A Holanda encheu os olhos no segundo tempo e arrancou uma virada gigante contra a Alemanha em Hamburgo

O primeiro embate entre Alemanha e Holanda pelas Eliminatórias da Euro 2020 já tinha rendido um jogaço em março. A vitória alemã por 3 a 2 saiu apenas aos 45 do segundo tempo em Amsterdã. Seis meses depois, o reencontro rendeu outra partida memorável. E, desta vez, com o saboroso troco holandês em Hamburgo. O Nationalelf abriu o placar e foi claramente superior durante a etapa inicial. Entretanto, os 45 minutos complementares viram uma atuação gigantesca do time de Ronald Koeman. A Oranje não só buscou a virada, como também reagiu bem quando um lance fortuito permitiu outro empate aos anfitriões. A vitória por 4 a 2 é emblemática dentro do processo de renovação realizado pelos holandeses.
Joachim Löw escalou a Alemanha novamente no 3-4-3. Apostou em uma linha ofensiva bastante móvel, com o trio composto por Marco Reus, Timo Werner e Serge Gnabry. Além disso, Toni Kroos e Joshua Kimmich formavam a dupla de volantes. Já na Holanda, o destaque ficou para a zaga com Matthijs de Ligt e Virgil van Dijk. Mais à frente, Ryan Babel e Memphis Depay eram as referências.
O duelo começou aberto. Prova disso foram as boas chances que não demoraram a surgir de ambos os lados. Porém, enquanto Manuel Neuer fez grande defesa em bomba de Depay, a Alemanha conseguiu abrir o placar aos nove minutos. O Nationalelf emendou um excelente contra-ataque e, lançado em profundidade, o ala Lukas Klostermann avançou livre pela direita. O jogador do RB Leipzig poderia ter feito melhor, mas chutou em cima de Jasper Cillessen. No rebote, ao menos, Serge Gnabry não perdoou.
A Holanda teve o controle do jogo ao longo do primeiro tempo, enquanto a Alemanha preferia se defender e aguardar os contragolpes. O time da casa foi bem mais feliz em sua estratégia, neutralizando os holandeses. A Oranje exibia uma grande dificuldade para criar ofensivamente e terminou limitada a lances de bolas levantadas, sem forçar Neuer a outras intervenções. Nas melhores chegadas, De Ligt e Depay cabecearam para fora. Do outro lado, os alemães encontravam mais espaços e Cillessen evitou o segundo gol. Depois de brecar uma chegada de Gnabry, o arqueiro operou um milagre aos 42, espalmando a bomba de Reus.
A partida se tornou ainda melhor no segundo tempo. Principalmente, porque Ronald Koeman conseguiu tirar o máximo de seu time e a Holanda voltou bem mais agressiva, atacando com mais velocidade e objetividade. Os primeiros minutos permaneceram abertos, com avanços perigosos de ambos os lados. No entanto, os holandeses se impuseram a partir dos 11. Georginio Wijnaldum poderia ter empatado neste momento, mas parou em boa defesa de Neuer. Já aos 14, o goleiro não teve o que fazer. Babel cruzou e, aproveitando-se do escorregão de Jonathan Tah, Frenkie de Jong apareceu livre, para dominar e dar um leve toque na saída do arqueiro, antes de correr para o abraço.
A participação de Babel, abrindo pela esquerda, era bastante importante à Holanda, assim como Wijnaldum dava dinamismo enorme pelo meio. E o time cresceu depois do gol, também por conta das alterações realizadas por Koeman. Em sua estreia pela seleção, Donyell Malen entrou bem na equipe e deu mais ímpeto à linha de frente. A virada se consumou aos 20 minutos. Após cobrança de escanteio, Van Dijk cabeceou e Neuer salvou. Na sobra, Depay cruzou quase sem ângulo e a bola desviou em Jonathan Tah, antes de entrar. Os méritos da Oranje para esboçar a vitória neste momento eram totais.
A Alemanha teve um breve respiro aos 26, graças a um pênalti bobo cometido por De Ligt. O zagueiro travou o cruzamento de Nico Schulz, mas a bola subiu e bateu em seu braço, sem que ele sequer percebesse. Infração discutível, mas anotada pelo árbitro – sem o auxílio do VAR, ausente nas Eliminatórias da Euro. Toni Kroos pegou a bola e converteu. Apesar da igualdade, a Holanda não mudou sua postura e continuou a aproveitar os espaços às costas da defesa alemã. Não demoraria a retomar a dianteira. Depois de mais uma intervenção de Neuer e de um chute de Babel para fora, o terceiro gol saiu aos 34. Em ótima troca de passes, Wijnaldum serviu Malen e o novato apareceu sozinho na área para fuzilar.
Restando mais dez minutos no relógio, a Alemanha precisou sair ao ataque. Avançou o seu time e passou a rodar a bola no campo ofensivo. Parecia bem mais a Holanda do primeiro tempo, com dificuldades de romper a marcação. Löw chegou a tirar Matthias Ginter para a entrada de Julian Brandt, o que pouco adiantou. Mais decisivos foram os espaços concedidos pelos alemães atrás, que deram a brecha ao quarto gol holandês aos 46. Depay puxou o contragolpe e deu um passe milimétrico para Wijnaldum definir. No fim, quase a Alemanha descontou em lançamento para Gnabry. A finalização do ponta caprichosamente bateu no travessão e não evitou o lamento dos anfitriões.
O resultado possui um peso enorme à Holanda no Grupo C das Eliminatórias da Euro. O time se refaz do revés no primeiro encontro com os alemães e chega aos seis pontos em três partidas. Está na terceira colocação. A Alemanha se mantém no segundo lugar, com nove pontos, mas com um jogo a mais. Ambas as potências tentarão correr atrás do prejuízo contra a Irlanda do Norte. A surpresa lidera a chave com 12 pontos em quatro partidas, mas apenas enfrentou as babas do grupo, Estônia e Belarus. Em termos de épicos, holandeses e alemães se igualam.