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Melhor jogador da Espanha campeã, Rodri ganha um prêmio extra numa temporada que já era fantástica

Rodri recebeu o prêmio de melhor jogador do torneio, um reconhecimento merecido à grande referência da Espanha atual

Rodri é inegavelmente o principal jogador da seleção da Espanha neste momento. O destaque do meio-campista no elenco de Luis de la Fuente é enorme. O camisa 16 possui muita qualidade técnica, atravessa uma fase iluminada e também impõe sua liderança dentro de campo. Tal capacidade de se colocar como referência da Roja ficou bastante clara ao longo da Liga das Nações. E o volante coroa uma temporada especialíssima. Depois de conquistar a Tríplice Coroa como figura central ao Manchester City, sobretudo pelo gol do título na final da Champions League, o camisa 16 leva um troféu a mais na Nations. Foi o melhor jogador da competição vencida pelos espanhóis, com os 5 a 4 nos pênaltis sobre a Croácia na decisão.

Era de se esperar que a Espanha orbitasse ao redor de Rodri durante a Liga das Nações. O elenco da Roja é bastante homogêneo durante os últimos ciclos. Os espanhóis possuem vastas opções, mas poucos jogadores que realmente se sobressaiam. A princípio, Rodri não era exatamente um protagonista na época da última Copa do Mundo. Contudo, os últimos meses elevaram o nome do volante. Sua importância ao sucesso do Manchester City é imensa. O espanhol é o motor da equipe de Pep Guardiola e uma das razões principais para o acerto da máquina nesta reta final da temporada, pela forma como confere equilíbrio às engrenagens. Depois de levar três títulos consecutivos com os Citizens, chegaria ainda maior para o Final Four da Liga das Nações.

Com companheiros bem menos experientes ao lado e uma equipe ainda em formação, Rodri assumiria de vez o papel de referência técnica da Espanha. Era quem mandava prender e soltar. Se durante a Copa do Mundo, ainda com a presença de Sergio Busquets, Rodri acabou improvisado como um competente zagueiro, agora ele se firma em sua posição natural. E apresentou todas as razões pela qual é considerado um dos melhores volantes do mundo na atualidade. Desempenha um papel bastante importante na marcação, mas com boas doses de técnica na construção e ímpeto para se lançar ao ataque.

Durante as semifinais, contra a Itália, Rodri já seria decisivo. Fez uma grande partida para controlar o meio-campo da Espanha e aparecer decisivamente no ataque. Luis de la Fuente não provoca uma grande cisão no estilo tradicional da Roja nos últimos anos. É importantíssimo contar com um termômetro como Rodri, acostumado às exigências por aquilo que faz no Manchester City. O camisa 16 melhora o restante da equipe, algo que fica bastante claro nessa Nations. E ele ainda teria a sorte a seu favor, com a batida desviada que rendeu o gol da vitória para Joselu nos minutos finais.

Já neste domingo, o parceiro no meio-campo mudou, mas Rodri continuou como um dos melhores da equipe. Mesmo com o desafio de encarar a lendária trinca central da Croácia, o volante conseguiu igualar o desafio e não passar sufoco nem mesmo diante de Luka Modric. Tanto é que as principais investidas croatas aconteciam pelos lados, sobretudo com Ivan Perisic pela esquerda. Pouca coisa passava na faixa central, também pelos desarmes decisivos de Aymeric Laporte e Robin Le Normand. Ofensivamente, Rodri ainda produziu bastante. Não apenas construiu bastante com seus passes, como também arriscou a gol. Pode não ter conseguido uma batida limpa, mas estava confiante o suficiente para tentar decidir outra final.

Se o gol não veio durante os 120 minutos, Rodri não fugiu da responsabilidade na disputa por pênaltis. Converteu o seu gol com calma. E ainda viu Unai Simón se erigir como outro protagonista nesse título, graças às duas cobranças que defendeu. A história da Espanha não é tão fascinante como seria a da Croácia. Mas não se nega a competência de quem está lá, sobretudo de Rodri. É um dos melhores jogadores em atividade na atualidade. Não é candidato tão forte à Bola de Ouro, até pela sua posição, mas o novo troféu certamente valerá uma posição mais privilegiada na lista final. Ele estará lá.

Apenas os laterais Jordi Alba e Jesús Navas tinham feito parte dos elencos campeões da Espanha na virada da década passada. Dentre os demais, Rodri talvez fosse exatamente quem mais merecesse o rótulo de vencedor pela equipe nacional. A ascensão do meio-campista é relativamente recente, a partir da Euro 2020. Aos 26 anos, fica marcado como a principal face dessa Liga das Nações. Busquets foi um gigante para a Roja, mas sua ausência é a menos sentida entre os velhos campeões do mundo, exatamente porque seu herdeiro não deixa nada a desejar. A missão do camisa 16 agora é mostrar que essa Espanha pode fazer mais – uma missão mais difícil que em outros tempos.

Foto de Leandro Stein

Leandro Stein

É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Escreveu na Trivela de abril de 2010 a novembro de 2023.
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