Holanda

Guia do Campeonato Holandês – parte II

O recomeço da temporada já parece mais próximo no futebol holandês. Neste domingo, PSV e Feyenoord já se enfrentam pela Supercopa da Holanda – com a emoção adicional do homem que dá nome ao troféu (Johan Cruyff Schaal) já não estar mais à disposição, sendo homenageado com a estampa do número 14, seu favorito, na salva de prata a ser entregue ao campeão. Mas a sensação de que o reinício já aconteceu vem mais forte com as participações dos clubes do país nas fases preliminares dos torneios continentais.

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E a Holanda está num estágio em que cada vitória contará: correndo sério risco de perder a vaga direta na fase de grupos da Liga dos Campeões, precisará de equipes chegando às fases preliminares seguintes – já que no ranking de pontos da Uefa, deixará de contar o desempenho da temporada 2011/12, última satisfatória do país (AZ chegou às quartas de final da Liga Europa). Deste modo, enquanto a Holanda está sob pressão, países como Grécia e Croácia esfregam as mãos para, talvez, ultrapassarem-na no ranking de países da entidade que comanda o futebol europeu.

O pior é que, novamente, a velha fragilidade defensiva das equipes holandesas voltou a dar as caras. No jogo de ida contra o PAOK (da Grécia…), pela terceira fase preliminar da Liga dos Campeões, o Ajax foi até melhor do que se esperava. O novo esquema deu certo: o 4-1-4-1 aumentou a força ofensiva, com mudanças elogiadas, como Jaïro Riedewald como volante e o novato dinamarquês Kasper Dolberg na frente. Mas uma saída de gol desastrada de Jasper Cillessen abriu caminho para o gol do PAOK, do angolano Djalma Campos, ainda no primeiro tempo. Dolberg empatou na etapa final, mas o 1 a 1 deixa o Ajax com a obrigação de vencer ou empatar acima de dois gols, no ambiente pouco receptivo do estádio Toumba, em Tessalônica.

O novo capítulo foi visto nesta quinta. Jogando pela primeira vez em sua história por um torneio continental, o Heracles Almelo criou mais chances de gol em seu estádio, e até abriu o placar contra o Arouca, de Portugal. Teve oportunidades para vencer por um placar mais largo, mas parou no goleiro brasileiro Rafael Bracalli. E a punição por isso foi dura: uma desatenção da defesa aos 48 minutos do segundo tempo, e o Arouca empatou, com Gegé, trazendo um bom resultado para o jogo de volta

E falando em torneios continentais, é bom partirmos para a segunda parte do guia do Campeonato Holandês da temporada 2016/17. Ela seria com seis times, a princípio. Mas é melhor ampliar para nove o número de times que têm como meta principal os play-offs por vaga na Liga Europa. Afinal de contas, convenhamos: o título holandês é assunto para os três clubes conhecidos – e olhe lá, no caso do Feyenoord…

Twente

Técnico: René Hake

Destaque: Jari Oosterwijk (atacante, foto)

Fique de olho: Enes Ünal (atacante)

Temporada passada: 13º colocado

Copas europeias: nenhuma

Objetivo: vaga nos play-offs pela Liga Europa/escapar do rebaixamento

Principais chegadas: Stefan Thesker (D, Greuther Fürth-ALE), Kyle Ebecilio (M, ADO Den Haag), Shadrach Eghan (M, Stabaek-NOR), Dylan Seys (A, Club Brugge-BEL), Yaw Yeboah (A, Manchester City-ING) e Enes Ünal (A, Manchester City-ING)

Principais saídas: Bruno Uvini (D, Napoli-ITA), Georgios Katsikas (D, não renovou contrato), Robbert Schilder (D, não renovou contrato), Felipe Gutiérrez (M, Real Betis-ESP), Thomas Agyepong (A, Manchester City-ING) e Jerson Cabral (A, Bastia-FRA)

