Inglaterra

Um abaladíssimo Everton enfrenta um sem rumo Manchester United: o que sairá disso?

Vice-lanterna da Premier League, Everton se agarra no discurso do 'contra tudo e contra todos' e tenta vitória sobre o United, que vive temporada turbulenta

Na tarde deste domingo (24), a partir das 13h30 (horário de Brasília), Everton e Manchester United se enfrentam no Goodison Park, em jogo válido pela 13ª rodada da Premier League. Apesar de estarem em situações completamente opostas na tabela de classificação, as duas equipes se assemelham quando o assunto é ‘momento atual' e ‘satisfação da torcida'.

Enquanto os Toffees perdem 10 pontos em virtude de uma punição imposta pela Premier League e amargam a vice-lanterna do certame, os Red Devils seguem reféns da montanha-russa Ten Hag, marcada por inconsistência, polêmicas e muita turbulência no ambiente interno do clube. Por isso, antes da bola rolar no simpático e querido Goodison Park, vamos colocar os pingos nos is e destrinchar como os dois times chegam para o confronto.

Punição inesperada e queda vertiginosa na tabela: Everton tenta se reerguer após baque

Na última quinta-feira (17), o Everton foi punido pela Premier League com a perda de dez pontos na tabela de classificação do campeonato. O motivo? Os Toffees violaram regras do Fair Play Financeiro da liga, relacionadas a rentabilidade e sustentabilidade do clube, que recentemente foi adquirido pela empresa norte-americana 777 Partners.

Com a punição, a maior já aplicada na história da Premier League, o Everton caiu para vice-lanterna do torneio e agora soma apenas quatro pontos. A equipe de Liverpool, comandada por Sean Dyche, fazia campanha irregular antes de sofrer o baque, mas nada comparado ao fato de ser penalizada com a perda de 10 pontos. Em 12 rodadas, obteve quatro vitórias, dois empates e seis derrotas.

Após o veredito da Premier League, o Everton demonstrou sua insatisfação. Em nota, o clube questionou o tamanho do castigo e criticou veementemente a comissão independente da liga pela decisão “desproporcional e injusta”. Os Toffees prometem recorrer na justiça, mas sabem que a batalha será árdua.

– O Everton Football Club está chocado e desapontado com a decisão da Comissão da Premier League. O Clube acredita que a Comissão impôs uma sanção desportiva totalmente desproporcional e injusta. O Clube já comunicou a intenção de recorrer da decisão à Premier League. O processo de apelação começará agora e o caso do Clube será ouvido por um conselho de Apelação nomeado de acordo com as regras da Premier League no devido tempo. O Everton afirma que tem sido aberto e transparente nas informações que prestou à Premier League e que sempre respeitou a integridade do processo. O Clube não reconhece a conclusão de que não agiu com a máxima boa-fé e não entende que esta tenha sido uma alegação feita pela Premier League durante o curso do processo. Tanto a dureza como a severidade da sanção imposta pela Comissão não são um reflexo justo nem razoável das provas apresentadas. O Clube também monitorará com grande interesse as decisões tomadas em quaisquer outros casos relativos às Regras de Lucro e Sustentabilidade da Premier League.

É nesse clima que o Everton volta a campo. Mais do que tática e técnica, o time de Sean Dyche terá de ter cabeça no lugar e frieza para lidar com tal situação. Uma vitória sobre o United levaria os Toffees aos sete pontos e significaria, muito provavelmente, uma fuga da zona de rebaixamento.

Não é garantia de que o clube vença na justiça e receba de volta os pontos retirados. Por isso, a missão dentro de campo deve ser pautada na inteligência emocional, dos jogadores e da comissão técnica. Se desesperar não é uma opção. O Everton precisa reunir forças e, mais do que nunca, o apoio de sua apaixonada torcida, será fundamental nessa guerra.

Ten Hag ‘antipático', contratações decepcionantes e lesões aos montes: o confuso Manchester United 2023/24

O roteiro se repete, e o Manchester United mais uma vez não consegue ter paz. Escolhas erradas, ambiente pesado e fracassos retumbantes dentro de campo. A velha receita dos Red Devils foi decorada há anos pelos torcedores. Diferente da Champions League, competição na qual o clube amarga a lanterna do Grupo A, na Premier League até que a campanha não é tão ruim assim. Sexto colocado, com 21 pontos (sete vitórias e cinco derrotas).

O técnico Erik Ten Hag é um dos alvos preferidos da torcida do United. O perfil frio e um tanto quanto antipático do comandante holandês não caiu no gosto dos adeptos, que a cada tropeço da equipe não hesitam em pedir sua cabeça. Desde julho de 2022 em Old Trafford, Ten Hag de fato não conseguiu, até o momento, estabelecer uma identidade e um estilo de jogo para seu time. O preço disso? Estagnação e apatia dentro de campo.

Outro ponto crítico que merece destaque no trabalho de Ten Hag é o fato do holandês ter desfrutado de um grande orçamento para contratações. Nas últimas três janelas de transferências, o Manchester United gastou mais de 400 milhões de libras (aproximadamente R$ 2,4 bilhões pela cotação atual). Mas a pergunta que o torcedor se faz é: surtiu efeito todo esse esforço financeiro? E a resposta é muito clara: não.

O atacante brasileiro Antony, comprado junto ao Ajax pela bagatela de 86 milhões de libras, definitivamente não correspondeu ao seu alto preço. Em campo, muitos dribles sem sentido e pouquíssima efetividade. Marcou apenas oito gols em 56 partidas pelos Red Devils. Outro exemplo claro de fracasso é Mason Mount, contratado por 55 milhões de libras do Chelsea e que, até agora, fica mais no banco de reservas e no departamento médico do que no time titular.

Além de todas as questões citadas, o United ainda precisa se ater as diversas lesões em seu elenco. Tyrell Malacia, Lisandro Martínez, Casemiro, Christian Eriksen, Jonny Evans e Rasmus Højlund. Todos estão entregues ao departamento médico. Diante de um Everton machucado, mas faminto por vitória, Ten Hag e os Red Devils terão de se desdobrar se quiserem os três pontos na casa do adversário.

Foto de Guilherme Calvano

Guilherme CalvanoRedator

Jornalista pela UNESA, nascido e criado no Rio de Janeiro. Cobriu o Flamengo no Coluna do Fla e o Chelsea no Blues of Stamford. Na Trivela, é redator e escreve sobre futebol brasileiro e internacional.
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