Ausência de árbitra na Eurocopa cria atrito entre Federação Francesa e UEFA
Stéphanie Frappart, que foi a primeira árbitra mulher a apitar jogos de Champions League e Copa do Mundo masculinas, está fora da Eurocopa

Uma das principais favoritas para a disputa da Eurocopa, a França começará a competição em um clima não tão amistoso com a UEFA, organizadora do torneio, que acontecerá entre junho e junho deste ano na Alemanha. E o motivo não tem tanto a ver com os atletas ou a comissão técnica dos Bleus.
Na verdade, o atrito é causado por conta da decisão do órgão esportivo europeu de deixar a árbitra Stéphanie Frappart fora dos jogos da Eurocopa. A decisão aconteceu, segundo a UEFA, por conta do desempenho abaixo do esperado em jogos importantes.
Árbitra foi alvo de polêmica na França
Mas o debate parece algo muito maior, inclusive devido a uma polêmica que envolve o nome da árbitra dentro de seu país. No início deste mês, Frappart foi a árbitra do jogo da semifinal da Copa da França, em que o Lyon bateu o Valenciennes por 3 a 0, e assegurou sua vaga na grande decisão do torneio contra o Paris Saint-Germain.
Porém, o desempenho da árbitra foi bastante questionado pela imprensa que acompanha os principais clubes e campeonatos franceses. Acusada de invalidar um gol que estava em posição legal, e marcar um pênalti não existente em Alexandre Lacazette, que converteu a cobrança, Frappart ganhou nota 1 por seu desempenho na partida do jornal L'Equipe.
A nota muito baixa, que é rara, gerou debates e acusações de misoginia e sexismo. Pouco depois, a direção do L'Equipe soltou uma nota se defendendo explicando o motivo de ter dado uma nota tão baixa e os motivos pelo qual optaram por essa decisão. Segundo eles, foi uma decisão individual tomada por quem assistiu ao jogo, e que provavelmente um árbitro homem receberia a mesma nota caso errasse em lances importantes da partida.
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Decisão gera críticas no país
Mas a decisão de deixá-la fora da lista de juízes da Eurocopa, logo após a polêmica, não foi bem aceita pela Federação Francesa de Futebol e pelos árbitros do país. Ao próprio jornal L'Equipe, Eric Borghini, presidente da Comissão Federal de Árbitros, lamentou a não ida de Frappart.
– Eles (UEFA) têm um critério próprio de seleção, mas foi infeliz. Isso vai causar uma parada, mesmo que temporária, de termos mais árbitras mulheres presentes no mais alto nível do futebol europeu. O fato de que ela (Frappart) e nenhuma outra mulher foi selecionada como árbitra principal é um sinal ruim.
Stéphanie Frappart começou sua carreira como árbitra profissional em 2011, em jogos da terceira divisão francesa. Aos poucos ela foi ganhando cada vez mais espaço, e a partir de 2019 passou a apitar partidas também da Ligue 1. Ao longo da carreira, ela fez história em várias ocasiões, sendo a primeira árbitra principal de um jogo masculino na França, e também a primeira mulher a comandar uma partida de Champions League em 2020, e de Copa do Mundo masculina, em 2022.