Por pouco, muito pouco, o clube de Enschede não deixou a divisão de elite para afundar rumo às divisões inferiores. Afinal de contas, graças à situação financeira aflitiva, os Tukkers poderiam ter cassada a licença profissional, tendo de recomeçar na Derde Divisie (a quarta divisão, amadora). E a federação holandesa já amenizara na punição definitiva: o Twente teria a licença “emprestada”, mas seria rebaixado à segunda divisão. A decisão desagradou demais, além de desorganizar o organograma para esta temporada. Mas, pelo menos, era uma punição aos malfeitos que a direção fizera no clube. Só que os comandantes interinos correram atrás… e, surpreendentemente, conseguiram revogar a punição. E assim a equipe confirmou a permanência na elite – já obtida em campo, é verdade.

Não bastasse toda a antipatia que o Twente hoje atrai no futebol holandês (afinal, precisou apelar para escapar da justa sanção e continuar na Eredivisie), o técnico René Hake terá de trabalhar quase “do zero”. Afinal, as dívidas forçaram o clube a se desfazer de quem pudesse render algum dinheiro. Gutiérrez e Cabral já deixaram o Grolsch Veste, e o destaque Hakim Ziyech certamente sairá assim que algum clube chegar com uma oferta entre 10 e 15 milhões de euros (palavras do diretor técnico Jan van Halst). Quem estava emprestado, já voltou ao clube de origem. Resta pensar uma nova base, a partir dos reforços (emprestados, como o atacante Enes Ünal, ou comprados, como o zagueiro Stefan Thesker). Não será fácil: o Twente faz pré-temporada medíocre, e viverá tempos de reconstrução. Ficar no meio da tabela já será grande coisa.

NEC

Técnico: Peter Hyballa

Destaque: Gregor Breinburg (meio-campista)

Fique de olho: Mohamed Rayhi (atacante)

Temporada passada: 10º colocado

Copas europeias: nenhuma

Objetivo: vaga nos play-offs pela Liga Europa

Principais chegadas: Robin Buwalda (D, ADO Den Haag), Dario Dumic (D, Brondby-DIN), Michael Heinloth (D, Paderborn-ALE), Stefan Mauk (M, Adelaide United-AUS), Quincy Owusu-Abeyie (A, sem clube) e Reagy Ofusu (A, Grösig-AUT)

Principais saídas: Hannes Thór Halldórsson (G, Randers-DIN), Brad Jones (G, Feyenoord), Todd Kane (D, Chelsea-ING), Abdul Bai Kamara (D, Sparta Rotterdam), Rens van Eijden (D, AZ), Navarone Foor (M, Vitesse), Marcel Appiah (M, não renovou contrato), Anthony Limbombe (A, Club Brugge-BEL) e Christian Santos (A, Alavés-ESP)

A temporada passada terminou com um indisfarçável tom de decepção para o NEC. Empurrado pelos gols de Christian Santos, a equipe de Nijmegen terminara o primeiro turno na zona de play-offs por vaga na Liga Europa. De quebra, atuar em De Goffert, o estádio do NEC, era algo temível: só os três grandes holandeses tiveram melhor desempenho do que o clube nas primeiras 17 rodadas da Eredivisie 2015/16. Mas veio o returno, e com ele, as crises: o técnico Ernest Faber perdeu-se na armação da defesa, Santos entrou em rota de colisão com a diretoria, a irregularidade cresceu nos resultados… e o time perdeu o lugar nos play-offs. O pior é que a preparação para a atual temporada mostra que a má fase pode ter uma sequência devastadora.

