Chiellini: “Chegamos até aqui com a mente leve, curtindo o momento e com uma faísca de loucura”

Giorgio Chiellini é um dos grandes nomes da Itália nesta Eurocopa, não apenas por sua importância na zaga ou pela liderança. O capitão também evidencia o clima positivo ao redor da Azzurra e que parece impulsionar ainda mais o time de Roberto Mancini, de ótimas apresentações ao longo do torneio. Antes da decisão contra a Inglaterra, o veterano falou sobre esse ambiente e também sobre os predicados dos adversários, numa coletiva em que garantiu excelentes respostas sobre pensar o futebol além do lugar comum.

Curtindo o momento

“Tenho muitos jogos no meu currículo, então estou aproveitando cada momento nesses últimos anos da minha carreira. Sempre tenho um sorriso no rosto e um respeito por meus adversários, então brincar e abraçar os oponentes é algo que costumo fazer. Estou curtindo esse torneio ainda mais que o normal, não é tática, é apenas como sou. Depois de todos esses anos, eu dei e recebi um respeito recíproco, então é uma boa relação para se ter. Alguém na minha idade não pode fazer muitos planos de longo prazo, apenas vivo um dia de cada vez e aproveito”.

A fórmula da Itália

“Sentimos um ar de positividade após a vitória sobre a República Tcheca no último amistoso e estamos aproveitando isso, fazendo o que queríamos. Os ingredientes que nos permitiram chegar aqui foram ter a mente leve, curtir o momento e uma faísca de loucura. Temos então um grande líder aqui, com Roberto Mancini, que sabe como combinar todos os ingredientes”

O peso do momento

“Acho impensável controlar o jogo por 90 minutos, mas temos que observar cada detalhe. Temos plena consciência de como isso é importante, então o que precisamos e o que o treinador tem feito é acalmar tudo, para garantir que vamos desfrutar o momento, pois não sabemos quando acontecerá de novo. Acreditávamos que teríamos uma ótima Euro, mas a final é aquele instante em que você não pode prever o que acontecerá”.

Os pontos fortes da Inglaterra

“A Inglaterra não é a Espanha, eles têm características muito diferentes. Acho que os dois times que se saíram melhor nesta Euro chegaram na final, basta olhar os resultados para ver quão sólidos e físicos são os ingleses, juntamente com a qualidade individual em todos os setores. Eles têm a organização que Southgate trouxe após a Euro 2016. Eles não tocam a bola como os espanhóis, mas são fortes e só tomaram um gol. Vi ao longo da Euro que a Inglaterra é um time que pode esperar atrás, mas eles têm essas explosões de energia que podem causar problemas a qualquer momento”

A vantagem inglesa em Wembley

“Sempre dizem que o dono da casa tem vantagem quando joga a final em seu estádio, não é a primeira vez e nem a última. Também ouvi alguma polêmica quando eu disse que veria a Inglaterra na final antes, mas isso era porque eles estavam na chave mais fácil após superar a Alemanha. É claro, eles também têm um time forte. A Inglaterra não viajou muito, mas também não viajamos muito na fase de grupos. Eu ficaria irritado se fosse da Suíça, que foram de Roma para Baku e depois para São Petersburgo”.

O apoio dos escoceses

“Isso me fez sorrir, junto com tantos memes que vimos nos últimos dias. Todo mundo conhece a rivalidade entre Inglaterra e Escócia, então isso nos fez rir, mas nada além. Você não vai longe em uma final contra a Inglaterra em Wembley sem ter um coração feroz ou uma cabeça fria, então precisamos de ambos. Temos que ser agressivos, espertos, corajosos e manter a situação sob controle”

Admirador de Kane

“Ainda me lembro a primeira vez que joguei contra Kane, um amistoso em Turim entre Itália e Inglaterra, e eu fiquei imediatamente impressionado com suas muitas qualidades diferentes. Ele é bom no jogo aéreo, segurando a bola, dando assistências, marcando gols, mesmo batendo faltas. Você pode perguntar a Fabio Paratici [ex-diretor da Juventus] quantas vezes falei para ele sobre Kane ao longo dos anos”.

As individualidades inglesas

“Kane e Sterling não são tão novos, nós que somos muito velhos! Eles também têm muita experiência. Todo mundo tem suas próprias características. Se eu começar uma corrida em velocidade com Sterling, duvido que algum dia consiga vencê-lo, mas em situações nas quais nós dois formos para a bola, posso conseguir mais do que ele. Acho que os jogadores do banco da Inglaterra também poderiam ter levado o time facilmente para a final, eles têm excelentes opções no ataque. Felizmente é um esporte coletivo e, portanto, não se trata de mim contra Kane ou Sterling, mas sobre como os jogadores trabalham uns com os outros”.