Champions League

Pacto renovado: Real é pior que o City, mas com Lunin inspirado avança nos pênaltis

Após empate por 1 a 1 em 120 minutos, Real Madrid elimina campeão Manchester City nos pênaltis

Nenhum clube europeu soube, sabe ou saberá jogar a Champions League como o Real Madrid. A competição europeia nasceu para os espanhóis, e a volta das quartas de final nesta quarta-feira (17) comprova isso – talvez pela centésima vez. O Manchester City dominou quase que todos os 120 minutos, criou mais e mesmo assim não conseguiu marcar mais do que um gol nos Blancos, que seguraram o 1 a 1 até as penalidades. Na marca da cal, quem brilhou, novamente, foi Andriy Lunin, goleiro ucraniano que já estava voando.

Os Citizens até começaram bem as cobranças: converteram com Julián Álvarez, enquanto estranhamente Luka Modrić bateu mal e Ederson pegou. Porém, Bernardo Silva decidiu ir na bola de segurança no meio do gol e viu o arqueiro do Madrid encaixar facilmente. A confiança que faltava para Real converter todas as seguintes, e Lunin brilhar de novo ao intervir batida de Matteo Kovacic. No fim, Antonio Rüdiger cravou e confirmou a classificação para semifinal, na qual enfrentará o Bayern de Munique, com ida marcada para 30 de abril ou 1º de maio e a volta em 7 ou 8 do próximo mês.

Como aconteceram os gols de Manchester City x Real Madrid

Mesmo vendo o adversário monopolizar a bola, o Real Madrid abriu o placar aos 11 do primeiro tempo com um lance genial de Jude Bellingham. Um lançamento de Daniel Carvajal veio no meio-campo, o meia inglês dominou driblando um, passou por outro e acionou Fede Valverde, que serviria Vinicius Júnior em profundidade. De brasileiro para brasileiro, Rodrygo teve que finalizar duas vezes para superar Ederson. Era o 4 a 3 no agregado, pois a ida terminou 3 a 3.

No entanto, água mole em pedra dura, tanto bate até que fura. O empate azul veio após muita pressão e domínio aos 30 do segundo tempo. Em uma longa posse de bola, Rodri inverteu para Jérémy Doku na medida, que partiu para cima de Carvajal e cruzou. Antonio Rüdiger afastou mal e a bola sobrou na medida para Kevin de Bruyne cravar. O belga chegou a 21 participações em gols nos últimos cinco mata-matas de Champions.

Tática dos times: Ancelotti mantém o que dá certo

Carlo Ancelotti decidiu manter a estrutura de ataque com Rodrygo como ponta esquerda e Vinicius Júnior de ataque (a Trivela analisou essa mudança tática). Quando acionados, os brasileiros fizeram um bom papel, assim como Bellingham, de meia/atacante próximo da dupla. Para substituir o suspenso Aurélien Tchouaméni, Nacho Fernández entrou na defesa.

Pep Guardiola não inovou muito. De Bruyne voltou, John Stones saiu, Kyle Walker entrou para fazer essa cobertura defensiva na direita e Manuel Akanji efetuou, até que bem, a função de ser esse volante com a bola, como faz o zagueiro inglês. No ataque, aí o técnico catalão manteve algo do primeiro tempo da ida que não deu certo. Phil Foden ficou isolado na ponta direita, como o cara da amplitude e do 1 x 1, e não foi bem. O jovem inglês tinha desempenhado melhor com liberdade para flutuar para dentro e Bernardo Silva exercendo essa função de lado. Essa troca de posição só foi acontecer na etapa final.

1º tempo começa diferente, mas City reage após gol

Foi um início de primeiro tempo um tanto estranho. Ninguém parecia querer correr riscos. O Real abusou de lançamentos para sair do campo de defesa para impedir que perdesse a bola em um local sensível. Enquanto isso, quando tinha a posse, o City basicamente se defendia com a posse e não tentava finalizar as jogadas.

Isso só foi mudar depois do gol espanhol, que aí, sim, o time da casa passou a monopolizar as ações ofensivas. A atuação de Kevin de Bruyne era um capítulo a parte. O belga era muito perigoso em tudo que tentava. Quando arriscou de longe, ou a bola passava perto do gol, ou Andriy Lunin tinha que intervir, como fez aos 27 minutos em batida cruzada. Ele também tentava assustar em escanteio: cobrou dois diretos na direção do goleiro ucraniano, que teve que espalmar nas duas vezes. O craque do City ainda causa dor de cabeça no rival quando descia pela direita da área. Por lá cruzou, Lunin soltou, e em outro cruzamento Erling Haaland cabeceou no travessão – Bernardo Silva quase pegou o rebote que seria decisivo.

Jack Grealish também fazia um trabalho interessante à esquerda ou flutuando por dentro. No meio, recebeu certa vez, carregou para área e bateu de bico com desvio, vendo a bola passar pertinho. Quando foi acionado na ponta após boa jogada de Haaland, o inglês carregou até a área e na hora de finalizar foi bloqueado por Antonio Rüdiger.

O Real não fez um grande jogo após abrir o placar. Apesar de ir bem em alguns momentos defensivos, cedeu chances ao rival e pouco atacou. Em rara escapada de Vini Jr, o camisa sete, no meio de três defensores, achou um passe mágico para Daniel Carvajal na entrada da área. Porém, o espanhol mandou em cima da marcação.

Manchester mantém nível para sair com empate na etapa final

O segundo tempo pareceu uma extensão ao primeiro: City dominante, criando chances, e o Real nem pisando no campo de ataque. Até o gol, Grealish e Foden tentaram, mas foram parados por Lunin. O goleiro ucraniano só seria superado nesse início pelo colega Nacho Fernández, que, pressionado por Haaland, driblou o arqueiro antes de afastar pela linha de fundo.

Os azuis de Manchester marcaram em momento que até tinha perdido o ímpeto. E ainda De Bruyne teve nos pés a chance virar ao receber um cruzamento rasteiro na medida, só que na hora de tirar um 10, mandou por cima da meta de Lunin.

O gol do belga fez o Real sair um pouco mais do campo de ataque, mas nada que causasse perigo contra Ederson. O máximo que o goleiro brasileiro fez foi encaixar um cruzamento rasteiro de Valverde. Após os quatro de acréscimos, veio a prorrogação.

Prorrogação tem mesmo cenário, com físico pesando

Incrivelmente, Guardiola tirou seu batedor de pênaltis, Haaland, para entrada de Julián Álvarez no início da prorrogação.

Como esperado, os 30 minutos finais foram todos do lado azul, mesmo que com menor intensidade. Foden teve a chance do jogo ao receber cruzamento rasteiro na área, mas furou quando foi bater de canhota. Lunin seguiu sendo essencial com as saídas do gol em cruzamentos, enquanto Doku dava dor de cabeça pelos lados do campo.

O Real chegou poucas vezes ao ataque. Vini poderia ter levado perigo em escapada rápida, só que Kyle Walker, na sua especialidade, ganhou na velocidade e no físico. Depois, um cruzamento que Akanji afastou muito mal, deixou Rudiger na cara de Ederson, mas o alemão zagueirou, e mandou a bola por cima do gol.

Foto de Carlos Vinicius Amorim

Carlos Vinicius AmorimRedator

Nascido e criado em São Paulo, é jornalista pela Universidade Paulista (UNIP). Já passou por Yahoo!, Premier League Brasil e The Clutch, além de assessorias de imprensa. Escreve sobre futebol nacional e internacional na Trivela desde 2023.
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