Nas transferências, vários destaques deixaram o clube (Halldórsson, Brad Jones, Kane, Foor, Limbombe e Santos), e os que chegaram não passam de apostas – como o atacante ganense Quincy Owusu-Abeyie, 30 anos, uma Copa do Mundo e uma infinidade de clubes no currículo, mas que já não jogava desde fevereiro de 2015. O novo técnico, o alemão Peter Hyballa, também não se sobressaiu. De quebra, os amistosos de pré-temporada trouxeram derrotas na maioria – algumas dessas derrotas, até vexatórias, como um 5 a 1 para o Achilles’29 (segunda divisão holandesa). Espera-se que as coisas entrem nos eixos quando os jogos começarem para valer. Senão, ficará difícil acreditar no NEC.

Heerenveen

Técnico: Jurgen Streppel

Destaque: Sam Larsson (atacante)

Fique de olho: Luka Zahovic (atacante)

Temporada passada: 12º colocado

Copas europeias: nenhuma

Objetivo: vaga nos play-offs pela Liga Europa

Principais chegadas: Stijn Schaars (M, PSV), Jordy Bruijn (M, Ajax) e Reza “Gucci” Ghoochannejhad (A, Charlton Athletic-ING)

Principais saídas: Maarten de Fockert (G, VVV-Venlo) e Joey van den Berg (M, Reading-ING)

O clube da Frísia não deu muitas razões para orgulho com a temporada passada. Sofrendo com a crise que destituiu a diretoria antiga, o Fean começou com muitas derrotas, precisou trocar de técnico… e viveu a maior parte do campeonato de 2015/16 em clima de manutenção. Pelo menos, comandado interinamente pelo ícone Foppe de Haan, o time se organizou o suficiente para permanecer longe de zonas mais perigosas, garantindo um ambiente tranquilo para recomeçar nesta Eredivisie. De quebra, alguns jogadores ainda se destacaram, como o goleiro Erwin Mulder e o atacante Sam Larsson. Pelo menos neste começo, tudo leva a crer que o clube das camisas alviazuis com folhas vermelhas de lírio terá um ano bem mais regular.

Primeiramente, o técnico escolhido para iniciar um novo trabalho pode dar certo, se receber tempo: Jurgen Streppel teve isso no Willem II (com uma queda de divisão no meio!), e conseguiu devolvê-lo à elite, deixando saudades em Tilburg – isso, com a equipe precisando disputar a repescagem para escapar do rebaixamento! Depois, os reforços contratados realmente chegam para ser titulares. Que o digam o experiente volante Schaars, que tem plenas condições de ocupar no meio-campo a lacuna deixada por Van den Berg. Ou o iraniano “Gucci” Ghoochannejhad, com a Copa de 2014 e experiências holandesas passadas no currículo, voltando ao país para ser mais uma opção de ataque. Além disso, o elenco não sofreu alterações substanciais na janela de transferências. E há talentos que podem, enfim, ter uma grande chance, como o esloveno Luka Zahovic, filho do ex-meia Zlatko Zahovic. Assim, se o Heerenveen é um clube “médio”, dá para esperar que, pelo menos em 2016/17, fique na metade superior da tabela, não na inferior.

Zwolle

Técnico: Ron Jans

Destaque: Stefan Nijland (meio-campista)

Fique de olho: Anass Achahbar (atacante)

Temporada passada: 8º colocado

Copas europeias: nenhuma

Objetivo: vaga nos play-offs pela Liga Europa

Principais chegadas: Ted van de Pavert (D, De Graafschap), Django Warmerdam (D, Ajax), Calvin Verdonk (D, Feyenoord), Hachim Mastour (M, Milan-ITA), Queensy Menig (M, Ajax)

Principais saídas: Boy de Jong (G, não renovou contrato), Bart van Hintum (D, Gaziantepspor-TUR), Thomas Lam (D/M, Nottingham Forest-ING), Ouasim Bouy (M, Juventus-ITA), Sheraldo Becker (M, Ajax) e Lars Veldwijk (A, Nottingham Forest-ING)

Há várias temporadas, acredita-se que o clube de Zwolle já terminou seu conto de fadas, e que é hora de viver a queda. Pois bem, se o apogeu já passou, os Zwollenaren também não caíram tanto assim. Após os históricos títulos de 2013/14 (Copa da Holanda) e 2014/15 (Supercopa da Holanda), havia a tarefa de tornar-se um time pequeno com resultados de time “médio”: isto é, ficar no meio da tabela, sonhando com lugar nos play-offs por vaga na Liga Europa. Tem sido exatamente o que aconteceu com a equipe. Além do mais, o técnico Ron Jans mostra habilidade para contornar as perdas e seguir fazendo uma base com tática sólida (4-2-3-1 com força na marcação).

