Ligue 1

Há vida sem estrelas? Trivela mostra como Ligue 1 encara a iminente saída de Mbappé

Em entrevista exclusiva à Trivela, dirigente da Ligue 1 falou sobre as saídas de Messi e Neymar, a provável saída de Mbappé e como a LFP trabalha para manter a liga relevante internacionalmente

Depois de perder Neymar e Messi no meio de 2023, a Ligue 1 está perto de sofrer outro grande baque com a iminente saída de Kylian Mbappé. O craque francês do PSG e principal estrela do futebol francês deve trocar o clube de Paris pelo Real Madrid no fim da atual temporada. Mas, apesar de ter quase virado uma questão diplomática no país, a organização da Ligue 1 encara de maneira diferente a saída de Mbappé da França. A Trivela conversou com exclusividade com uma dirigente da Ligue de Football Professional para entender qual o impacto da saída dessas estrelas mundiais do futebol francês e como isso pode afetar a “internacionalização” da Ligue 1.

No Rio de Janeiro para uma watch party para o clássico entre Olympique de Marselha e PSG no último domingo (31 de março), a gerente de eventos internacionais da LPF — que organiza a Ligue 1 — Juliette Genin falou com exclusividade com a Trivela sobre a provável saída de Mbappé do PSG e explicou os planos da liga para minimizar os impactos dessas transferências no futebol francês.

– É a vida de uma liga. Sempre temos pessoas indo e vindo. Isso já aconteceu. E já tivemos o Mbappé por oito temporadas na Ligue 1. Tivemos ele desde jovem. Mbappé foi feito na Ligue 1. É um projeto do futebol francês. Nós vamos continuar nos beneficiando dele. Ele foi treinado nos nossos clubes. Isso também mostra que a Ligue 1 e nossos clubes são fortes no desenvolvimento de novos talentos, fazendo emergir as estrelas do futuro. Nós treinos o melhor jogador do mundo – valorizou Juliette Genin em entrevista à Trivela.

— Mesmo que ele saia para a Espanha ou a Inglaterra, nós ainda seremos os que o fizeram o jogador que ele é hoje. Nós teremos essa conexão. Nós vamos trabalhar nisso. É normal que ele saia. Ele fez a sua história na Ligue 1, nós nos beneficiamos da sua notoriedade por muito tempo. Estamos muito felizes com isso e também muito felizes por ele e por sua carreira — completou a dirigente.

Mbappé deve deixar o PSG e a Ligue 1 uma temporada depois de Neymar e Messi (Foto: Icon Sport)

Ligue 1 aposta em trabalho de longo prazo e menos dependente de jogadores

Para manter a Ligue 1 relevante internacionalmente mesmo após as saídas de Neymar e Messi e da provável transferência de Mbappé, a LFP aposta um trabalho de longo prazo com os próprios clubes, meios de comunicação e com eventos espalhados pelo mundo, como o que aconteceu no Rio de Janeiro na última semana, reunindo jogadores que passaram pela Ligue 1, jornalistas, influenciadores e torcedores. Além disso, a LFP quer ser menos dependente das “mega estrelas” do futebol mundial.

— É verdade que esses jogadores (Neymar e Messi) colocavam os holofotes na Ligue 1. Mas não são apenas esses jogadores. Temos, por exemplo, 16 brasileiros na Ligue 1. Mesmo que algumas estrelas saiam, ainda temos alguns ativos que podemos trabalhar essa conexão e essa relação com os torcedores brasileiros usando outros jogadores. É a vida no futebol. As mega estrelas vem e vão. Estamos tentando fazer um trabalho maior nesses eventos para ser menos dependente dos jogadores — disse Julliete Genin, antes de completar.

— Estamos tentando construir relações fortes e atrair os torcedores a longo prazo. Não só porque tem o Neymar ou Mbappé. É verdade que causa um impacto internacionalmente, às vezes ajudam muito a colocar os holofotes no nosso campeonato. Quando eles saem, perdemos um pouco de visibilidade, mas estamos trabalhando nessas relações. Temos um grande trabalho para, a longo prazo, não depender tanto dos jogadores.

Ligue 1 que expandir mercado na Ásia e nos EUA

No mesmo dia em que realizava a watch party no Rio de Janeiro, a Ligue 1 realizava um evento no México. Para a organização da LPF, a liga francesa já é bem estabelecida e forte no mercado latino, principalmente nestes dois países, e na África subsariana. Agora, o desafio é crescer na Ásia, principalmente na China, e nos Estados Unidos.

Gerente de eventos internacional da Ligue 1, Juliette Genin admitiu que eles chegaram “atrasados” no mercado asiático, onde a concorrência é grande com a Premier League e La Liga.

— A Ligue 1 é forte aqui na América Latina, principalmente no Brasil e México. Por isso organizamos o evento nesses dois países. Também somos muito forte na África subsariana. É uma região muito importante para nós, porque nós já temos uma conexão com a África. Muitos jogadores, uma ligação histórica. Essas são as duas principais regiões em que a Ligue 1 é forte. Mas também estamos trabalhando muito na China, que é a nossa prioridade na Ásia. Também começamos nos últimos anos a fazer algumas coisas no Japão. É verdade que lá nós somos menos conhecidos. Os ingleses e os espanhóis chegaram lá primeiro. Estamos um pouco atrasados, mas é a nossa prioridade. E, depois, os Estados Unidos. É um mercado muito competitivo, mas é também é outro mercado prioritário. Posso dizer que China e Estados Unidos são mercados prioritários agora. Na América Latina e na África subsariana nós já somos fortes e queremos reforçar essa conexão — finalizou a dirigente da Ligue 1 à Trivela.

Foto de Gabriel Rodrigues

Gabriel RodriguesSetorista

Jornalista formado pela UFF e com passagens, como repórter e editor, pelo LANCE!, Esporte News Mundo e Jogada10. Já trabalhou na cobertura de duas finais de Libertadores in loco. Na Trivela, é setorista do Vasco e do Botafogo.
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