Liga Europa

Conflito entre torcedores do Ajax e israelenses gera 62 prisões e até ‘missão diplomática’

Foram registradas brigas antes, durante e depois do jogo pela Liga Europa entre apoiadores do clube holandês e do Maccabi Tel Aviv

O Ajax deu um show na Johan Cruyff Arena na última quinta-feira (7), batendo o Maccabi Tel Aviv por 5 a 0 pela Liga Europa. No entanto, o resultado em campo ficou em segundo plano pelas confusões e brigas antes, durante e depois da partida, tendo como pano de fundo os ataques de Israel na Faixa de Gaza.

No caminho para o estádio antes do apito inicial, os ultras israelenses foram flagrados arrancando e ateando fogo em bandeiras palestinas em casas em Amsterdã, gritando “Fod*-se Palestina”, atacando um taxista e entoando cânticos exaltando as mortes na Faixa de Gaza.

Depois, já dentro da arena, os fãs do Maccabi não respeitaram o minuto de silêncio em homenagem às vítimas das enchentes em Valencia, na Espanha, o que gerou mais revolta e inflamou grupos pró-Palestina e torcedores do time holandês a atacarem israelenses em ruas próximas ao estádio.

Os manifestantes contra Israel já tinham causado problemas em uma praça no pré-jogo, atacando a polícia local com fogos de artifício após serem impedidos de irem a caminho da Johan Cruyff Arena.

Já após o jogo, vídeos nas redes sociais mostram agressões de holandeses contra os visitantes, obrigando que falem “Palestina Livre” para se safarem dos socos e pontapés.

Em entrevista à agência Ansa, a ativista pró-Palestina Jesse Sep Van Aalderen, membro do grupo Pal Action Amsterdam, acusou os israelenses de terem cuspido em uma mulher com o véu islâmico hijab.

— Foi um erro deixar que milhares de hooligans de Israel viessem para Amsterdã. Essa partida não poderia ter sido jogada sabendo o quão alta era a tensão em certos bairros e sabendo o modo como essas pessoas se comportam. Eles [torcedores do Maccabi Tel Aviv] são provocadores. Há vídeos que os mostram arrancando bandeiras da Palestina das janelas. Eles cuspiram em mulheres que usavam o hijab — disse.

Assista a alguns desses momentos abaixo:

Ao todo, cinco pessoas foram hospitalizadas, mas já foram liberadas, e outras 62 terminaram presas, segundo a polícia da Holanda. Já Ministério do Exterior de Israel aponta que 10 torcedores israelenses sofreram ferimentos e três estariam desaparecidos.

Segundo o jornal israelense Haaretz, aproximadamente 3 mil torcedores do Maccabi foram para capital holandesa. Agora, eles serão resgatados pelo governo em dois aviões enviados pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, que definiu o episódio como “um ataque antissemita premeditado”.

As confusões geram várias manifestações de autoridades holandesas e israelenses, reiterando acusações de antissemitismo e obrigando uma “missão diplomática urgente”.

Ministro das Relações Exteriores de Israel vai até Holanda

Segundo o gabinete de Gideon Sa'ar, ministro recém-nomeado na pasta das Relações Exteriores de Israel, o político viajará em uma missão diplomática urgente com membros do governo da Holanda.

— Sa'ar se reunirá com autoridades do governo holandês, incluindo seu homólogo de Relações Exteriores — apontou, em comunicado, o ministério.

Entre as autoridades na Holanda, o primeiro-ministro Dick Schoof disse estar “horrorizado” com os ataques que definiu como antissemitas. Ele conversou com Netanyahu para garantir que os responsáveis serão presos.

— Tenho acompanhado as notícias de Amsterdã e estou horrorizado com os ataques antissemitas a cidadãos israelenses. Isso é completamente inaceitável. Estou em contato próximo com todas as partes envolvidas e acabei de falar com o primeiro-ministro Netanyahu por telefone para enfatizar que os perpetradores serão identificados e processados. A situação em Amsterdã está calma novamente. — escreveu Schoof no X (ex-Twitter).

Já o presidente de Israel, Isaac Herzog, afirmou que as brigas na Holanda o fizeram relembrar o ataque terrorista do Hamas que matou mais de mil israelenses em 7 de outubro do ano passado.

O terrorismo do Hamas marcou o início da ofensiva israelense que já matou mais de 43 mil palestinos, a maioria crianças e mulheres, na Faixa de Gaza e na Cisjordânia.

— Vemos com horror esta manhã as imagens e vídeos chocantes que, desde 7 de outubro, esperávamos nunca mais ver: um ataque antissemita ocorrendo contra torcedores do Maccabi Tel Aviv e cidadãos israelenses no coração de Amsterdã, na Holanda. — começou o presidente, emendando:

— Este é um incidente sério, um sinal de alerta para qualquer país que deseja defender os valores da liberdade. Dou meu total apoio à cooperação que está ocorrendo agora entre os governos e confio que as autoridades na Holanda agirão imediatamente e tomarão todas as medidas necessárias para proteger, localizar e resgatar todos os israelenses e judeus sob ataque, e para erradicar a violência contra cidadãos judeus e israelenses por todos os meios necessários. — finalizou.

Veja o posicionamento de outras autoridades abaixo:

Itamar Ben-Gvir, ministro da segurança Interna de Israel: “Os torcedores de uma partida de futebol foram vítimas do antissemitismo e atacados com crueldade, de uma maneira inimaginável, simplesmente porque eram judeus e israelenses”.

Ajax: “Após uma partida esportiva de futebol com uma boa atmosfera em nosso estádio – pela qual agradecemos a todas as partes envolvidas pela boa cooperação – ficamos horrorizados ao saber o que aconteceu no centro de Amsterdã ontem à noite. Condenamos veementemente essa violência.”

Além do conflito na Faixa de Gaza, o governo de Israel também tem atacado o Líbano, como uma resposta ao grupo terrorista Hezbollah, e já matou mais de 3 mil pessoas na região.

Foto de Carlos Vinicius Amorim

Carlos Vinicius AmorimRedator

Nascido e criado em São Paulo, é jornalista pela Universidade Paulista (UNIP). Já passou por Yahoo!, Premier League Brasil e The Clutch, além de assessorias de imprensa. Escreve sobre futebol nacional e internacional na Trivela desde 2023.
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