Além do mais, essas perdas na janela de transferências ainda são poucas. Difícil de ser reposta com a mesma qualidade, só mesmo a saída de Lars Veldwijk, que retornou ao Nottingham Forest após empréstimo, deixando o grupo de jogadores sem um atacante que sirva para ser o principal finalizador na frente. De resto, os reforços mantêm o nível técnico do Zwolle semelhante ao que já era: Ted van de Pavert tem condições de emplacar na zaga, e Anass Achahbar terá no clube alviazul a oportunidade e a sequência de jogos que raramente teve no Feyenoord. A pré-temporada tem sido mediana, mas é possível fazer outra vez uma campanha razoável e tranquila. Poder, o Zwolle pode.

Vitesse

Técnico: Henk Fraser

Destaque: Valeri “Vako” Qazaishvili (atacante)

Fique de olho: Nathan (meio-campista) e Ricky van Wolfswinkel (atacante)

Temporada passada: 9º colocado

Copas europeias: nenhuma

Objetivo: vaga nos play-offs pela Liga Europa/vaga direta na Liga Europa

Principais chegadas: Michael Tornes (G, Odense-DIN), Lewis Baker (M, Chelsea-ING), Nathan (M, Chelsea-ING), Navarone Foor (M, NEC), Abiola Dauda (A, Heart of Midlothian-ESC) e Ricky van Wolfswinkel (A, Norwich City-ING)

Principais saídas: Piet Velthuizen (Hapoel Haifa-ISR), Kevin Diks (D, Fiorentina-ITA), Isaiah Brown (M, Chelsea-ING), Renato Ibarra (M/A, América-MEX), Dennis Oliynyk (A, não renovou contrato) e Dominic Solanke (A, Chelsea-ING)

Entre os clubes que decepcionaram na temporada 2015/16 do Campeonato Holandês, talvez o Vitesse tenha sido o causador de maior desapontamento. No turno, era um time atraente e ofensivo, disputando ponto a ponto com o Heracles Almelo a quarta colocação – isto é, o honroso posto de “melhor do resto”. Na pausa de inverno, houve a saída repentina do técnico Peter Bosz. E o time da cidade de Arnhem fraquejou. A indefinição tática do substituto de Bosz, Rob Maas, irritou a torcida; a defesa ficou mais frágil; e o ataque perdeu a velocidade que tinha. Resultado: do sonho com a vaga direta na Liga Europa, o Vites caiu para a realidade dura de ficar fora até dos play-offs.

Pelo menos, o recomeço parece fundamentado. Poucos nomes podiam ser melhores para se ter como técnico do que Henk Fraser: afinal, ele se notabilizou no ADO Den Haag exatamente por dar mais segurança à defesa, para dela formar uma base sólida de onze jogadores. E mesmo com a saída de alguns titulares (Diks, Ibarra e Solanke são as mais sentidas), o grupo de jogadores ainda tem protagonistas capazes de dar coesão entre a ofensividade dos tempos de Bosz e os maiores cuidados de agora: o goleiro Eloy Room e o zagueiro Guram Kashia lideram a defesa, e cabe a Valeri Qazaishvili e Milot Rashica se responsabilizarem pela maioria das jogadas de ataque. A ligação do clube com o Chelsea ainda rendeu a renovação do empréstimo de Nathan e Lewis Baker, que ganham segunda chance após um começo apagado. Ainda há a volta de Ricky van Wolfswinkel, tentando reencontrar o bom futebol no clube onde despontou, após grossa decepção em vários lugares. Enfim, depois da grande decepção, o Vitesse faz uma reformulação tentando preservar os êxitos. Quem sabe dê certo.

