Em final emocionante, Celta cai de pé, mas é o United que está na decisão da Liga Europa

José Mourinho já desdenhou da Liga Europa. Quando assumiu o Chelsea pela segunda vez, o clube havia acabado de conquistá-la sob o comando de Rafa Benítez, e o português disse que os Blues não poderiam se acostumar a ela. Que a competição deles deveria ser a Champions League. O discurso mudou: Mourinho afirmou, com certo exagero, que o jogo de volta da semifinal contra o Celta de Vigo, nesta quinta-feira, seria o “mais importante da nossa história”. Com um final emocionante, o Manchester United conseguiu a vaga na final, enquanto a equipe espanhola lamenta a eliminação, ciente de que fez uma grande campanha europeia.
LEIA MAIS: “Ibra ainda pode jogar por muitos anos”, diz cirurgião que operou o joelho do atacante
Mourinho saber ler o contexto. Sabe que o título que o Manchester United nunca conquistou pode dar um pouco de tranquilidade para o seu turbulento começo de trabalho, com uma porção de partidas em que não convenceu e muita dificuldade para jogar em Old Trafford – como ficou comprovado, mais uma vez, nesta quinta-feira. Sabe, também, que uma vez nas fases mais agudas da Liga Europa, a classificação à próxima Champions League pode vir mais facilmente por meio do secundário torneio europeu do que pela briga de foice no escuro entre Liverpool, Manchester City, Arsenal e United por duas vagas via Premier League.
Colocou todas as fichas nesta semifinal. Poupou Bailly, Blind, Valencia, Pogba, Fellaini e Rashford no fim de semana, no confronto direto contra o Arsenal, e foi derrotado por 2 a 0. A estratégia começou dando muito certo: logo aos 17 minutos, Rashford encontrou Fellaini na segunda trave com um passe brilhante, e o meia belga, muito contestado, às vezes usado pelos críticos como símbolo de táticas antiquadas de Mourinho, cabeceou para fazer 1 a 0.
A vantagem de dois gols de diferença, jogando em casa, era confortável para o Manchester United. No entanto, este time de Mourinho peca muito na hora de matar as partidas e já colecionou um zilhão de empates nesta temporada – este foi o 17º. Mkhitaryan, Rashford e Fellaini exigiram boas defesas de Alvárez no começo do segundo tempo, mas não marcaram. O United manteve o Celta de Vigo a uma distância curta, de apenas um braço. Um pouco de sorte colocaria os espanhóis de volta à contenda.
Quase aconteceu, aos 30 minutos, em uma cabeçada de Guidetti, livre na marca do pênalti, mas a finalização saiu bem torta, para fora. A partida, que estava relativamente morna para uma semifinal, pegou fogo, a cinco minutos do fim, quando Roncaglia empatou para o Celta de Vigo.
Na sequência, Baily e o próprio Roncaglia foram expulsos em um entrevero no meio-campo: o zagueiro marfinense derrubou Guidetti, e o argentino revidou. Os dois lados ficaram com um a menos. Seis minutos de acréscimo.
O Celta tentou a pressão, e Rooney executou a importante tarefa de tentar manter a bola no campo de ataque. Conseguiu durante boa parte dos minutos finais, mas os espanhóis tiveram uma chance clara de se classificar, segundos antes do encerramento da partida. Beauvue recebeu dentro da grande área e poderia ter tentando o gol, mas cruzou para Guidetti. Romero já estava batido. No entanto, o centro foi forte demais, e o atacante sueco não conseguiu finalizar em cheio. Pegou mal na bola, que subiu e ficou pulando até Carrick afastar.
O apito final veio cheio de alívio para os torcedores do Manchester United, que sofreu mais do que deveria em uma semifinal que parecia controlada. Os jogadores do Celta caíram no gramado, com a consciência de que poderiam ter chegado à decisão, mas orgulhosos da campanha que fizeram. O Manchester United está em uma final europeia pela sexta vez (cinco de Champions, uma de Recopa) e tentará um inédito título da Liga Europa contra o Ajax, na Suécia.