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Simeone escreveu linda carta a Aragonés: “Você é a única pessoa que pode me entender”

No último sábado, argentino chegou a 613 jogos no comando do Atlético de Madrid e superou a lenda Aragonés como o técnico que mais vezes dirigiu o clube

Diego Simeone dirigiu o Atlético de Madrid pela 613ª vez no último sábado e bateu o recorde de partidas de um mesmo técnico à frente do clube. Essa marca pertencia a outra lenda colchonera, Luis Aragonés, que morreu em 2014 e, além de uma passagem relevante como jogador, teve quatro no banco de reservas do velho Vicente Calderón.

Antes da partida contra o Sevilla, com uma goleada por 6 a 1 para deixar a festa completa, Simeone publicou uma carta aberta em homenagem a Aragonés, com o qual trabalhou brevemente no Sevilla no começo de dos anos 1990 e, como disse no texto, um dos poucos homens que podem compreender o que ele sente como o zelador de um sentimento tão especial quanto o de fazer parte da família do Atlético de Madrid.

Querido Luis,

Você sabe mais do que ninguém que não sou alguém que gosta desse tipo de coisa – exibir meus sentimentos em público assim, mas, hoje eu quero fazê-lo. Eu quero fazê-lo para dizer a você que estou começando esta carta quase com lágrimas nos olhos, com um grande sentimento de emoção, mas, acima de tudo, com respeito.

É difícil acreditar que amanhã (sábado) eu passarei o seu número de jogos: 612 – uma quantidade que ainda compartilhamos no comando do nosso amado Atleti. Será um dia que tenho certeza que nunca esquecerei. Como aquele outro dia que eu nunca esquecerei – quando estávamos conversando durante o tempo que passamos juntos no Sevilla, você como técnico e eu como jogador. Eu mencionei para você que o Atlético de Madrid queria me contratar. Sua resposta foi imediata: Então o que você está esperando? Desde aquele dia, quase 29 anos se passaram, Luis, mas mesmo naquela época eu conseguia sentir o amor e a paixão que você tinha por este clube e que, graças a pessoas como você, tantos e tantos herdaram depois.

Amanhã (sábado), eu sentarei novamente naquele banco que nos trouxe tanta felicidade e alegria. Eu penso nisso e ainda não parece real, mas posso dizer a você, com grande orgulho, que eu me sinto imensamente privilegiado por conseguir seguir o seu caminho, o nosso caminho. Eu gostaria que você soubesse que durante todos esses últimos anos eu tentei dar o melhor que eu tinha para dar.

Você me conhece bem e sabe que meu senso de responsabilidade e compromisso não poderia ser maior. Eu faço (o trabalho) e continuarei fazendo-o cheio de esperança e com o maior respeito por este clube e por todos os torcedores do Atlético que me deram tanto afeto e continuam a fazê-lo. Porque nós temos sorte de pertencer a uma família, à família do Atlético, que, para nós, é um estilo de vida. Eu nunca conseguirei expressar completamente o quão grato sou a eles.

Durante todo esse tempo, eu tive muita sorte, Luis. Eu tive a sorte de sempre ter jogadores que mostram fome, compromisso, dedicação e, acima de tudo, que acreditam na nossa ideia, seguem nossa ideia e isso permitiu que eles e o clube crescessem. Tanto eu quanto você sabemos que isso é uma das coisas mais difíceis de conseguir nesta profissão.

Eu também tenho muita sorte de ter tido colegas ao meu lado que me tornaram um técnico melhor; você sabe quanto é importante poder contar com uma boa comissão técnica – como a que sempre me acompanhou. E todas essas pessoas dentro do nosso clube que se identificaram com nosso projeto e enriqueceram nosso trabalho todos os dias.

E, claro, nada disso seria possível sem a determinação e a confiança de Miguel Ángel Gil, Enrique Cerezo e o resto dos diretores que nos acompanham e nos apoiam. Luis, minha filosofia sobre a importância de um forte sistema de apoio é maior do que nunca porque é tudo graças a eles que ainda estamos aqui.

Então, querido Luis, os valores de pessoas como você, e tantos outros que deixaram um legado neste clube, é o que nos inspira a continuar competindo e dando nossa parte à causa. Eu sei que o Atleti foi a sua vida e você sabe que o Atleti é a minha também. E é por isso que não quero que este momento passe despercebido porque eu sei que você é a única pessoa que pode me entender.

Foto de Bruno Bonsanti

Bruno Bonsanti

Como todo aluno da Cásper Líbero que se preze, passou por Rádio Gazeta, Gazeta Esportiva e Portal Terra antes de aterrissar no site que sempre gostou de ler (acredite, ele está falando da Trivela). Acredita que o futebol tem uma capacidade única de causar alegria e tristeza nas mesmas proporções, o que sempre sentiu na pele com os times para os quais torce.
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