Champions League

Ausência de Bellingham é mais um teste para Ancelotti, que tem tirado de letra as lesões no Real Madrid

Variação de jogo, mobilização do elenco: Carlo Ancelotti tem dado aula nesta temporada pelo Real Madrid

São quase 30 anos de carreira à beira do campo para Carlo Ancelotti e não seria nenhum absurdo dizer que a temporada atual é uma das melhores do italiano. Seja nos aspectos táticos, seja na gestão do grupo, o experiente treinador tem dado aula em, mesmo com muitas adversidades, achar soluções e manter o Real Madrid extremamente competitivo. Campeão da Supercopa da Espanha com direito a humilhação sobre o rival Barcelona, o time agora lidera La Liga de forma isolada ao bater o Girona por 4 a 0 no último final de semana. Nesta terça-feira (12), o comandante terá um desafio gigante a superar nas oitavas de final da Champions League contra o RB Leipzig: a ausência do artilheiro Jude Bellingham, autor de 20 gols, que sofreu uma entorse no tornozelo.

Não será uma tarefa simples, ainda mais por ser um jogo de Champions, mas dá para dizer que Ancelotti enfrentou cenários mais complexos. No último sábado (10), por exemplo, montou sua dupla de zaga com o volante Aurélien Tchouaméni e o lateral-direito Daniel Carvajal porque Antonio Rüdiger e Nacho Fernández não tinham condições, além das lesões de longo prazo que tiram Éder Militão e David Alaba praticamente até o fim da temporada. O time não sofreu gols e venceu uma “final” pelo Campeonato Espanhol. Nacho deve ficar à disposição para hoje, mas Ancelotti não descarta manter a defesa sem zagueiros, principalmente pelo desempenho do lateral.

– Carvajal se saiu muito bem como zagueiro. Vou tirá-lo de lá? – questionou Ancelotti na entrevista coletiva prévia ao confronto.

Sobre a posição de Bellingham, há pistas do que pode ser feito. Em novembro do ano passado, uma lesão no ombro do inglês o tirou de duas partidas. Quem o substituiu foi o espanhol Brahim Díaz, que tem sido uma arma importante vindo do banco de reservas. Há a possibilidade do centroavante Joselu entrar e montar o time no 4-3-3, com Vinicius Júnior na ponta esquerda e Rodrygo na direita.

– [Sobre quem vai substituir Bellingham] É uma pista que ele [Brahim] jogou quando Jude não estava. Também considero Joselu… – detalhou o italiano.

Ancelotti mostra repertório tático nesta temporada (Foto: Icon Sport)

Tudo isso mostra o repertório apresentado por Ancelotti ao longo da temporada. Iniciou 2023/24 sem um centroavante como Karim Benzema, que foi ao futebol saudita. Saiu do 4-3-3 de antes para um 4-3-1-2, com Bellingham como esse meia atrás de Vini e Rodrygo. Foi assim que o inglês desandou a fazer gols, às vezes mostrando o faro das redes de um autêntico nove.

Depois, passou para um 4-4-2, o esquema de hoje, aí Bellingham e Federico Valverde são os meias pelos lados, mas no momento ofensivo centralizam e deixam os corredores para Vinicius Júnior e Carvajal (ou Lucas Vázquez). Há muita rotação e variação. Quando Vini não está, Rodrygo vira o ponta pela esquerda. Joselu pode ser o nove bom no jogo aéreo, característica única no elenco. Além das trocas no meio envolvendo Luka Modric, Toni Kroos, Valverde, Tchouaméni e Eduardo Camavinga – o último vira até lateral-esquerdo dependendo da situação física de Ferland Mendy e Fran Garcia.

Questões que evidenciam a ótima gestão de grupo de Ancelotti, que tem o elenco em suas mãos. Como convencer um ponta virar um centroavante, um volante jogar de lateral ou zagueiro, ou as diversas variações táticas que aconteceram. Ele detalhou o processo de entender junto do atleta se poderá exercer ou não a função.

– Convencê-los é muito importante, mas você deve considerar se conseguirá fazê-lo. O jogador é muito claro, quando você fala com ele você entende se ele quer ou não. Quase todo mundo me disse que não tem problema. Não coloco se não quiserem, nem coloco uma estratégia que não lhes agrada… Convencer sim, forçar não – revelou.

Com o título da Champions ou não, é uma das grandes, se não a maior, temporada da carreira de Ancelotti. Um técnico, por vezes diminuído a apenas um gestor de egos no vestiário, mostrou, com cada sutil mudança de função ou de formação, todo seu repertório tático.

Foto de Carlos Vinicius Amorim

Carlos Vinicius AmorimRedator

Nascido e criado em São Paulo, é jornalista pela Universidade Paulista (UNIP). Já passou por Yahoo!, Premier League Brasil e The Clutch, além de assessorias de imprensa. Escreve sobre futebol nacional e internacional na Trivela desde 2023.
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