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Emma Hayes, técnica do Chelsea: “WSL é a melhor liga do mundo. É uma utopia para as jogadoras”

A Women's Super League, WSL, se tornou uma liga desejada por muitas jogadoras em todo o mundo. Isso porque a liga inglesa feminina se tornou completamente profissional, um passo importante no desenvolvimento da modalidade no país. A temporada 2018/19 foi a primeira que as mulheres de toda a liga foram profissionais. A técnica do Chelsea, Emma Hayes, uma das mais badaladas do esporte, falou sobre ter contratado a estrela australiana Sam Kerr e sobre o desenvolvimento do futebol na Inglaterra. Para ela, não há como ter dúvida: a WSL é a melhor liga do mundo.

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“Eu me irrito com colocar limitações nas coisas: ‘não joguem em grandes estádios’, ‘não paguem demais às mulheres’. Por quê? Por que temos essas conversas? Nós devíamos estar mirando a porra do céu porque você quer saber? Se o produto cresce, o resto virá com ele. Não limite isso. Na verdade, tem que investir mais”.

Contratação de Sam Kerr

Sam Kerr (centro) com a técnica Emma Hayes (esq.) e a diretora Marina Gravnovskaia (Getty Images)

“O que precisa de convencimento? Sério, olhe para este lugar… O que precisa vendido como algo bom?”, afirmou a técnica, falando sobre convencer a atacante Sam Kerr, uma das melhores do mundo, a assinar pelo Chelsea. A jogadora deixou a NWSL, dos Estados Unidos, e a W-League, da sua terra natal, Austrália, e jogará na Europa pela primeira vez.

“Ela não quer opções fáceis e ela não é de ir para algum lugar que ela não sinta que precisam dela. Eu acho que nós encaixamos, ela e eu. Eu olho para algumas jogadoras e eu não acho que elas encaixariam no Chelsea, mas eu olho para ela e penso: ‘Você foi feita para o Chelsea’. É como eu sinto quando olho para Sam, ‘você foi feita para esta camisa’, é um grande clube, é um clube global, é um clube diverso, ela é perfeita para isso”, avaliou a treinadora, uma das mais renomadas do futebol feminino inglês.

A treinadora revelou inclusive que a contratação de Kerr não foi uma mera oportunidade. O clube queria levá-la para Londres há dois anos, mas só agora o sonho se tornou possível. “Às vezes pode acontecer da jogadora estar disponível e você a contrata para o próximo mês. Uau, isso é um raio, mas não acontece frequentemente, realmente varia”, contou a técnica.

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O grande sonho: Champions League

O grande sonho da treinadora, de 43 anos, é bem claro: levantar a taça da Champions League. Na temporada passada, o clube chegou bem perto. Na semifinal, diante do poderoso Lyon, perdeu o primeiro jogo por 2 a 1 na França e, no jogo de volta, tomou um gol e precisava de dois para se manter vivo. Fez um, com Ji So-yun, mas acabou sendo o único gol que conseguiu. O Lyon avançou para a final e passou por cima do Barcelona na decisão em Budapeste, 4 a 1.

Aumento da média de público

Esta temporada tem sido especial no futebol feminino inglês. Na primeira rodada, o Chelsea jogou em Stamford Bridge e contou com um público de 24.564 pessoas. No seu estádio habitual para o time feminino, o Kingsmeadow, a lotação tem chegado perto do máximo nos dois jogos feitos por lá: 4.149 no jogo contra o Arsenal, atual campeão, e 4.790 no jogo contra o Manchester United. O Kingsmeadow tem capacidade para 4.850 pessoas.

“Todos nós sabemos sobre o recorde de público no fim de semana [38.262 pessoas no Tottenham Stadium, no jogo entre o time da casa e o Arsenal, disputado na Data Fifa]. Mas o fato que nossos dois jogos em casa ter públicos acima de 4 mil é uma prova que a estratégia está funcionando. Eu sou uma defensora de jogar em grandes estádios. É mais do que um gesto meramente simbólico”, disse Hayes.

“As pessoas dizem: ‘Eles só vêm para o jogo porque é o primeiro em um estádio’. Eles fazem tudo para diminuir. Eu tenho ficado muito impressionada com o nosso time de marketing nesta temporada. Não é um acidente. Não é uma coincidência”, afirmou ainda a treinadora.

“Eu quero forçar, sempre quero forçar para que seja feito mais. Quanto mais podemos pedir? Quanto mais podemos fazer? Eu acho que está sendo mostrado e está explodindo. Eu saí do jogo no fim de semana e pensei que é muito fácil criticar as árbitras, mas elas recebem 120 libras por jogo”, afirmou a treinador. “Façam com que elas sejam funcionárias de tempo integral [na Inglaterra, os árbitros do masculino são profissionais de tempo integral e recebem salário da liga], parem de criticá-las. Eu sei que eu fui uma das que fez isso no passado, mas era para direcionar uma estratégia por trás disso”.

WSL: a melhor liga do mundo

“Não pode haver dúvida mais quanto a isso. Não é apenas o jogo em campo, você me diz, onde você irá encontrar estruturas como essas ou condições para as jogadoras? Esta é uma utopia para as jogadoras”, disse Hayes. “Nós temos uma federação de futebol e clubes trabalhando em coesão, tudo é possível. A jornada tem sido coletiva. Eu nunca senti isso quando trabalhei nos Estados Unidos. Eu sempre pensei que que lá havia um pouco mais de tensão – diferentemente. Aqui, todo mundo tem se mostrado comprometido ao caminho, houve altos e baixos, mas tem sido inabalável”.

A WSL se tornou uma liga completamente profissional, mas ainda há problemas para resolver. Um deles é que as jogadoras de seleção inglesa possuem contrato com a FA (Football Association, a federação inglesa) e com seus clubes. “Elas estão sob contrato conosco e com eles. Isso precisa acabar, mas o dinheiro precisa ser reinvestido, talvez apoiando clubes ou dando aos clubes para seus talentos jovens”, afirmou a técnica.

A treinadora deixou claro que o que está no seu horizonte na carreira é o Chelsea. “Eu não sei por quanto tempo eu ficarei treinando, mas eu não espero sair do Chelsea, o Chelsea é a minha casa, completamente. Eu deixei claro que não tenho ambição de seleção. Talvez no fim da carreira, mas hoje não”, afirmou.

Foto de Felipe Lobo

Felipe Lobo

Formado em Comunicação e Multimeios na PUC-SP e Jornalismo pela USP, encontrou no jornalismo a melhor forma de unir duas paixões: futebol e escrever. Acha que é um grande técnico no Football Manager e se apaixonou por futebol italiano (Forza Inter!). Saiu da posição de leitor para trabalhar na Trivela em 2009, onde ficou até 2023.
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