Técnico do PSG aceitaria reduzir salário para não falar com a imprensa e diz até o valor
Luis Enrique, conhecido por seu histórico de embate com jornalistas, revelou que abriria mão de dinheiro para evitar coletivas
A relação entre treinadores e imprensa nunca é fácil. O Brasil é um grande exemplo de como pode ser explosiva e tóxica. Se hoje Abel Ferreira é um dos que mais protagonizam embates com os jornalistas, no passado foi Muricy Ramalho e tantos outros.
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E quem pensa que é só um problema brasileiro está errado. Na verdade, é por todo o mundo, especialmente em países com o futebol competitivo, como França e Espanha, por onde técnico Luis Enrique ficou marcado por discussões com os repórteres.
O nível de irritação do treinador do PSG é tão alto que ele revelou ao documentário “No tenéis ni **** idea” (“Você não tem ideia, porr*”), do Movistar+, que aceitaria reduzir 25% do salário para não conceder mais entrevistas coletivas.
Os repórteres resgataram a fala para questionar o comandante de 54 anos nesta quinta-feira (26), em coletiva de imprensa prévia ao jogo contra o Rennes, como é sua relação com a imprensa.
Luis Enrique aproveitou para ir além: se dessem um contrato que tirasse metade dos seus rendimentos no clube francês e ele nunca mais falaria com a imprensa, aceitaria na hora.
Apesar disso, tirou o clima da tensão ao dizer que se diverte com os jornalistas.
–Na realidade, eu me divirto com vocês [jornalistas], mas se me dessem a escolha… Foi um pensamento espontâneo [falar em reduzir o salário] e é verdade. Se me disserem agora que, se eu assinar um contrato, não falo mais com a imprensa e me tiram 25%, eu até diria mais, 50%, eu assino. — desabafou o sincero comandante.
Prosseguindo na fala, o técnico de 54 anos entende que é “impossível” que isso aconteça porque, em contrato com as TVs, é obrigatório conceder coletivas. Na opinião dele, a pior entrevista é após os jogos.
— Acho que isso vai ser impossível, porque os contratos com os clubes obrigam o treinador a falar com a imprensa. […] Se pudesse evitar, evitaria, especialmente as entrevistas pós-jogo porque é difícil. Não tenho energia naquele momento para falar sobre certas coisas. — disse.
Por fim, Luis Enrique reforçou novamente o ar de diversão que tem ao responder às perguntas dos repórteres e que eles também devem desfrutar.
— Não tenho nenhum problema e nunca encurtei uma entrevista coletiva, digo tudo o que tenho a dizer, gosto de falar. Também posso fazer isso em certos idiomas, mal, mas faço. […] Mas repito, estou me divertindo. Não sei se vocês [jornalistas] também, acho que às vezes riem, então não acho que estejam a ter um tempo tão horrível comigo. — finalizou.
A relação conflituosa entre Luis Enrique e a imprensa
Os problemas de Luis Enrique e a mídia não partem desta temporada ou após chegar ao PSG, em 2023.
Isso vem de antes, ainda quando era comandante do Barcelona (2014-2017) e tinha que conviver com a pressão diária de ser campeão. Também lidando, ao mesmo tempo, com os ataques que vinham dos jornais de Madri.
Esses problemas foram amplificados a partir do momento que o técnico assume a seleção espanhola (2018-2022).
Como um ídolo catalão, passou a dar cada vez mais entrevistas apenas para jornalistas da capital espanhola e protagonizou novos problemas pela rivalidade, seja por perguntas inconvenientes ou pela postura agressiva do treinador, quase sempre procurando inimigos.
— Quebrei os esquemas estabelecidos com os treinadores da seleção espanhola, não fui a nenhuma rádio. Avisei. Você contrata um treinador que vai se dedicar a treinar e trazer jogadores. Você não contrata um treinador que segue o que está estipulado. — disse o treinador em outro trecho do documentário.
Agora na França, ele continua o embate com jornalistas espanhóis que vão às suas coletivas.
Antes mesmo da temporada atual começar, Luis Enrique ficou muito incomodado com uma pergunta de uma repórter da Espanha sobre a estreia de Mbappé no Real Madrid.
— Como são chatos os espanhóis, nossa senhora. Vai continuar aqui até quando? Gostou das Olimpíadas? — disparou, antes de elogiar e desejar melhor ao ex-comandado.
No fim, Luis Enrique sabe que continuará concedendo coletivas aos jornalistas e “se divertindo” talvez na mesma medida que se irrita com perguntas sensíveis.