Champions League

Como craque do Arsenal pode inspirar Endrick em caso de saída do Real Madrid

Odegaard também chegou adolescente ao Real, mas foi brilhar de verdade longe de Madri

Endrick pode olhar para o duelo entre Arsenal e Real Madrid nesta terça-feira (8) pela Champions League e enxergar um futuro para uma carreira, caso não fique no gigante espanhol.

Diferentes veículos europeus publicaram nos últimos meses uma possível saída do brasileiro por conta de poucos minutos desde que chegou na Espanha (apenas cinco jogos como titular).

Mesmo que improvável no momento, deixar os Merengues não seria o fim do mundo para alguém talentoso como a cria do Palmeiras e ele poderia ter mais tempo em campo em outro time. Um bom exemplo disso é Martin Odegaard, hoje o principal jogador dos Gunners, mas que chegou muito novo ao Real e não conseguiu se firmar no time principal.

Como Endrick, Odegaard fechou com Real Madrid ainda adolescente

Assim que completou a maioridade lá estava Endrick desembarcando em Madri, como fez no passado os compatriotas Vinicius Júnior e Rodrygo. Odegaard, em janeiro de 2015, chegou ainda mais jovem: tinha apenas 16 anos.

O norueguês foi contratado como um prodígio, que estreou na seleção principal e no time profissional do Stromsgodset IF com só 15 de idade. À época, ele era sonho de consumo de outros gigantes, como Bayern de Munique, Manchester United e Barcelona.

Apesar de estrear na equipe principal em maio daquele ano, o meia veio para o time Castilla, à época treinado por Zinedine Zidane na segunda divisão. Entre 2015 e 2017, o jovem teve raros momentos no profissional e passou mais tempo no time B até ser emprestado três vezes seguidas para Heerenveen, Vitesse e Real Sociedad.

— Fizemos um plano com o clube: eu treinaria todos os dias com o time principal, mas jogaria regularmente com o time B. Pareceu um plano esperto na época, mas acabou que eu não encontrei meu lugar em nenhum dos grupos. Eu não estava regularmente com o time B e não encontrei aquela conexão. Na equipe titular, eu era apenas uma criança que vinha treinar. Não estava envolvido nos jogos. Eu me sentia alguém que vinha de fora — desabafou em carta ao portal “The Players Tribune”.

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Já na Holanda e com mais minutos, meia mostrou seu nível e manteve na Real Sociedad

Apesar do primeiro vínculo temporário de um ano e meio não ter dado tão certo, Odegaard mostrou sua qualidade no Vitesse ao terminar a temporada 2018/19 com 23 participações em gols em 39 jogos.

No País Basco, o norueguês seguiu confiante com os minutos que recebia e terminou a LaLiga 20/21 como um dos melhores na posição, nível que lhe rendeu um retorno ao Real Madrid após dois anos e meio emprestado.

A chance dele, porém, só durou alguns meses. Após poucas oportunidades sob comando de Zidane e ter sofrido com a Covid-19, o jogador foi emprestado ao Arsenal em janeiro de 2021 e comprado em definitivo no meio daquele ano.

Odegaard pelo time principal do Real Madrid:

  • 11 jogos (6 como titular), nenhum gol ou assistência
The football match of Group B of UEFA Champions League FC Shakhtar Donetsk vs Real Madrid FC, KYIV,
Martin Odegaard em ação pelo Real Madrid (Foto: Imago)

Ida ao Arsenal mudou Odegaard de patamar

Por Vitesse e Sociedad, Odegaard deu uma palinha daquele prodígio que chocou o mundo ao chegar no Real Madrid aos 16 anos. Na Inglaterra, ele finalmente mudou de patamar e se transformou em um dos melhores do mundo.

Junto da crescente do time coletivamente com Mikel Arteta, o meia passou a ser decisivo ao lado de outros jovens como Saka e Gabriel Magalhães. A equipe, após terminar em oitavo e quinto nos dois primeiros anos do jogador, foi vice-campeã duas vezes da Premier League nas últimas duas temporadas, sendo que liderou boa parte das competições — na última, terminou com 89 pontos, o suficiente para ser campeão em mais da metade das edições do campeonato na era moderna.

