Chelsea bane torcedor por 10 anos por post antissemita; Manchester United suspende seis torcedores por racismo
Sam Mole ofendeu jornalista judeu e não poderá entrar em Stamford Bridge por uma década; United suspendeu torcedores por ofensas a Son
O Chelsea resolveu banir um torcedor do clube por ter feito uma publicação antissemita nas suas redes sociais. Sam Mole direcionou comentários antissemitas contra um jornalista judeu. Ele escapou de uma punição criminal porque estava fora do país no momento que cometeu o ato, em 2019 – o que, tecnicamente, o tira da jurisdição do Reino Unido. O clube decidiu agir dentro da sua alçada e impedir que Mole entre em Stamford Bridge pelos próximos 10 anos.
Embora Mole, de 20 anos, tenha escapado de uma punição na justiça pelas ofensas antissemitas no Twitter, ele recebeu uma ordem de restrição por três anos que o impede de entrar em contato com o jornalista Dan Levene novamente. Em caso de violação, ele pode ser punido.
“Os nossos jogadores, funcionários, adeptos e visitantes do clube vêm de uma vasta origem, incluindo a comunidade judaica, e queremos garantir que todos se sentem seguros, valorizados e incluídos. Não vamos tolerar qualquer comportamento daqueles que ameacem esse objetivo. Queremos deixar claro que não pode haver lugar no nosso jogo, nem na nossa sociedade, ao racismo, antissemitismo, homofobia, sexismo ou qualquer outra forma de discriminação”, diz comunicado divulgado no site do Chelsea.
“Estou muito satisfeito com este resultado. Ele envia uma mensagem muito forte de que o comportamento abusivo e antissemita online é inaceitável. Eu espero que este caso leve a melhores processos no Chelsea e em outros clubes para que não leve tanto tempo para tomar a decisão certa no futuro, mas é um bom dia para a luta contra o racismo no futebol”, afirmou Dan Levene sobre a decisão do Chelsea.
Diversos clubes ingleses e também entidades do futebol inglês, como a Football Association (FA) irão boicotar as redes sociais neste fim de semana, em protesto pela falta de ação das empresas de redes sociais contra discriminação e ofensas em suas plataformas. O protesto durará até segunda-feira.
Manchester United suspende seis torcedores por racismo contra Son
O Manchester United também anunciou medidas contra seis torcedores do clube que ofenderam o atacante Son Heung-min, do Tottenham, nas redes sociais, no dia 11 de abril. Dois deles eram donos de carnês de temporada e um estava na fila de espera. Esses três foram suspensos e não podem frequentar jogos do Manchester United, até uma decisão definitiva do clube.
O Manchester United conduziu um estudo sobre os abusos nas redes sociais e verificou um aumento de 350% nas ofensas direcionadas aos jogadores do clube. Na análise, todos os posts foram categorizados e 3.300 eram direcionados a jogadores que não estavam jogando no United naquele momento.
Os números mostraram ainda que 86% dos posts de ofensas eram racistas; 8% eram homofóbicos ou transfóbicos. O pico de ofensas aconteceu em janeiro de 2021, quando foram registrados 400 posts de ofensas a jogadores. A grande maioria dos posts racistas usavam a palavra “niger”, considerada muito ofensiva, com variações de escrita, e também emojis com intenção racista, como mamacos, chimpanzés, bananas ou gorilas.
O estudo mostrou também um aumento de ofensas entre torcedores desde o verão de 2020 na Europa. Destes, 43% eram postas racistas, enquanto 7% eram homofóbicos ou transfóbicos. O trabalho é parte da iniciativa do Manchester United para tentar dar foco nesta questão e trabalhar para melhorar o atual quadro.
“Nós estamos ativamente em campanha contra a discriminação por algum tempo pela nossa iniciativa ‘All Red All Equal’. O nível de apoio que temos recebido por esse trabalho dos nossos torcedores tem sido imensamente encorajador, mas esses números mostram que o nível de ofensas que nossos jogadores e torcedores recebem”, afirmou Richard Arnoud, gerente do grupo der trabalho sobre o assunto no Manchester United.
“Deve ser dito que enquanto esses números são chocantes, eles representam 0,01% das conversas que acontecem nas redes sociais sobre o clube e jogadores. Ao fazermos parte do boicote neste fim de semana, nós, junto com o futebol inglês, queremos colocar uma luz sobre a questão. Isso gerará debate e discussões e irá aumentar a consciência dos níveis de ofensas que nossos jogadores e torcedores recebem”.