O Ajax lançou um disco de vinil com Three Little Birds, hino de sua torcida
Com a presença da filha de Bob Marley no lançamento, o Ajax produziu um single com a versão original de Three Little Birds e outra cantada pela torcida

A música Three Little Birds é um hino da torcida do Ajax. A canção pegou nas arquibancadas da Johan Cruyff Arena em 2008 e, desde então, passou a ser entoada em quase todos os jogos dos Godenzonen. E a ligação forte do clube com a família Marley rendeu uma ação especial nesta pré-temporada, em comemoração aos 15 anos do início dessa história: o Ajax lançou um single especial de Three Little Birds. O disco de vinil com a marca do clube será vendido na loja oficial.
“A conexão entre o Ajax, os torcedores do clube e Bob Marley tem sido visível e audível no estádio há anos, graças à música Three Little Birds. Agora, um single foi lançado para essa conexão se concretizar de forma especial. De um lado do single em vinil, pode-se ouvir a música original. Do outro lado, a música é cantada pelos torcedores do Ajax”, explica o clube, em sua nota oficial.
O lançamento do single contou inclusive com a presença de uma das filhas de Bob Marley na Johan Cruyff Arena. Cedella Marley participou da ação do clube. Além de cantora, ela é embaixadora da seleção feminina da Jamaica e lidera o financiamento da equipe nacional. As Reggae Girlz também estiveram presentes nas instalações dos Ajacieden para fazer sua preparação à Copa do Mundo Feminina, em atividades coordenadas pela Adidas. As jamaicanas serão adversárias do Brasil na fase de grupos do Mundial.

Como Three Little Birds virou uma tradição no Ajax
Foi meio ao acaso que a torcida do Ajax começou a cantar Three Little Birds no estádio. Durante a pré-temporada de 2008/09, após um amistoso contra o Cardiff City, os torcedores presentes na Johan Cruyff Arena precisaram ficar um tempo a mais nas arquibancadas. O DJ do estádio resolveu então quebrar a monotonia e deu o play na canção eternizada por Bob Marley. A torcida cantou em uníssono e pegou gosto pela música. Virou uma tradição. Vitórias marcantes foram embaladas pelo reggae, inclusive na Champions League.
Em 2018, um dos filhos de Bob Marley, Ky-Mani, esteve na Johan Cruyff Arena para puxar a cantoria da torcida do Ajax. “Foi uma surpresa ouvir a torcida cantar durante a partida, foi um momento que aqueceu meu coração”, declarou Ky-Mani, na época. “É incrível. Palavras não podem descrever o sentimento. Meu pai morreu há tanto tempo, e o fato de a música ainda ser tão atual, ouvi-la no estádio, com milhares de pessoas cantando, me deixa sem palavras”.
Outra ação icônica aconteceu em 2021, quando o Ajax lançou um terceiro uniforme para homenagear Bob Marley nos 40 anos sem o músico. A camisa preta trazia detalhes nas cores do reggae e do rastafarianismo, bem como a presença dos “três passarinhos” nas costas, sobre as três cruzes de Santo André que simbolizam a cidade de Amsterdã. O fardamento virou até motivo de uma polêmica vazia da Uefa, que decidiu banir os passarinhos.
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O tamanho da paixão de Bob Marley pelo futebol
Bob Marley era também fanático por futebol. Adorava bater sua bola, desde criança, e costumava organizar peladas durante as turnês para relaxar entre os shows. Era inclusive habilidoso, elogiado por sua criatividade e velocidade dentro de campo. Ficou famosa especialmente a partida disputada em 1980 no Brasil, durante uma viagem ao país. O Rei do Reggae dividiu o campo com Chico Buarque, Toquinho, Alceu Valença e outros craques da MPB, além de seu amigo Paulo Cézar Caju. Marley teve outras passagens famosas em campo, com partidas disputadas ao lado de nomes como Osvaldo Ardiles e o elenco do Nantes.
Além de gostar de jogar futebol, Bob Marley também era um ávido torcedor. O jamaicano admirava a seleção brasileira e o Santos, confesso admirador de Pelé. Chegou a estar presente no Estádio Nacional de Kingston durante um amistoso do New York Cosmos em 1975. O músico também tinha simpatia pelo Celtic de Jock Stein, sobretudo após o título da Copa dos Campeões em 1966/67. Em 1978, o cantor solicitou que televisões fossem instaladas nos ônibus da turnê para que ele não perdesse a Copa do Mundo.
Segundo seus biógrafos, até mesmo a morte de Bob Marley estava relacionada ao futebol: uma ferida no pé sofrida em campo e não tratada da maneira correta se transformou num melanoma, que se espalhou por outros órgãos. Marley faleceu aos 36 anos, em maio de 1981, antes de cumprir o sonho de criar uma escola de futebol para crianças carentes em Kingston. “Futebol é uma arte completa em si. É todo um universo. Eu amo futebol porque é preciso ser um artista para praticá-lo. Quando nós jogamos futebol, também fazemos música. Eu preciso disso. Liberdade! Futebol é liberdade”, declarou o músico.