Champions League

Imprevisibilidade e equilíbrio: PSG e Barcelona medem forças em um dos confrontos mais interessantes da Champions League

Em crescente evolução com Luis Enrique, PSG desafia o confuso e motivado Barcelona de Xavi, que quer deixar o clube com o principal título da Europa na bagagem

Na manhã desta sexta-feira (15), a UEFA sorteou os confrontos das quartas de final da Champions League. Quis o destino que Paris Saint-Germain e Barcelona se encontrassem novamente, dois anos depois do último embate entre as equipes pela competição. Naquela ocasião, em 2020/21, os parisienses levaram a vaga (rumo às quartas de final) com grande superioridade: o placar agregado ficou em 5 a 2 e rolou até uma goleada de 4 a 1 dos franceses em pleno Camp Nou.

Em 2024, o cenário é outro. Não há um claro favorito no embate e os jogos prometem ser altamente disputados, como uma quartas de final de Champions League pede. A partida de ida será realizada no Parque dos Príncipes (Paris), dia 10 de abril, enquanto a volta, marcada para 16 de abril, terá o Estádio Olímpico Lluís Companys (Barcelona) como palco.

Uma reunião de craques e jovens talentos: assim pode ser definido o confronto entre PSG e Barcelona. Se vai dar caldo, nós ainda não sabemos. Mas fato é que os ingredientes, fresquinhos diga-se de passagem, estão postos à mesa. Mbappé, Barcola, Zaire-Emery, Dembélé e Donnarumma de um lado. Lewandowski, Gündoğan, Lamine Yamal, Raphinha e Ter Stegen do outro. A expectativa é a melhor possível. A conferir o que sairá disso…

Destaques e números do PSG

Aos que duvidaram, Luis Enrique faz uma bela primeira temporada à frente do PSG. A equipe parisiense pode não encantar, mas se mostrou altamente competitiva, eficiente e muito difícil de ser superada. Na Ligue 1, por exemplo, caminha a passos largos rumo ao tricampeonato consecutivo. São 56 pontos ganhos contra 46 do vice-líder Stade Brestois. De quebra, na última quarta-feira (13), o clube da capital francesa bateu o Nice no Parque dos Príncipes, avançou à semifinal da Copa da França e manteve vivo o sonho da tríplice coroa, algo até então inédito na história da instituição.

Vivo em três frentes e decidido a lutar por todos os troféus em disputa, o Paris terá um final de temporada bastante movimentado. Apesar da alta exigência, o time de Luis Enrique já deu sinais positivos em campo e provou que pode surpreender. Sim, a palavra “surpreender” ilustra bem o atual status do PSG na Champions League. Afinal, se nos últimos anos o clube francês foi apontado como um dos principais favoritos – pelo fato de não poupar esforços financeiros no mercado de transferências e reunir craques renomados – em 2023/24 a história é bem diferente. Não diria azarões, mas os parisienses estão bem longe dos holofotes nesta temporada.

Até aqui, englobando todas as competições (Champions League, Ligue 1, Copa da França e Supercopa da França), o Paris Saint-Germain disputou 38 jogos na atual temporada. Obteve 25 vitórias, 10 empates e apenas três derrotas, com 90 gols marcados e 33 sofridos. O grande destaque não teria como ser outro: Kylian Mbappé. No auge de seus 25 anos, o atacante vive sua última temporada pelo clube e quer se despedir conquistando aquilo que já se tornou obsessão da torcida parisiense: o título da Champions League. Artilheiro da equipe em 2023/24, Mbappé ostenta a excelente marca de 35 gols anotados em 36 jogos, além de sete assistências concedidas.

Destaques e números do Barcelona

Diferente do PSG, o Barcelona não briga por todos os títulos em sua temporada. Eliminado pelo Athletic Bilbao nas quartas de final da Copa do Rei, os Culés não fazem campanha de destaque em La Liga, apesar dos números não serem ruins. Com 61 pontos conquistados após 28 rodadas (18 vitórias, sete empates e três derrotas), o clube catalão ocupa a terceira colocação do certame, atrás da grande sensação Girona (vice-líder com 62) e do arquirrival Real Madrid (líder com 69). Dito isso, restou ‘somente' a Champions League a Xavi Hernández e seus comandados. Logo ela, grande sonho de consumo dos principais gigantes do futebol europeu.

