Duas viradas e seis gols: Real e City entregam tudo e empate é o mais justo
Golaços de fora da área definem jogaço entre Real Madrid e Manchester City pela ida das quartas da Champions

Muitas vezes um jogo de futebol pode nos decepcionar tamanha a expectativa, mas o clássico mais espetacular do futebol europeu nos últimos anos entregou tudo que prometeu nesta quarta-feira (9), no Santiago Bernabéu. Só o placar de 3 a 3 já diz muito, mas as viradas para os dois lados, o Real Madrid sendo mortal no contra-ataque e os golaços de fora da área do Manchester City dão todo tempero em um dos melhores jogos do mundo nesta temporada.
A ida das quartas de final da Champions League começou pendendo para o lado inglês, que dominou e precisou de um minuto e 59 segundos para abrir o placar. Em falta na intermediária que veio após contra-ataque puxado por Jack Grealish, Bernardo Silva viu que Andriy Lunin estava adiantado, só tinha um homem na barreira e cobrou direto para o gol. O ucraniano até tocou, mas a bola entrou de todo jeito.
Os Citizens foram bem melhores por 10 minutos, até que um tal de Eduardo Camavinga teve muito espaço de fora da área, arriscou e viu a bola desviar em Rúben Dias antes de entrar. O rival sentiu, e o Real sentiu gosto de sangue. Em contra-ataque veloz, Vinicius Júnior acionou Rodrygo pelo corredor esquerdo, atacando as costas da defesa. Só poderia terminar com gol do Rayo, que após invadir a área levou para direita e chutou – com outro desvio – para superar Stefan Ortega.
O visitante sentiu e só conseguiu mudar essa realidade no segundo tempo, quando dois golaços de fora da área mudaram o roteiro da partida. Para empatar, Phil Foden, na meia-lua, mandou um foguete no ângulo. Depois, um improvável Josko Gvardiol por dentro levou para perna direita, teoricamente a “errada”, e bateu colocado sem chances para Lunin.
Incrivelmente, o Real teve forças, em outro golaço, para igualar. Luka Modrić saiu do banco para iniciar a jogada do terceiro gol espanhol, acionando Vini pela esquerda. O brasileiro cruzou para o outro lado da área e Fede Valverde chegou para pegar de primeira, perfeito. Tudo aberto para a partida de volta, que acontece no Etihad Stadium já na próxima semana, no dia 17.
? @RealMadrid 3-3 @ManCityES
⚽ 2' Bernardo Silva
⚽ 12' Rúben Dias (p. p.)
⚽ 14' @RodrygoGoes
⚽ 66' Foden
⚽ 71' Gvardiol
⚽ 79' @fedeevalverde#UCL pic.twitter.com/xsENlPtEFK— Real Madrid C.F. (@realmadrid) April 9, 2024
O ajuste tático de Ancelotti, e o City se adaptando às ausências
A inovação de Ancelotti para hoje não foi na escalação, mantida no 4-4-2, e sim na função dos homens de frente. Rodrygo entrou como ponta esquerda ao invés da função mais fixa na dupla de ataque. Com isso, Vinicius Júnior atuou mais por dentro, ao lado de Jude Bellingham. Essa movimentação foi exatamente o que resultou no segundo gol do Madrid: Vini, pelo meio, acionando o Rayo em velocidade pelo setor canhoto do campo, onde saíram as melhores jogadas, também com influência de Ferland Mendy, se aproveitando do desfalque de Kyle Walker. Na defesa, vale citar a opção do volante Aurélien Tchouméni – hoje amarelado e fora do próximo jogo – ao invés de Nacho Fernández.
Guardiola teve de última hora a ausência de Kevin de Bruyne, com problemas intestinais. Com isso, Matteo Kovacic entrou no meio, ao lado de Rodri e Phil Foden – este, alternando amplitude pela direita com Bernardo Silva. O técnico catalão já não contava com Walker e Nathan Aké, mas, ao menos, conseguiu ter Josko Gvardiol (era dúvida), e assim Manuel Akanji foi o lateral-direito. No momento ofensivo, o zagueiro John Stones dava um passo à frente para jogar de volante, enquanto a saída de três era feita por Rúben Dias, Akanji e Gvardiol.
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1º tempo cumpre todas as expectativas
O 1º tempo teve um início avassalador do Manchester City, resultando no improvável gol de Bernardo Silva e, por pouco, Erling Haaland não marcou o segundo ao bater cruzado em rara subida ao ataque de Gvardiol. No entanto, os Citizens não fizeram mais nada de muito perigoso após isso.
Com 11 no relógio, o Real, em uma posse longa, viu Camavinga contar com sorte para diminuir. O nocaute do rival veio menos de dois minutos depois: Jack Grealish cruzou nas mãos de Andriy Lunin, que não quis saber de segurar a bola e já acionou Vini. Outro desvio, dessa vez de Akanji, fez o chute rasteiro de Rodrygo tomar o rumo das redes.
Ficou evidente como o City sentiu o impacto do gol. A equipe de Guardiola até teve, como de praxe, a bola em boa parte do tempo, mas estava um tanto nervoso para ter a paciência necessária para abrir a defesa adversária. Sorte do Real, que voltaria a puxar perigosíssimos contra-ataques pela esquerda. Em dois, Ortega se saiu bem ao encaixar, enquanto quando Vini e Rodrygo fizeram linda tabela desde a defesa, com direito a passe de letra, e o Rayo pegou na “orelha da bola” quando ia se consagrar e mandou para fora.
Embate entre Rüdiger e Haaland chama atenção de novo
Como aconteceu na ida de maio de 2023, o duelo individual entre o zagueiro do Real e o centroavante do City foi um capítulo à parte. Antonio Rüdiger repetiu o trabalho espetacular em não dar espaço para Haaland, que só teve 20 toques na bola durante todos os 90 minutos. O alemão perseguia o rival individualmente por todo o campo e se impôs fisicamente de forma perfeita.
Rüdiger vs Haaland. pic.twitter.com/rCbE6cVN8r
— Madrid Xtra (@MadridXtra) April 9, 2024
Manchester City acorda com golaços, mas Real iguala com Valverde
O início da etapa final manteve o roteiro anterior: um City ainda nervoso e pouco efetivo, enquanto o dono da casa forçava os erros do rival para atacar rápido. Guardiola fez um ajuste para etapa final ao prender Bernardo na direita e garantir que Foden trabalhasse por dentro. Foi lá que recebeu de Stones, acertou o ângulo e deixou tudo igual. Do outro lado, pela esquerda, Gvardiol subiu de novo por dentro, agora sendo acionado por Grealish, e chapou na medida.
No abafa final, Valverde igualou e por pouco, de novo, o Real não virou o placar. Bellingham, no meio dos dois zagueiros, quase concluiu, mas Stones, em grande dia, brilhou para afastar antes do meia inglês cravar o quarto.
Apenas quatro minutos de acréscimos deu um gostinho de quero mais, mas, para o bem do futebol, teremos mais 90 minutos (ou 120) na próxima semana.