Brasil

Palmeiras: Abel Ferreira volta a se pronunciar sobre fala machista

Técnico português voltou a pedir desculpas à jornalista Alinne Fanelli após a vitória sobre o Athletico Paranaense

Após o Palmeiras vencer o Athletico Paranaense por 2 a 0 neste domingo (1º), o técnico Abel Ferreira voltou a se desculpar com a jornalista Alinne Fanelli pela fala machista em coletiva há uma semana.

O português utilizou uma analogia para defender que pessoas erram, mas esses erros não a definem. Também voltou a dizer que conversou com a repórter após o episódio, novamente reforçando a retratação que publicou no último domingo (25).

— Em uma palestra na sexta-feira que estive, uma jornalista me perguntou: ‘a mente mente ou a mente atua?'. E, na minha opinião, a mente pode ser as duas. Isso dependente da intenção e dos pensamentos de cada um. Portanto, os desvios cometidos não fazem regra, nem definem as pessoas. — começou, emendando:

— Mais ou menos uma hora depois do jogo contra o Cuiabá, eu liguei para a jornalista Alinne, me retratei e pedi desculpas. No dia seguinte, nas minhas redes sociais, e publicamente, voltei a me retratar. Hoje, uma semana depois, estou aqui mais uma vez a pedir desculpas. […] Lamento tudo que aconteceu e realmente nós podemos aprender mais do que nunca nos dias de hoje o impacto que tem as palavras. […] Sobre este assunto, mais uma vez lamento tudo que aconteceu e fica aqui um ponto final neste assunto. — finalizou.

Na mesma coletiva, ao ser questionado sobre sua passagem no Alviverde, Abel reforçou que seu ciclo se encerra no Palmeiras em dezembro de 2025, quando acaba seu contrato.

A fala machista de Abel Ferreira

Perguntado sobre a situação física do lateral-direito Mayke, o treinador do clube deu uma resposta injustificável e fora do tom, pois, segundo ele, as únicas mulheres que recebem suas satisfações são sua mãe, a esposa e a presidente do Palmeiras, Leila Pereira.

— Gostaria que você nos atualizasse sobre a situação do Mayke — disse a repórter, na sexta pergunta da sessão, indagando sobre a lesão sofrida pelo lateral.

— Uma coisa que vocês precisam entender é que eu tenho que dar satisfação para três mulheres. Minha mãe, minha mulher e à Leila. São as únicas que têm direito de pedir explicações. — respondeu, após vencer o Cuiabá por 5 a 0.

A repercussão negativa foi imediata. Pedidos públicos de posicionamento do clube ou da presidente foram pedidos por torcedores e pessoas do meio do futebol, mas não aconteceram.

No dia seguinte, Abel Ferreira divulgou um comunicado sem escrever as palavras “desculpa” ou “perdão” e tratou a fala como um mal-entendido.

O comunicado divulgado pelo técnico

Após o jogo de ontem, ainda no ônibus que nos trouxe de volta a São Paulo, eu telefonei para a repórter Alinne Fanelli a fim de lhe dizer que não tive, de forma alguma, a intenção de lhe causar qualquer constrangimento.

Utilizei a pergunta da referida profissional para transmitir uma mensagem que já estava na minha cabeça, sem me dar conta de que, naquele contexto, a declaração poderia gerar uma interpretação diferente ou soar hostil.

Quando concedo uma entrevista coletiva, entendo que não estou respondendo diretamente à repórter, ou ao repórter, que me faz a pergunta, mas sim a todos os presentes na conferência e também aos nossos atletas e torcedores e a todos aqueles que a acompanham por diferentes veículos de comunicação. Tanto é verdade que, nesta mesma resposta, eu utilizo o pronome “vocês”, no plural, em vez de “você” Lembro que, também na entrevista de ontem, expressei a minha admiração pela presidente Leila Pereira e o orgulho que sinto por ser liderado por uma mulher.

Reconheço, contudo, que fui infeliz em minha resposta e, por esse motivo, fiz questão de procurar a Alinne para me retratar e esclarecer o que considero ter sido um mal-entendido.

O que disse Alinne Fanelli?

Em um post nas redes sociais, a repórter vítima da fala agradeceu as mensagens de apoio e reforçou que foi contatada pelo técnico português. Ainda detalhou que sai triste porque passou por isso pela primeira vez em 17 anos de profissão. Leia o comunicado:

Oi gente! Passando aqui com mais calma agora para agradecer todas as mensagens de apoio, carinho e acolhimento que eu tenho recebido sem parar desde ontem. Agradecer também o apoio incondicional da Rádio BandNews FM e do Grupo Bandeirantes de Comunicação, desde o primeiro momento, com posicionamento público e empatia diante da situação.

No momento em que fiz minha pergunta, eu iria fazer dois questionamentos, um sobre o Mayke e outro sobre a convocação do Estêvão. Como houve o início de uma resposta, parei de falar por respeito ao entrevistado. Quando as palavras começaram a ser ditas, confesso que não soube como reagir e apenas pensei em focar na finalização do meu trabalho. Deixando o estádio, tive a oportunidade de conversar com algumas pessoas, inclusive, com o técnico Abel Ferreira.

Saio deste episódio triste, porque nunca passei por uma experiência desagradável como essa em 17 anos de profissão, mas me sentindo fortalecida como profissional e, principalmente, como mulher. O apoio e o acolhimento recebidos têm sido fundamentais para mim neste momento.

Foto de Carlos Vinicius Amorim

Carlos Vinicius AmorimRedator

Nascido e criado em São Paulo, é jornalista pela Universidade Paulista (UNIP). Já passou por Yahoo!, Premier League Brasil e The Clutch, além de assessorias de imprensa. Escreve sobre futebol nacional e internacional na Trivela desde 2023.
Botão Voltar ao topo