Ao mesmo tempo que brilhava pelo clube e virou um líder no elenco, ele também se tornou a referência da seleção da Noruega com Haaland, do Manchester City, e também ostenta a braçadeira de capitão

Odegaard, apesar de só receber as oportunidades que gostaria fora do Real Madrid, vê a passagem pelo gigante espanhol com gratidão pelo jogador que se tornou e sentiu que aconteceu cedo demais.

Por dois anos, ele terminou entre os 30 melhores do mundo na Bola de Ouro. Ficou em 28º em 2023 e 19º no ano passado entre os melhores do mundo da revista “France Football”.

— Cheguei ao Real Madrid e treinei com os melhores do mundo. Joguei com eles e aproveitei, mas precisava jogar, seguir crescendo. Talvez a oportunidade chegou cedo demais. Foi uma grande experiência. Minha passagem foi boa, uma etapa positiva. Aprendi a amadurecer e foi um grande aprendizado. Mas precisava jogar mais. […] Se não tivesse passado pelo Real, não teria chegado ao nível que tenho hoje. É o maior clube do mundo, e a pressão também existe — relembrou o meia em outubro de 2023.

Isso não quer dizer que ele não passou por maus momentos por lá. Em 2021, o atleta revelou ter se sentido solitário em sua passagem pelos Merengues por ser um jovem chegando em um país novo com uma cultura diferente.

— Houve muitos momentos difíceis tanto na primeira equipe quanto na segunda. Quando você está em um nível tão alto, não é tão fácil fazer amigos. Pelo menos não quando se é jovem e vem de outro país. Às vezes pode ser difícil. Não é fácil integrar-se no núcleo do vestiário. Você fica mais solitário. Não era a cultura de vestiário com a qual eu estava acostumado no Strømsgodset — disse ao canal norueguês “TV 2”.

Diferente de Odegaard, Endrick não passou pelo Castilla; Ancelotti nega saída

Endrick antes de jogo do Real Madrid
Endrick antes de jogo do Real Madrid (Foto: Imago)

Em comparação ao agora craque do Arsenal, Endrick, também por chegar a Madrid mais velho, pulou etapas e nem atuou pelo Castilla, ficou direto na equipe principal. O brasileiro já marcou sete gols, mesmo com média de apenas 19 minutos em 30 partidas. Com a adaptação natural de um jovem, a tendência é que o atacante ganhe cada vez mais minutos e possa mostrar o porquê valeu 72 milhões de euros (R$ 411 milhões na época).

Ancelotti vê como natural o processo de adaptação e os poucos minutos ao garoto. O italiano quer que ele, assim como Arda Güler (outro jovem com poucas partidas), fique no clube e se firme no futuro.

— Endrick fica aqui, assim como Güler. Pode ser que precisem de mais minutos, mas eu não devo nada a ninguém. Só tento colocar os melhores em cada jogo, tenham 18 ou 40 anos. Às vezes pode ser isso com Endrick, Güler ou outros. Temos que ser pacientes com os jovens. Trazem entusiasmo, mas, por serem jovens, também têm que aprender certas coisas. Eu não tenho problema com os jogos, na minha carreira já lancei jogadores de 17, 18 anos, desde que fosse o ideal para jogar as partidas — disse Carletto em dezembro do ano passado.

— Eu falo com Endrick e todos os jovens. […] É um processo [de adaptação] que tiveram todos os jogadores jovens como Vini Jr, Rodrygo ou Valverde. Precisa de tempo para se incorporar ao melhor elenco do mundo. A competição é alta, todo mundo tem que entender — reiterou em fevereiro deste ano.

Não há nenhuma indicação que o jogador revelado pelo Palmeiras saia do Madrid neste momento, inclusive, o staff reitera que o objetivo é permanecer por lá. Mas Odegaard também tinha essa vontade de ficar no clube espanhol, só que precisou sair para ganhar os minutos que o tornaram o grande jogador que é hoje.

O meia norueguês pela primeira vez jogará contra seu ex-clube pelo Arsenal — na Sociedad, perdeu duas partidas e não participou de gols. O jogo inicia a partir das 16h (horário de Brasília), no Emirates Stadium. A volta, no Santiago Bernabéu, acontece em 16 de abril, no mesmo horário.

Foto de Carlos Vinicius Amorim

Carlos Vinicius AmorimRedator

Nascido e criado em São Paulo, é jornalista pela Universidade Paulista (UNIP). Já passou por Yahoo!, Premier League Brasil e The Clutch, além de assessorias de imprensa. Escreve sobre futebol nacional e internacional na Trivela desde 2023.
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