinco anos no clube”. Considerando os 64 anos de Van Gaal e a importância de Giggs na comissão técnica, não será algo surpreendente.