Inglaterra

A sugestão de Bielsa para aliviar o calendário: “Deveríamos ganhar menos para que se possa jogar menos”

Bielsa também sugeriu que haja mais investimento em formação para aumentar a oferta de jogadores bons o bastante para a elite

Marcelo Bielsa, técnico do Leeds, afirmou que o segredo para arrumar o calendário do futebol é que todo mundo ganhe menos, para que não se sustente o argumento de que é necessário haver muitos jogos porque o esporte é caro, e que haja um investimento maior na formação dos jogadores para que eles sejam mais baratos – porque haveria mais jogadores com nível para a elite.

Bielsa explicou o seu plano na entrevista coletiva desta sexta-feira, antes do jogo contra o Liverpool no próximo domingo, ao responder uma pergunta sobre a tentativa da CBF de barrar a utilização do meia-atacante Raphinha, um dos brasileiros da Premier League que não foram liberados para os jogos da Seleção na última semana.

A CBF, ao lado das confederações de Paraguai, Chile e México, requisitou à Fifa que os clubes ingleses que se rebelaram fossem punidos com uma suspensão de cinco dias aos jogadores não liberados, mas houve um acordo anunciado nesta sexta-feira para que eles possam entrar em campo normalmente no fim de semana – em troca de apoio político para convencer o governo britânico a abrir uma exceção às restrições sanitárias nas próximas Datas Fifa.

A discussão ganhará ainda mais peso se a Fifa levar adiante o seu projeto de realizar a Copa do Mundo a cada dois anos. Começou a empurrar a ideia goela abaixo na última semana. Uefa e Conmebol se opuseram, assim como figuras importantes como Gareth Bale e Jürgen Klopp.

Segundo Bielsa, em uma longa resposta em que ele admitiu ter desviado um pouco do tema, é apenas uma meia verdade que há a necessidade de haver muitos jogos por causa do custo do futebol, mas, de qualquer maneira, se todos ganharem menos, está resolvido.

“O problema principal é que há mais jogos do que se pode absorver. A justificativa para que haja tantos jogos e tantas competições é que o futebol é muito caro. Devido ao quanto os jogadores custam, quanto eles ganham e todos nós que estamos envolvidos no futebol. É uma explicação que dão quando se fala em jogar menos, mas é uma meia verdade”, afirmou. “Se há mais jogos, a indústria do futebol ganha mais. O que tem que ser feito é claramente jogar menos. Nós que recebemos salário para participar deveríamos ganhar menos para que se possa jogar menos”.

“E além disso, o grande problema do futebol é que cada vez há menos jogadores para a elite. Um objetivo claro que precisamos perseguir é investir na formação”, acrescentou. “Minha posição é frear a inflação do futebol, o custo dos salários e quanto os jogadores custam, para jogar mais, para que o jogo possa ser melhor, e reduzir os custos dos ingressos para que os espectadores possam irão estádio, e investir muito em formação, para que haja muito mais jogadores bons”.

Como excelente professor, Bielsa ainda resumiu o que quer dizer ao fim da sua resposta, de maneira bastante didática: “Muitos jogos com a desculpa de que o futebol é caro. Isso é verdade, mas não é toda a verdade. Porque também é conveniente à indústria que haja muitos jogos. Não importa se os jogadores estão cansados, se machucam, se jogam mal. Então o grande segredo é que todos ganhemos menos e haja menos partidas. E que se aumente o investimento na formação de jogadores para que eles não sejam tão caros e para que o futebol seja melhor”.

Foto de Bruno Bonsanti

Bruno Bonsanti

Como todo aluno da Cásper Líbero que se preze, passou por Rádio Gazeta, Gazeta Esportiva e Portal Terra antes de aterrissar no site que sempre gostou de ler (acredite, ele está falando da Trivela). Acredita que o futebol tem uma capacidade única de causar alegria e tristeza nas mesmas proporções, o que sempre sentiu na pele com os times para os quais torce.
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