Como as quatro seleções semifinalistas chegam ao Final Four da Liga das Nações 2021
Preparamos um mini guia para falar sobre Itália, Espanha, França e Bélgica nesta fase final do torneio

O Final Four da Liga das Nações chama menos atenção nesta segunda edição. Com a Euro 2020 concluída apenas três meses atrás, o brilho do campeão acabará ofuscado pelo peso conquistado pela Itália no torneio principal. Isso não significa, porém, que a Liga das Nações não poderá guardar boas histórias. Muito pelo contrário, ela pode até referendar a Azzurra de Roberto Mancini, com a equipe em busca de mais uma taça, agora dentro de casa. A França surge como principal concorrente pela força de seu elenco, enquanto a Espanha tentará levar o troféu com um time mais experimental. Já a Bélgica é aquela que parece ter mais gana pelo feito, que contaria bastante à trajetória de sua geração de talentos.
Aproveitando o início do Final Four nesta quarta-feira (com transmissão da TNT Sports), preparamos um mini guia sobre o torneio, comentando brevemente sobre as campanhas das seleções, o significado do título e os elencos. Confira:
Itália
O momento não poderia ser mais favorável à Itália neste Final Four. A equipe de Roberto Mancini disputará o torneio em casa e vem embalada pela conquista recente da Eurocopa. Talvez a grande indagação seja mesmo a maneira como o título continental depois de 53 anos poderá interferir na motivação dos italianos. A missão da temporada está cumprida, e de maneira brilhante, o que pode gerar uma acomodação. No entanto, o fato de jogar diante de seu público (o que já influenciou na Euro) também deve dar um gás a mais para que a Azzurra feche 2021 como um dos anos mais gloriosos de sua história. Qualidade não falta, até pelo excelente futebol apresentado pelos pupilos de Mancini nos últimos meses.
A campanha na fase de classificação da Liga das Nações sustentou a atual série invicta da Itália. Não foi o grupo mais difícil, em que a Holanda aparecia como principal concorrente, enquanto Polônia e Bósnia corriam por fora. Ainda assim, a Azzurra fez uma campanha segura em que somou 12 pontos, com três vitórias e três empates. O triunfo sobre os holandeses em Amsterdã, sobretudo, provou-se essencial para que os italianos terminassem na primeira colocação da chave.

Na última Data Fifa, a Itália ampliou seu recorde invicto, mas dando alguns sinais de acomodação. A equipe de Roberto Mancini empatou com Bulgária e Suíça, além de cumprir a missão com goleada sobre a Lituânia. Por conta dos tropeços, a situação nas Eliminatórias para a Copa não é tão cômoda quanto poderia ser, mas ainda assim deve encaminhar a Azzurra para o Catar. Já nas semifinais da Liga das Nações, a Espanha oferece um desafio razoável, considerando o trabalho que a Roja deu durante a semifinal da Euro.
O elenco da Itália precisará lidar com algumas baixas importantes, sobretudo no comando do ataque. Ciro Immobile, Andrea Belotti, Matteo Pessina, Rafael Tolói, Alessandro Florenzi, Gaetano Castrovilli e Leonardo Spinazzola são ausências em relação à Euro 2020. Davide Calabria, Federico Dimarco, Lorenzo Pellegrini e Moise Kean surgem como novidades. Vale ficar de olho em jogadores que começam bem a nova temporada, em especial Federico Chiesa e Manuel Locatelli pela Juventus, além de Lorenzo Pellegrini pela Roma e Lorenzo Insigne pelo Napoli. Marco Verratti e Gianluigi Donnarumma também são estrelas sob os holofotes, pelo momento badalado do Paris Saint-Germain.
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Espanha
A Espanha desembarca na Liga das Nações depois de uma Eurocopa com altos e baixos, mas cujo saldo final favoreceu o comando de Luis Enrique. O treinador realizou uma renovação sensível e continua fazendo isso neste Final Four. Uma série de novatos ganhou chance na convocação e o técnico preserva uma média de idade baixa. Parece entender esse torneio mais como parte do processo do que necessariamente uma chance para ampliar seu prestígio com a Roja. E o duelo contra a Itália promete ser equilibrado, apesar do favoritismo ainda pender aos campeões continentais.
A Espanha é a equipe que mais se destacou por sua campanha anterior na Liga das Nações. A Roja não teve o melhor desempenho dentre os quatro classificados, com 11 pontos, mas apresentou o melhor ataque e conquistou o resultado mais expressivo ao enfiar 6 a 0 sobre a Alemanha no jogo da classificação. Porém, vale lembrar que a equipe também perdeu para a Ucrânia naquela caminhada. De certa forma, indicou também as oscilações costumeiras do trabalho de Luis Enrique na equipe nacional.