Groningen

Técnico: Ernest Faber

Destaque: Albert Rusnák (meio-campista/atacante) e Jesper Drost (meio-campista)

Fique de olho: Tom van Weert (atacante)

Temporada passada: 7º colocado

Copas europeias: nenhuma

Objetivo: vaga nos play-offs pela Liga Europa/vaga direta na Liga Europa

Principais chegadas: Tom Hiariej (D, Cambuur), Martijn van der Laan (D, Cambuur), Ruben Yttegaard Jensen (M, Kaiserslautern-ALE), Yoëll van Nieff (M, Excelsior), Tom van Weert (A, Excelsior) e Niccolò Pozzebon (A, Juventus-ITA)

Principais saídas: Lorenzo Burnet (D, Slovan Bratislava-ESQ), Rasmus Lindgren (D/M, BK Häcken-SUE) e Michael de Leeuw (A, Chicago Fire-EUA)

Por mais decepcionante que a temporada passada tenha sido para o time do norte holandês, foi possível encerrá-la com a aliviante sensação de que podia ter sido ainda pior. O recomeço no returno fora tão caótico que ali mesmo o técnico Erwin van de Looi anunciou que sairia ao final da temporada. Curiosamente, ali se acertaram as coisas: Van de Looi deixou de fazer tantas alterações nas escalações, os protagonistas se firmaram na equipe, e houve uma ascensão na parte final do Campeonato Holandês, permitindo alcançar os play-offs por um lugar na Liga Europa. Aí, veio uma grossa decepção: tendo vencido o jogo de ida por 2 a 1, os Groningers tinham o 1 a 0 e o lugar na decisão da vaga continental em mãos. Tomaram a virada no fim do tempo normal, e sofreram a goleada na prorrogação.  Ainda assim, o trauma foi minorado pela sensação de que o trabalho rumo a esta temporada vindoura já tinha começado.

E tinha começado bem, com a contratação do técnico Ernest Faber, de trabalho razoável no NEC – e, antes, auxiliar de Phillip Cocu no título nacional do PSV em 2014/15. E as contratações também foram relativamente acertadas: se o destaque Michael de Leeuw deixou o Groningen, desgostoso com as vezes em que foi para o banco, foi contratado o razoável Tom van Weert, um dos únicos destaques do frágil Excelsior. Plenamente capaz de ser uma boa opção num ataque onde há tanto jogadores velozes (Rusnák, Mimoun Mahi, Jarchinio Antonia) quanto finalizadores (Bryan Linssen, Alexander Sorloth). Na marcação, a dupla de volantes formada por Simon Tibbling e Hedwiges Maduro já tem certo entrosamento, e o goleiro Sergio Padt se revelou confiável. Os resultados da pré-temporada têm sido bons, e é possível que o Groningen novamente alcance os play-offs pela Liga Europa. Desta vez, sem solavancos, espera-se.

Utrecht

Técnico: Erik ten Hag

Destaque: Nacer Barazite (meio-campista/atacante)

Fique de olho: Bart Ramselaar (meio-campista)

Temporada passada: 6º colocado

Copas europeias: nenhuma

Objetivo: vaga nos play-offs pela Liga Europa/vaga direta na Liga Europa

Principais chegadas: Kristoffer Peterson (A, Roda JC)

Principais saídas: Filip Bednarek (G, De Graafschap), Christian Kum (D, Roda JC), Ruben Ligeon (M, Ajax), Mark Diemers (M, De Graafschap), Louis Nganioni (A, Lyon-FRA) e Ruud Boymans (A, Al Shabab-UAE)

