Liga das Nações

Virou passeio! A Espanha humilha a Alemanha por 6 a 0, em massacre que poderia ser maior, e vai ao Final Four

A Alemanha chegou à última rodada da Liga das Nações em uma situação que parecia favorável. Após derrotar a Ucrânia no final de semana, a Mannschaft precisava de apenas um empate no Estádio Olímpico de la Cartuja para avançar ao Final Four. A Espanha necessitava da vitória. No fim das contas, a equipe de Luis Enrique produziu um massacre poucas vezes visto num embate de seleções neste nível. A Roja atropelou os alemães em Sevilha, com muita velocidade nas ações e uma série de chances que poderiam tornar o placar mais elástico que os 6 a 0 anotados. Ferran Torres assinalou uma tripleta e comandou o recital, mas vários outros nomes merecem destaque pelas excelentes atuações – como José Gayà, Fabián Ruiz e Dani Olmo. O resultado confirma a classificação dos espanhóis em busca do título continental e entra para a história como a maior derrota sofrida pelos alemães em um duelo oficial, superando os 8 a 3 da Hungria em 1954.

A Espanha entrou com uma escalação modificada em relação ao empate contra a Suíça, sobretudo do meio para frente. Álvaro Morata era a principal novidade no ataque, acompanhado por Ferran Torres e Dani Olmo nas pontas. Já o meio-campo era composto por Rodri, Koke e Sergio Canales. A Alemanha, por outro lado, manteve quase o mesmo time que bateu a Ucrânia. A novidade era Toni Kroos, de volta ao meio, com Robin Koch recuado à zaga. No ataque, a trinca com Timo Werner, Serge Gnabry e Leroy Sané.

Desde os primeiros minutos, a Espanha parecia pronta a causar problemas à Alemanha. Em uma falta marcada no limite da grande área, Sergio Ramos cobrou no canto do goleiro e exigiu a primeira defesa de Manuel Neuer. A Roja perderia Canales, substituído por Fabián Ruiz após lesão. Mas não foi isso que diminuiu o ritmo forte dos espanhóis, acelerando os passes e atacando com muita velocidade. Se a Mannschaft não conectava suas tentativas, com Pau Torres muito bem na zaga adversária, o primeiro gol sairia do outro lado aos 17. Escanteio de Fabián Ruiz rumo ao segundo pau, para que Morata aparecesse sozinho e mandasse para dentro.

O gol pareceu aumentar a confiança da Espanha, que passou a exercer um domínio ainda mais claro da partida. Ferran Torres aproveitava bastante o espaço na ponta direita. Aos 23, Morata veria seu segundo tento anulado, em impedimento duvidoso assinalado pelo assistente – vale lembrar que não há VAR na Liga das Nações. Neuer realizaria uma defesaça na sequência, quando Ferran invadiu a área sozinho. Já aos 33, o ponta conseguiria seu primeiro gol. Koke cruzou e Olmo cabeceou no travessão. Na sobra, Ferran aproveitou Neuer batido para fuzilar.

A Alemanha estava grogue e pouco conseguia aproveitar a mobilidade de seus homens de frente. A Mannschaft mal tinha saída de bola para construir seu jogo, diante da blitz da Espanha. O terceiro gol viria aos 38. Depois de mais um escanteio, Fabián Ruiz cruzou com perfeição e Rodri se antecipou à marcação, concluindo de cabeça para as redes. Dava a impressão de que, diante do domínio espanhol, o placar poderia ser até mais amplo. De preocupação, apenas a saída do capitão Sergio Ramos, substituído por Eric García por um problema muscular.

A Alemanha voltou ao segundo tempo com a entrada de Jonathan Tah no lugar de Niklas Süle. Pouco para resolver os problemas do time. Logo no primeiro ataque espanhol, Neuer precisou brecar Dani Olmo. E o quarto gol não tardaria, num contragolpe aos 10 minutos. A trama saiu veloz pelo lado esquerdo, com Fabián Ruiz enfiando a bola para José Gayà pegar a defesa aberta. Quando invadiu a área, o lateral não foi egoísta e só rolou para que Ferran Torres anotasse mais um. Logo depois, uma cabeçada de Rodri para fora ainda ameaçou Neuer.

A goleada não provocava uma atitude da Alemanha, que até se adiantava em campo, mas era inócua em suas ações e via os espanhóis manterem o controle. Mesmo as entradas de Luca Waldschmidt e Florian Neuhaus não geraram grandes efeitos. Os contragolpes da Espanha levavam mais perigo e o quinto se ensaiava. Ferran mandou uma batida para fora, antes de Morata chegar segundos atrasado para completar livre um cruzamento de Fabián Ruiz. Aos 27, a tripleta de Ferran se concretizou. Depois de uma linda tabela com Fabián Ruiz, o ponta voltou a superar Neuer.

A melhor chance para a Alemanha descontar veio em bomba de Gnabry, que estalou o travessão. Todavia, a Espanha mantinha a posse de bola e seguia em busca do sexto. Depois de alguma pressão ofensiva, ele viria aos 44, a partir de um lindo lançamento de Rodri. Gayà dominou na área e rolou na saída de Neuer, para Mikel Oyarzabal concluir à meta vazia. O estrago estava feito, contra um adversário sem liderança e sem exibir minimamente sua qualidade. A Mannschaft foi um mero saco de pancadas no baile espanhol em Sevilha, com 23 finalizações contra duas dos visitantes, além de 69% de posse de bola.

A Espanha chegou aos 11 pontos no Grupo A4 da Liga das Nações. Vai com autoridade ao Final Four, acompanhando a França, outra seleção confirmada na fase decisiva. A Alemanha parou com nove pontos, terminando na segunda colocação. Já a Suíça deve evitar o rebaixamento, depois que a partida contra a Ucrânia foi cancelada. O elenco ucraniano registrou três casos de coronavírus e foi colocado em quarentena pelas autoridades suíças, impossibilitando o jogo. Com isso, os helvéticos devem ser condecorados pela Uefa com a vitória por 3 a 0, o que culminaria no descenso dos adversários.

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Foto de Leandro Stein

Leandro Stein

É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Escreveu na Trivela de abril de 2010 a novembro de 2023.
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