Já as partidas depois da Eurocopa não agradaram tanto, sobretudo pela derrota diante da Suécia nas Eliminatórias. Os espanhóis se recuperaram com triunfos contra Geórgia e Kosovo, mas sem apresentar um futebol tão convincente e só se tranquilizando um pouco mais depois do tropeço dos suecos contra a Grécia. De qualquer forma, a equipe ainda tem sua vaga no Mundial ameaçada pelos escandinavos e, até por isso, Luis Enrique deve manter sua atenção sobre o objetivo que realmente interessa – a classificação rumo ao Catar.
A lista surpreendente da Liga das Nações promoverá as estreias de Gavi e Yeremi Pino. Além disso, vários garotos ganham a primeira chance numa competição com a seleção principal, a exemplo de Bryan Gil e Pedro Porro. Vale destacar ainda a oportunidade para Marcos Alonso. Pedri é a ausência mais sentida em relação à Euro 2020, lesionado, mas também não estarão presentes atletas mais rodados, como Álvaro Morata, Jordi Alba, Fabián Ruiz e Thiago Alcântara. Sergio Busquets permanece como um nome intocável no meio-campo, enquanto Mikel Oyarzabal tende a ser uma peça chave, pelas ausências no ataque e pela boa fase com a Real Sociedad.
França
A França deixou a Euro 2020 como uma das maiores decepções. O time chegou a ter momentos pontuais de brilho, mas pecou pela inconsistência ao longo do torneio e engoliu uma surpreendente eliminação diante da Suíça. O elenco ainda é um dos mais fortes do mundo, o que garante certo favoritismo aos Bleus. A questão maior é o encaixe do time que nem sempre acontece e a capacidade de Didier Deschamps, que tantas vezes se mostra abaixo dos jogadores que tem em mãos. Ainda assim, a Liga das Nações é um bom teste para mostrar como os franceses podem construir um legado maior com esta geração.
A França se saiu muito bem na fase de classificação da Liga das Nações, até porque estava num dos grupos mais difíceis. Foram cinco vitórias e um empate na chave que trazia também Portugal, Croácia e Suécia. Os resultados contra Portugal se provaram essenciais, até porque o empate no Stade de France precisou ser respondido com uma vitória francesa dentro do Estádio da Luz. Foi o triunfo que garantiu o principal passo dos Bleus rumo ao Final Four.

O problema é que os resultados de 2021 distanciam a França desta maré alta. Curiosamente, os Bleus permanecem invictos no ano, mas com seis empates em 12 compromissos. A última Data Fifa ampliou a lista de tropeços, com igualdades diante da Bósnia e da Ucrânia nas Eliminatórias, antes do triunfo sobre a Finlândia. A situação no qualificatório poderia ser até mais crítica para os atuais campeões mundiais, mas a sorte é que os concorrentes também empatam exageradamente.
A convocação para a Liga das Nações não contará com N'Golo Kanté, após contrair COVID-19, enquanto Thomas Lemar e Kingsley Coman são outros ausentes que poderiam ajudar o time. Em compensação, alguns bons nomes que não estavam na Euro foram adicionados: Theo Hernández, Dayot Upamecano, Jordan Veretout e Moussa Diaby. As atenções se voltam novamente ao funcionamento do trio com Karim Benzema, Antoine Griezmann e Kylian Mbappé na frente. Paul Pogba também será mais exigido, num meio-campo sem tanta experiência em que os olhares sobre ele serão ainda maiores.
Bélgica
Nenhuma outra seleção do Final Four parece mais interessada no título da Liga das Nações que a Bélgica. Afinal, numa equipe de histórico bem menos recheado que os concorrentes, o troféu possui uma representatividade maior. E pode ser a taça que guardará um lugar mais especial na história à tão incensada “geração belga”. Os talentos já colocaram os Diabos Vermelhos de maneira constante nos torneios internacionais (o que não aconteceu na década anterior) e alcançaram uma semifinal de Copa do Mundo. Todavia, o brilho do título renderia uma aclamação inédita, e condizente a um elenco que envelhece.
A Bélgica passou com tranquilidade num grupo anterior que tinha seus perigos. A Islândia saiu como lanterna sem pontuar, mas Dinamarca e Inglaterra provariam suas competitividades na Euro 2020. Ainda assim, os Belgas somaram cinco vitórias e, com 15 pontos, tiveram uma vantagem de cinco pontos sobre os perseguidores. O time de Roberto Martínez só perdeu mesmo na visita a Wembley, chegando a bater os dinamarqueses tanto fora quanto em casa, além do triunfo-chave sobre os ingleses em Leuven.

De todas as quatro seleções do Final Four, a Bélgica também é a que faz uma campanha mais segura nas Eliminatórias. A última Data Fifa teve três vitórias, sobre Estônia, República Tcheca e Belarus. Os Diabos Vermelhos indicam totais condições para se tornarem a primeira ou a segunda seleção europeia (a depender da Dinamarca) com vaga garantida no Mundial. A única preocupação momentânea é mesmo com a situação de Roberto Martínez, sondado pelo Barcelona como substituto de Ronald Koeman.
Dos jogadores presentes na Euro 2020, não disputarão a Liga das Nações alguns medalhões como Thomas Vermaelen e Dries Mertens, além do prodígio Jérémy Doku. Em compensação, uma novidade que merece atenção é o garoto Charles de Ketelaere, que vem arrebentando com o Club Brugge na Champions. Dodi Lukebakio e Alexis Saelemaekers são bons outros novatos. De qualquer maneira, o protagonismo deve mesmo se concentrar em Romelu Lukaku e Kevin de Bruyne, além de Eden Hazard, que tentará mais uma vez recuperar seus lampejos.