Na temporada passada, após um período de adaptação ao novo técnico e seu estilo tático, de mais bola no chão e troca de passes, o Utrecht viveu alguns períodos em que podia ser considerada a equipe mais agradável de ser vista no Campeonato Holandês, tendo em vista o critério técnico. E isso fez com que despontassem nos Utregs alguns jogadores promissores: o zagueiro Timo Letschert, o volante Bart Ramselaar… e principalmente o atacante Sébastien Haller, que se firmou em 2015/16 como um dos melhores de sua posição na Eredivisie, no momento. Decididamente, não foi à toa que o time do estádio Galgenwaard garantiu vaga nos play-offs pela Liga Europa. E a bem da verdade, a perda do lugar no torneio continental para o Heracles Almelo teve lá sua surpresa (embora tenha sido merecida, no fim das contas). Mas esse crescimento visto principalmente no returno está tendo seu preço: poucos clubes holandeses estão sendo tão atingidos na janela de transferências como o Utrecht.

Boymans, experiente, era parceiro valioso para Haller no ataque, mas foi seduzido pelo dinheiro do Al Shabab emiratense; Christian Kum transferiu-se para o Roda JC sem que muito esforço fosse feito para segurá-lo; e o goleiro reserva Bednarek aproveitou bem suas chances na parte final da temporada anterior, após a lesão do titular Robbin Ruiter, para conseguir a chance de ser titular no De Graafschap. E não parou por aí: principal zagueiro, Letschert está prestes a acertar a ida para o Sassuolo-ITA, enquanto Haller segue cobiçado, devendo sair assim que houver oferta polpuda e satisfatória. Com todas as perdas, restará a quem ficar (Ruiter, Mark van der Maarel, Yassin Ayoub, Willem Janssen, Nacer Barazite, Patrick Joosten) manter a técnica como característica principal, ajudando a manutenção do promissor trabalho de Erik ten Hag. Pelo menos, os resultados de pré-temporada são razoáveis: uma vitória sobre o Borussia Mönchengladbach aqui, um empate com o Espanyol ali… e assim se remonta a equipe.

Heracles Almelo

Técnico: John Stegeman

Destaque: Iliass Bel Hassani (meio-campista)

Fique de olho: Brandley Kuwas e Jaroslav Navrátil (atacantes)

Temporada passada: 5º colocado

Copas europeias: Liga Europa (disputando a 3ª fase preliminar, contra o Arouca-POR)

Objetivo: vaga nos play-offs pela Liga Europa/vaga direta na Liga Europa

Principais chegadas: Robin Pröpper (D, De Graafschap), Sander Thomas (A, Zwolle), Daryl van Mieghem (A, Excelsior) e Brandley Kuwas (A, Excelsior)

Principais saídas: Gino Bosz (D, Cambuur) e Wout Weghorst (A, AZ)

Pouco se esperava do Heracles na temporada passada, até pelo sufoco passado em 2014/15 para se livrar do rebaixamento. Até por isso, a equipe da cidade de Almelo protagonizou uma agradável surpresa. No primeiro turno, empurrada pela velocidade no ataque e pelo estilo de jogo insinuante de Iliass Bel Hassani e Oussama Tannane, os Heraclieden conseguiram até vencer o futuro bicampeão PSV. No returno, a saída de Tannane fez com que a equipe tivesse de se reorganizar ofensivamente. Conseguiu: com os gols de Wout Weghorst e Bel Hassani se destacando na armação das jogadas, o time alvinegro superou a irregularidade, conseguiu um lugar nos play-offs pela vaga na Liga Europa e coroou 2015/16 garantindo a primeira participação de sua história em torneios continentais.

