NWSL

Rafaelle no Orlando Pride: parceria com Marta e sonho da NWSL

Orlando Pride passa a ter quatro brasileiras no elenco, com três delas na seleção brasileira que vai à Copa do Mundo 2023

Rafaelle é uma das melhores zagueiras do mundo e decidiu, por sua conta e risco, deixar a liga mais forte da Europa no momento, a Women’s Super League (WSL), da Inglaterra. Sua saída foi lamentada pelo antigo clube, o Arsenal. O destino era a NWSL, a liga americana de futebol feminino, e finalmente o seu destino foi revelado: o Orlando Pride, que tem Marta e Adriana, duas das suas companheiras de seleção brasileira convocadas para a Copa do Mundo 2023, além da também brasileira Thais Reiss.

A zagueira foi contratada por dois anos, com vínculo até o fim de 2025. O clube fez um “investimento significativo” usando o seu dinheiro de alocação para conseguir a contratação da zagueira. Aos 32 anos, ela tem experiência de sobra para chegar e ser uma das principais jogadoras da sua posição e ser um destaque na liga americana.

O fato de já ter três brasileiras no elenco certamente facilitará muito a adaptação da jogadora. Como uma jogadora capaz de sair da pressão da marcação adversária na saída de bola, ela pode ajudar nas transições e também fazer passes longos, uma das suas qualidades. É uma jogadora que também acrescenta na bola aérea, já que tem a altura como uma das suas qualidades.

Não será a primeira experiência de Rafaelle nos Estados Unidos e nem na NWSL. A jogadora, natural de Cipó, na Bahia, teve uma grande chance graças ao seu talento: foi jogar futebol pela University of Mississippi, aos 20 anos, o que a permitiu ser selecionada, ainda no draft, pelo Houston Dash em 2014. Foi lá que ela começou a sua carreira profissional.

Ela jogou apenas uma temporada na liga americana antes de voltar ao Brasil, onde defendeu rapidamente São Francisco, do Pará, e América Mineiro, ambos em poucos jogos. Se transferiu para o Changchun Zhuoyue, da China. Ficou por lá até o fim da temporada 2021. Em 2022, foi contratada pelo Arsenal, onde viveu o melhor momento da sua carreira.

Na seleção brasileira, a história de Rafaelle tem mais de uma década. Ela estreou ainda em 2011 e fez 77 jogos desde então. Antes, ela jogou a Copa do mundo Sub-17, em 2008, e a Copa do Mundo sub-20, em 2010. Jogou as Copas do Mundo de 2015 e 2019 e, assim, disputará seu terceiro Mundial em 2022, na Austrália e Nova Zelândia.

A zagueira também disputou a Olimpíada de 2016, no Rio, e a de 2020, em Tóquio. Na Copa América Feminina de 2022, quando Marta não pôde atuar, machucada, foi Rafaelle que vestiu a braçadeira de capitã do time que conquistou o título continental.

Rafaelle tinha o sonho de triunfar na NWSL

“Qualquer um sonha em viver em uma cidade como Orlando e jogar em uma liga tão forte quanto a NWSL. Com a minha experiência e tendo jogado em outras ligas e outros países, por tudo que já vivi no futebol, acho que posso acrescentar muito ao time”, afirmou a jogadora, em comunicado.

“Me dedico muito e acho que os torcedores irão perceber minha dedicação todos os dias e em todos os jogos. Espero ajudar muito o time, estar com as meninas e me juntar ao grupo para me adaptar o mais rápido possível. Meu principal objetivo é ajudar o time a se classificar aos playoffs. Orlando merece isso por todo investimento que fez e por todo o apoio ao futebol feminino”, afirmou Rafaelle.

Atual vice-presidente das operações de futebol e gerente geral do Pride, Haley Carter foi companheira de Rafaelle nos tempos de jogadora, em Houston, em 2014. A ex-atleta, agora dirigente, disse que desde então assistiu à zagueira “se tornar uma das melhores defensoras do mundo”.

“Ela é uma jogadora incrivelmente inteligente e com uma fisicalidade e habilidade técnica para ter um impacto imediato na nossa defesa. Sua liderança, dentro e fora de campo, também oferece uma grande vantagem competitiva para o clube. Não poderíamos estar mais empolgados em trazer a sua experiência, qualidade e sua atitude contagiante e trabalhadora para Orlando”, afirmou Carter.

EUA e Inglaterra são dois dos países profissionais no futebol feminino

A WSL tem se tornado cada vez mais uma das ligas mais importantes do mundo no futebol feminino porque entendeu rápido que precisava investir para se qualificar. A liga é inteiramente profissional, o que significa que todas as atletas de todos os clubes devem receber salários. Não é o caso de todas as ligas na Europa, nem mesmo nas principais.

Na Espanha, que tem a superpotência Barcelona, de Alexia Putellas, há times parcialmente profissionais, em que muitas atletas não são profissionais. Não por acaso, há uma diferença brutal entre clubes que são, eles sim, integralmente profissionais, por vezes jogam contra equipes que têm amadoras.

É o mesmo problema que acontece no Brasil: embora tenhamos clubes integralmente profissionais, há outros que são apenas parcialmente profissionais e alguns completamente amadores, em que as jogadoras ganham apenas ajuda de custo. Com isso, a competição fica muito desequilibrada.

Mesmo ligas pioneiras e muito bem-sucedidas, como a Frauen-Bundesliga, da Alemanha, ainda são semiprofissionais. Isso atrasa muito as ligas desses países, ainda que haja clubes ali dentro integralmente profissionais, como é o caso do Wolfsburg, principal campeão, e o Bayern de Munique, atual campeão. A Itália, por exemplo, decidiu tornar a sua liga inteiramente profissional a partir da temporada 2022/23, o que foi um passo muito importante para o futebol do país.

Foto de Felipe Lobo

Felipe Lobo

Formado em Comunicação e Multimeios na PUC-SP e Jornalismo pela USP, encontrou no jornalismo a melhor forma de unir duas paixões: futebol e escrever. Acha que é um grande técnico no Football Manager e se apaixonou por futebol italiano (Forza Inter!). Saiu da posição de leitor para trabalhar na Trivela em 2009, onde ficou até 2023.
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