Irregular e confuso são duas palavras que ilustram bem o que é o 2023/24 do Barcelona até aqui. Ainda que as estatísticas em La Liga não sejam ‘dignas' de críticas, o desempenho da equipe em diversos momentos na temporada foi. Queda precoce na Copa do Rei, goleada acachapante na final da Supercopa da Espanha, derrotas nos confronto diretos contra Real Madrid e Girona em La Liga. A lista de decepções é grande. Tão grande que Xavi não aguentou a pressão e comunicou que deixará o clube ao término da temporada. Além de tudo isso, o Barcelona atravessa uma crise financeira sem precedentes, o que também acaba respingando dentro de campo e prejudicando o trabalho da comissão técnica e do plantel de jogadores.

Dito tudo isso, o Barcelona é tão grande que conseguiu, sob muita dificuldade e desconfiança, alcançar as quartas de final da Champions League. E o desempenho no jogo de volta das oitavas foi animador. Diante do Napoli, os Culés contaram com mais uma boa apresentação da joia Lamine Yamal, de apenas 16 anos, o faro de gol de Lewandowski e uma atuação coletiva sólida e madura. Xavi certamente ficou orgulhoso. O trabalho do ídolo à frente da equipe catalã é bastante contestado por boa parte da torcida, mas quem sabe ele não consegue dar a volta por cima nesse sprint final de temporada e guiar o Barça rumo ao sexto título de Champions. Camisa e tradição não faltam para o clube.

PSG vive momento melhor, mas Barcelona tem o trunfo de decidir em casa

Apontar um favorito para o duelo entre PSG x Barcelona não é uma tarefa fácil. Ambas as equipes vêm em ascensão na temporada e prometem dar tudo de si dentro das quatro linhas. Como citado acima, o Paris se mostrou um time mais confiável ao longo de 2023/24. O enorme protagonismo de Mbappé aliado às boas peças que Luis Enrique tem no elenco formam um coletivo forte, sobretudo no terço final de campo. O Barça, por sua vez, mescla experiência e juventude no elenco. De Gündoğan a Lamine Yamal, os Culés já provaram que podem alçar voos altos e superar adversários pesados.

A definição da eliminatória é na Catalunha e isso equilibra (ainda mais) o confronto. Não ousarei indicar um favorito. 50{62c8655f4c639e3fda489f5d8fe68d7c075824c49f0ccb35bdb79e0b9bb418db} a 50{62c8655f4c639e3fda489f5d8fe68d7c075824c49f0ccb35bdb79e0b9bb418db} e veremos o que acontece em abril.

A Trivela foi atrás de uma opinião externa e conversou com Fernando Campos, comentarista dos Canais ESPN. Para ele, o PSG, hoje, se mostra um time mais equilibrado e estruturado. Além disso, o fator Mbappé acaba desequilibrando o confronto a favor dos parisienses. Por outro lado, Fernando fez questão de frisar: o Barcelona tem mais tradição na Champions e possui margem de crescimento até a data do embate.

– Se a análise fosse em cima de tradição, a resposta seria fácil: o Barcelona era o favorito. Mas em cima do momento, atualmente eu acho o Paris Saint-Germain ligeiramente favorito nesse confronto. Muito equilíbrio, óbvio. Mas eu vejo um PSG mais trabalhador sem a bola na atual temporada. Não é mais talentoso do que quando a gente viu Mbappé, Messi e Neymar, porém é um time mais equilibrado, que consegue dar um conforto maior para o Mbappé desequilibrar. E ele é um grande craque, o grande líder da nova geração do futebol mundial. Hoje, para mim, é o jogador mais desequilibrante do planeta.

– E eu vejo um trabalho bem interessante, que vai amadurecendo com o Luis Enrique. Acho que é um time que tem o controle, a posse, mais consistente defensivamente e que sabe explorar a velocidade de caras como Dembélé e Mbappé. No momento, o Barcelona está muito desfalcado, sem Gavi, sem Pedri, sem De Jong, sem Balde. Ainda é um time desequilibrado e vulnerável defensivamente. Tem margem para evolução até a data do confronto, mas para não ficar em cima do muro, o Paris hoje tem Mbappé e um time um pouco mais estruturado e equilibrado.

Foto de Guilherme Calvano

Guilherme CalvanoRedator

Jornalista pela UNESA, nascido e criado no Rio de Janeiro. Cobriu o Flamengo no Coluna do Fla e o Chelsea no Blues of Stamford. Na Trivela, é redator e escreve sobre futebol brasileiro e internacional.
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