Talvez seja demais pedir que isso seja repetido. Ainda assim, dá para esperar que os Almelöers façam uma Eredivisie relativamente tranquila. Se Wout Weghorst deixou o clube, o técnico John Stegeman tem agora duas opções para variar o estilo do ataque. Raro destaque no Excelsior, Brandley Kuwas deverá trazer mais velocidade pelas pontas, onde já estão Brahim Darri e Paul Gladon, enquanto Daryl van Mieghem disputará o lugar no centro do ataque com o tcheco Navrátil. Na defesa, já entrosada e sem perdas na janela de transferências, vale a contratação de Robin Pröpper (irmão de Davy, meio-campo do PSV), que talvez possa despontar num time sem tanta fragilidade como o De Graafschap. Se Bel Hassani seguir no meio-campo, o time-base do Heracles ficará quase intacto. E assim talvez faça um papel razoável, mesmo sem surpresas.

AZ

Técnico: John van den Brom

Destaque: Markus Henriksen (meio-campista)

Fique de olho: Joris van Overeem (meio-campista) e Wout Weghorst (atacante)

Temporada passada: 4º colocado

Copas europeias: Liga Europa (disputando a 3ª fase preliminar, contra o PAS Giannina-GRE)

Objetivo: vaga nos play-offs pela Liga Europa/vaga direta na Liga Europa

Principais chegadas: Rens van Eijden (D, NEC), Mats Seuntjens (M, NAC Breda), Wout Weghorst (A, Heracles Almelo), Guus Hupperts (A, Willem II) e Fred Friday (A, Lillestrom-NOR)

Principais saídas: Thom Haye (M, Willem II), Celso Ortiz (M, Monterrey-MEX), Achille Vaarnold (A, não renovou contrato) e Vincent Janssen (A, Tottenham Hotspur-ING)

No turno da edição passada da Eredivisie, a decepção com o AZ foi tão grande quanto a empolgação que a mesma equipe trouxe no returno. Com praticamente o mesmo elenco, os Alkmaarders cresceram vertiginosamente de produção nas 17 rodadas finais. Talvez, graças a apenas três mudanças tão sutis quanto fundamentais: a volta de Ron Vlaar ao clube, deixando a zaga mais tranquila; a qualidade (pouco notada, até subestimada) do norueguês Markus Henriksen na criação de jogadas; e o estado de graça em que entrou Vincent Janssen, que entrou em 2016 com apenas seis gols marcados e chegou à metade do ano com 27 gols (e o título de goleador da Eredivisie), chances aproveitadas na seleção holandesa e uma oportunidade no Tottenham para provar se é mesmo uma esperança digna de apostas.

Se perdeu seu grande destaque na arrancada de 2015/16, o AZ pode celebrar o fato desta ter sido a única perda a ser muito lamentada no elenco, até agora. Certo, Thom Haye e Celso Ortiz eram até utilizados com certa frequência, e poderiam ter ficado, mas eram reservas, a princípio. Além do mais, mesmo com boatos ligando-o ao futebol italiano (principalmente ao Torino), Henriksen segue em Alkmaar. E John van den Brom tem à disposição vários jogadores para lhe ajudarem a manter o bom nível técnico. Na defesa, Vlaar segue como líder do elenco, e o lateral esquerdo Ridgeciano Haps pode subir; no meio, caso Henriksen saia, Joris van Overeem e Mats Seuntjens estão a postos; e mesmo que não seja um primor de técnica, Wout Weghorst tem tudo para seguir fazendo gols, como fazia no Heracles. Resta à equipe ter apenas mais constância desde o começo do campeonato. Porque, se não dá para brigar com o trio de ferro e sonhar com a repetição do título de 2008/09, o AZ pode, sim, repetir a boa dose da temporada anterior. Tem talento para isso.

Foto de Bruno Bonsanti

Bruno Bonsanti

Como todo aluno da Cásper Líbero que se preze, passou por Rádio Gazeta, Gazeta Esportiva e Portal Terra antes de aterrissar no site que sempre gostou de ler (acredite, ele está falando da Trivela). Acredita que o futebol tem uma capacidade única de causar alegria e tristeza nas mesmas proporções, o que sempre sentiu na pele com os times para os quais torce.
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