Tuchel reforça coro de treinadores contra as reformas da Champions: “Não é mais qualidade, são mais jogos”
Alemão seguiu exemplo de Klopp e Guardiola e atacou novidades anunciadas pela Uefa na semana passada

Na véspera do jogo de ida pelas semifinais da reforma da Champions League, anunciada pela Uefa na semana passada em meio à batalha da opinião pública contra a proposta da Superliga Europeia, que acabou derrotada. O posicionamento de Tuchel vai ao encontro de críticas feitas por alguns de seus colegas, como Jürgen Klopp, do Liverpool, e Pep Guardiola, do Manchester City.
Em coletiva de imprensa nesta segunda-feira (26), antes do primeiro jogo da semifinal contra o Real Madrid, que acontece nesta terça (27), Tuchel apontou que a Superliga criou uma cortina de fumaça para que a Uefa avançasse com seus planos de mudanças na Champions League, criticando em especial a falta de diálogo com técnicos e jogadores, os principais afetados pelo novo calendário, que aumenta o número de partidas na primeira fase de seis para dez.
“Não tenho certeza se eu gosto (da reforma da Champions League). Tudo que vejo são mais e mais jogos, e, com o calendário que temos, é difícil para mim ficar feliz. Esta discussão sobre a Superliga nos fez esquecer que teríamos um novo formato da Champions League muito em breve. Eles perguntaram a algum treinador sobre isso? Acho que não, não perguntaram a mim. Perguntaram a qualquer jogador sobre isso? Acho que não”, criticou o alemão.
Para Tuchel, nos últimos anos, a criação de novas competições e formatos tem sido um problema, já que, em geral, não há consulta com os mais afetados pela sobrecarga de partidas. O treinador do Chelsea apontou ainda que essas novidades não se traduzem diretamente em maior qualidade, mas, sim, em um calendário mais lotado.
“Temos tantos novos formatos. A Liga das Nações, o novo Mundial de Clubes em breve. É muita coisa nova, muito mais jogos, mais times na Eurocopa neste verão. É apenas mais e mais jogos. Não é mais qualidade, são mais jogos. Quem é que vai jogar esses jogos? Na Premier League, temos apenas três substitutos, e é a competição mais difícil. Então, não, não estou feliz com este novo formato, nem um pouco, mas não estive envolvido (nas discussões).”
No fim da semana passada, Jürgen Klopp também atacou a reforma da Champions League, seguindo linha parecida com a de Tuchel. “Todos sabem a minha opinião sobre ter mais partidas. A Superliga não está mais em discussão, o que é bom, muito bom. Mas não é por isso que a nova Champions League é ótima. Dez partidas em vez de seis, não sei onde vamos encaixá-las. Talvez a Uefa pedirá a anulação de uma Copa da Inglaterra ou irá querer 18 equipes na Premier League. As únicas pessoas que jamais são consultadas são os treinadores, os jogadores e os torcedores”, queixou-se o técnico do Liverpool.
Guardiola, por sua vez, ironizou os órgãos que comandam o futebol europeu e mundial e demonstrou frustração com a falta de poder que treinadores e jogadores têm nas discussões por novos torneios e formatos.
“Devemos pedir à Uefa e à Fifa para prolongar o ano. Temos 365 dias, talvez consigamos encontrar 400 dias por anos. Não sei, sinceramente. O negócio é deles. Nós damos nossa opinião, não podemos fazer nada. Se eles decidem que haverá dez partidas, então haverá dez partidas, o show tem que continuar. O meu trabalho é jogar o melhor possível, garantir que os jogadores se comprometam com o que temos que fazer e ganhar o máximo de títulos possível. Se a Copa do Mundo terá 56 times, ela terá 56 times, o que podemos fazer?”
Na terça-feira passada, Ilkay Gündogan, também do Manchester City, foi o primeiro jogador de grande projeção a questionar a reforma da Champions League. “Com tudo isso da Superliga acontecendo, podemos, por favor, falar sobre o novo formato da Champions League? Mais e mais e mais jogos, e ninguém está pensando em nós, jogadores? O novo formato da Liga dos Campeões é apenas o menor de dois males em comparação com a Superliga”, escreveu o jogador em sua conta no Twitter.
Anunciada na última segunda-feira (19), a reforma da Champions League prevê, no lugar da fase de grupos atual, uma fase de liga única, com cada equipe fazendo dez partidas, e os oito melhores times avançando às oitavas de final. Do 9º ao 24º lugares, haveria um playoff de jogo único para se definir os outros oito qualificados. Dali em diante, o formato seria parecido com o que temos atualmente. No mesmo anúncio, a Uefa explicou que alguns aspectos da reforma ainda poderiam ser alterados, como, por exemplo, os controversos critérios de acesso às quatro novas vagas criadas para a competição, que já têm feito dirigentes se mexerem para formar uma oposição.